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Gears of War 4 estreia no Xbox One e Windows 10 com nova casa e protagonista, mas ação de sempre

Primeiro jogo exclusivo da franquia para Xbox One (e Windows 10) é também o primeiro produzido pelo novo estúdio The Coalition - e nós já jogamos.

por Daniel Junqueira

Em novembro de 2006, os donos do Xbox 360 ganharam um dos jogos que se tornaram característicos da linha de consoles da Microsoft. Gears of War, produzido pela Epic Games, não foi só um excelente jogo de tiro em terceira pessoa para a geração de consoles que dava seus primeiros passos, como também definiu muito do que vimos nos jogos do gênero nos anos seguintes. Dez anos depois, Gears of War se prepara para estrear no Xbox One, agora sob nova direção, mas mantendo o espírito dos títulos anteriores.

Gears of War 4 é o primeiro jogo da série produzido inteiramente para o Xbox One – no ano passado, a Microsoft lançou uma remasterização do primeiro jogo da franquia – e é também o primeiro que não tem a Epic Games como sua desenvolvedora. Em 2014, a Microsoft comprou os direitos da série da Epic Games e deu uma nova casa à franquia: o estúdio The Coalition, formado em Vancouver (Canadá) especialmente para cuidar da série.

Na semana passada, fiquei dois dias nos escritórios do The Coalition, onde tive a oportunidade de jogar um pouco do novo Gears of War, além de conversar com alguns dos principais nomes envolvidos no desenvolvimento do jogo.

Para os fãs da série que de alguma forma estejam preocupados com os rumos de Gears of War 4, uma excelente notícia: tudo o que o jogo sempre teve de bom está de volta em GoW 4. Os controles são perfeitos, a ação é frenética e frequentemente você vai se encontrar em meio a batalhas imensas contra exércitos gigantes de inimigos. Ah, e os modos de multiplayer que tanto amamos também estão de volta, inclusive o modo Horda que ficou um pouco mais estratégico, mas continua sendo desafiador e divertido.

Fazendo o que tem que ser feito

Nos três primeiros Gears of War lançados para o Xbox 360, o jogador controlava Marcus Fenix; mas para o quarto jogo da franquia, um novo protagonista foi introduzido: é J.D. Fenix, o filho de Marcus. GoW 4 se passa 25 anos após os acontecimentos de GoW 3 no mesmo planeta Sera.

O mundo ainda se recupera da guerra passada, e a humanidade é controlada pela Coalition of Ordered Governments (COG) de maneira quase que totalitária, com cidades dentro de muros para proteger os cidadãos dos perigos de fora. Nem todo mundo concorda com isso, e parte dos sobreviventes formam um grupo conhecido como “Outsiders”, que vivem em regiões longe do controle do COG.

Alguns sumiços misteriosos de pessoas ligadas ao COG são vinculados aos Outsiders, e aí a treta começa: a vila onde J.D. vive junto com seus amigos Kait e Del é atacada, e esses três são os únicos sobreviventes. Eles então saem em busca de Marcus para saber o que fazer.

A história do jogo vai se passar em um período de 24 horas, e os produtores prometem muitos mistérios e a retomada do clima de horror do primeiro jogo. O mundo de Sera está em recuperação e é bastante perigoso: apesar de algumas plantas já começarem a surgir e o verde aos poucos reconquistar o planeta, o clima está descontrolado e tempestades de raios e vento são frequentes. Para piorar, logo no começo da aventura, aparece uma nova ameaça misteriosa: monstros que saem de casulos e parecem ficar mais inteligentes com o passar do tempo.

Você vai passar muito tempo atirando em robôs e monstros. E entre um tiroteio e outro, também vai precisar derrubar um avião enquanto dirige uma moto. É uma loucura, mas quem curte a série já espera essas coisas (e não vai se decepcionar!).

A relação entre J.D. e Marcus vai ser um dos pontos principais da trama. Por mais que J.D. tente não seguir os passos do pai, ele acaba sendo levado a isso. O relacionamento dos dois é um pouco conturbado no começo do jogo: eles não se viam há algum tempo e parece que alguma coisa aconteceu entre eles no passado. Mas, como pai e filho, eles têm algo em comum: tanto Marcus quanto J.D. fazem o que precisa ser feito.

“Marcus Fenix era um herói na trilogia original porque ele fazia o que tinha que ser feito. Ele lutou contra a ameaça dos Locust e se tornou um herói porque essa era a sua missão”, explica Bonnie Jean Mah, produtora da narrativa do jogo. “J.D. é um cara que nunca foi colocado nessa situação. Então aqui ele está enfrentando monstros pela primeira vez, assim como seu pai fez. E, naturalmente, ele está fazendo o que precisa fazer, então ele está seguindo os passos do pai e se tornando um herói, porque ele está fazendo apenas o que tem que ser feito.”

O fato de Marcus Fenix ser agora um personagem não-controlável também dá aos jogadores uma nova visão de quem ele é. “Uma das coisas mais legais de Marcus estar no jogo mas não ser controlável é que toda a sua relação com Marcus no passado vai ser mudada”, disse Matt Searcy, líder do design do modo campanha do jogo. “Você tinha uma boa relação com ele como jogador, se sentia conectado a ele, mas agora ele aparece e faz parte da sua equipe, e ele é seu pai, e você vê ele de uma forma diferente como jogador, já que ele é uma outra pessoa na sua equipe.”

O modo campanha do jogo deve ter por volta de dez horas de duração. E, por mais empolgante que pareça, ele é só uma parte de um jogo muito maior. Gears of War nunca foi o que é só pela sua campanha e seus fãs amam os modos multiplayer – e, obviamente, a The Coalition está se esforçando bastante para que o jogo seja o melhor possível jogando com outras pessoas.

De olho na cena competitiva

Jogos com modos multiplayer fortes como Gears of War buscam, em 2016, mais do que simplesmente divertir seus jogadores: eles querem formar uma cena competitiva bastante grande. Afinal de contas, estamos em uma época em que os campeonatos de e-Sports estão cada vez maiores – e há muita grana para ganhar por aí.

GoW 4 não foge disso e um dos seus novos modos multiplayer foi criado com a cena competitiva em mente: é chamado Escalation. Ele não foi pensado apenas para quem joga, mas também para quem transmite e quem gosta de assistir aos outros jogarem, e campeonatos do jogo já estão sendo organizados (com até US$ 1 milhão em prêmios).

Mas como é esse tal modo Escalation? Duas equipes de cinco jogadores se enfrentam em uma partida de melhor de 7 – são até 13 rodadas, e o time vencedor é o que ganhar sete antes do outro. O objetivo é conquistar 210 pontos, ou capturar três anéis em áreas específicas no mapa.

Para conquistar esses anéis, alguém da equipe precisa passar um tempo neles sem ser morto por nenhum adversário. E, depois de conquistar, é bom dar um jeito de protegê-los: se a outra equipe invadir, pode roubar o domínio para si.

A cada nova rodada, as coisas ficam mais difíceis: o tempo de espera para um jogador retornar ao jogo fica maior, portanto, as mortes penalizam mais do que antes. Se, no primeiro round, um jogador demora 10 segundos para voltar à partida depois de ser eliminado por um adversário, nos seguintes ele passa a demorar 2 segundos a mais.

E mais tempo sem um membro da equipe em campo significa mais tempo com o adversário em vantagem, o que torna mais difícil conquistar e proteger as três áreas do mapa. No final da sexta rodada, o tempo de retorno volta ao normal e as coisas mudam de lugar no mapa.

“Começamos com o conceito do modo Escalation buscando algo que pudesse ser atrativo para jogos competitivos, mas que também fosse agradável para as pessoas assistirem e entenderem o jogo”, explicou Jonathan Taylor, produtor do multiplayer de GoW 4. O objetivo da Coalition foi chegar a um meio termo em que três públicos pudessem aproveitar o modo: quem joga, quem assiste e quem narra (os casters). Então o modo precisou de menos ação e mais estratégia.

“Quando começamos a jogar ainda não tínhamos colocados os anéis no jogo. Acredito que no começo ele já tinha o escalamento do tempo de retorno, então as suas vidas valiam mais”, conta Taylor. “Adicionamos os anéis depois para desenvolver melhor o foco no combate, para adicionar mais estratégia ao jogo. Não é mais só sobre ser melhor em atirar, é mais sobre ter uma estratégia, uma tática, e as pessoas conseguirem ver o jogo se desenvolver.”

Um modo horda com classes

O modo Horda é um dos mais tradicionais de GoW – está presente desde o segundo jogo da série – e também tem sua legião de fãs. Para o novo jogo, a grande novidade é a inclusão de classes para seus personagens.

Os cinco membros de uma equipe possuem características diferentes: o Soldier é o “mestre do jogo”, sendo especialista em causar dano. O Scout é a unidade de linha de frente, que ganha bônus por cada energia coletada dentro da partida. O Sniper pode atirar à distância, enquanto o Heavy causa mais dano explosivo. Por fim temos o Engenheiro, que pode construir armadilhas e armas de auxílio durante a partida.

Nenhuma equipe é obrigada a ter um de cada classe, mas as coisas vão ser bem mais fáceis se assim for. Em uma das partidas, a equipe de jornalistas que visitou o estúdio tentou jogar sem um engenheiro e as coisas não avançaram muito.

O novo modo Horda consiste em cinquenta ondas de inimigos – a cada nova onda eles estão mais fortes, obviamente, e vêm em maior quantidade. A cada dez ondas, um chefe se junta aos adversários, tornando a tarefa ainda mais difícil. Entre as ondas você tem tempo de buscar munição pelo mapa, ou então posicionar novas armadilhas para os próximos inimigos.

Segundo os produtores, a estimativa é que as cinquenta ondas de inimigo durem cerca de duas horas e meia para serem finalizadas – então é um modo que vai exigir não só trabalho em equipe por parte dos jogadores, mas também um pouco de dedicação.

De tudo o que joguei de Gears of War 4, este foi meu modo preferido – mesmo não sendo um grande fã de multiplayer em geral, costumo gostar de jogos cooperativos de vez em quando, e vejo como poderia perder um bom tempo tentando eliminar todas as ondas de inimigos no novo modo Horda.

Também no Windows 10

Gears of War 4 é mais um dos jogos da Microsoft que fazem parte do programa Xbox Play Anywhere, o que significa que quem comprar a versão digital do jogo vai poder escolher entre jogar no Xbox One ou no Windows 10 (isso não vale para a cópia física de GoW 4 para Xbox One). Mais do que começar um jogo no controle sentado no sofá e depois continuar no teclado e mouse no computador, vai dar também para jogar no console contra pessoas no PC, e vice-versa.

A boa notícia para os fãs é que Gears of War 4 não vai demorar muito para chegar: o jogo tem lançamento marcado nas duas plataformas para o dia 11 de outubro.

O Gizmodo Brasil viajou para Vancouver, no Canadá, a convite da Microsoft.

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