Seria a genética a resposta para o controle de natalidade masculino?

O controle de natalidade masculino é uma grande promessa que nunca se concretizou. Estamos a apenas alguns anos de distância de uma pílula masculina há décadas. Mas em cada uma das oportunidades, os efeitos colaterais ou a falta de eficácia estragaram o sonho de todas as mulheres de finalmente passar parte do fardo da prevenção […]

O controle de natalidade masculino é uma grande promessa que nunca se concretizou. Estamos a apenas alguns anos de distância de uma pílula masculina há décadas. Mas em cada uma das oportunidades, os efeitos colaterais ou a falta de eficácia estragaram o sonho de todas as mulheres de finalmente passar parte do fardo da prevenção da gravidez para seus parceiros.

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Agora, uma nova pesquisa da Universidade Estadual de Michigan (MSU) publicada nesta semana na Nature Communications oferece uma rota alternativa fascinante para a igualdade contraceptiva: e se, em vez de bloquear o movimento do esperma, você pudesse simplesmente desligar o gene que controla sua produção?

Em ratos, animais que usam muitos dos mesmos genes para reprodução que os humanos, uma equipe de cientistas descobriu que podiam fazer exatamente isso. Os pesquisadores da MSU criaram uma linha de ratos geneticamente modificados sem o gene PNLDC1, que codifica uma proteína essencial na regulação de parasitas genômicos. Sem o gene, o desenvolvimento do esperma foi travado, deixando os ratos alterados com menos espermas e testículos menores, tornando-os efetivamente estéreis. Os cientistas disseram que os ratos não sentiram efeitos colaterais significativos.

Agora, diferentemente de outros produtos contraceptivos para homens promovidos ao longo dos anos, essa pesquisa está definitivamente a uma longa distância de se transformar em um contraceptivo apto para os homens (para começar, não fazemos ideia de quanto tempo o efeito desejado pode durar ou quais efeitos colaterais estranhos podem aparecer em testes com humanos). Mas em um mercado em que os efeitos colaterais dos medicamentos tornaram difícil que contraceptivos ganhassem muita tração, a ideia representa uma nova rota potencialmente lucrativa de pesquisa.

Esse mais recente candidato a contraceptivo masculino — um que, se espera, entre em testes clínicos humanos por volta do próximo ano — é um gel que usa uma técnica chamada “inibição reversível de esperma sob orientação” para bloquear os espermas de serem ejaculados. Pareceu promissor nos testes feitos em coelhos e primatas.

Mas já vimos isso antes. Empresas farmacêuticas têm relutado em investir muito no mercado de contraceptivos masculinos, e poucas técnicas passaram das fases iniciais de teste. Isso acontece parcialmente porque a barra para efeitos colaterais aceitáveis em homens é muito baixa. Embora o controle de natalidade feminino cause uma série de efeitos colaterais em muitas mulheres, os reguladores veem esses efeitos colaterais como aceitáveis em troca da prevenção de outra condição médica potencialmente perigosa: a gravidez. Os homens, no entanto, não estão sujeitos a nenhum risco físico com a gravidez. Sem falar na realidade matemática desanimadora encarando os homens: enquanto as mulheres tipicamente produzem apenas um óvulo por mês, os homens produzem milhões e milhões de espermas, e só é preciso um para resultar em gravidez.

A demanda de mercado existe, no entanto, e é um mercado que potencialmente pode valer bilhões e bilhões de dólares. Talvez um dia a engenharia genética levará a uma opção de contraceptivo masculino que seja um pouco mais fácil de engolir.

[Nature Communications]

Imagem do topo: Flickr

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