Girafas são resgatadas de ilha que está desaparecendo no Quênia

Usando uma barcaça customizada, oito fêmeas e um macho foram resgatados com sucesso da ilha, ameaçada pela elevação das águas.
Uma das nove girafas a serem levadas para fora da ilha em desaparecimento. Crédito: Save Giraffes Now

Uma mãe e uma filhote são as últimas das nove girafas ameaçadas de extinção a serem transportadas para o Quênia continental enquanto a elevação das águas ameaça sua ilha natal no Lago Baringo.

Usando uma barcaça customizada, oito fêmeas e um macho foram resgatados com sucesso da ilha, de acordo com um comunicado enviado por e-mail da Save Giraffes Now. O ousado resgate — que levou 15 meses de planejamento e trabalho — envolveu a Ruko Community Conservancy, a Northern Rangelands Trust e o Kenya Wildlife Service, além da Save Giraffes Now, com sede em Dallas.

Girafas resgatadas. Imagem: Save the Giraffes

Apenas 2.100 girafas Rothschild existem na África, das quais apenas 800 vivem no Quênia. Uma subespécie da girafa-do-norte, esses animais criticamente ameaçados de extinção já habitaram todo o Vale do Rift Ocidental no Quênia e em Uganda, mas a perda de habitat e a caça furtiva reduziram significativamente seu número.

Os níveis das águas no Lago Baringo vêm subindo há algum tempo, mas a situação começou a piorar no ano passado, levando ao esforço de realocação. O aumento das águas está inundando casas e empresas ao longo do lago ao mesmo tempo que torna precária a vida para uma pequena população de girafas que vive na ilha. Os guardas florestais de Ruko levavam comida para o local, mas isso se mostrou uma solução implausível a longo prazo. Além dos gastos, temia-se que a falta de alimentos pudesse causar doenças e piorar a saúde dos animais.

Para fazer o resgate acontecer, os conservacionistas construíram a barcaça, apelidada de “GiRaft”, e reservaram um santuário de 17,8 km² localizado dentro da Ruko Conservancy. Depois que o Kenya Wildlife Service deu sua aprovação, a primeira girafa, chamada Asiwa, foi retirada da ilha em dezembro de 2020. A barcaça fica sobre 60 tambores vazios e as laterais são reforçadas para evitar que os magros animais caiam.

Cada girafa foi previamente adaptada à barcaça, uma tarefa que foi feita por meio do fornecimento de generosas quantidades de folhas de acácia, vagens e mangas. A comida era colocada na barcaça diariamente até que as girafas se sentissem à vontade para subir nela por conta própria. Um pequeno barco puxa a barcaça e seus passageiros de pescoço comprido na jornada de 1,6 km até o continente.

A barcaça com uma girafa de Rothschild a bordo. Imagem: Save the Giraffes

A viagem final envolveu Ngarikoni e sua filha Noelle, que nasceu em dezembro. Mais cuidados foram necessários para transportar a dupla devido à tenra idade da girafa jovem.

“Sentimos um grande senso de urgência para concluir esse resgate”, disse David O’Connor, presidente da Save Giraffes Now, em um comunicado. “Com estas girafas sofrendo uma extinção silenciosa, é importante proteger cada uma que pudermos, tornando este resgate um passo importante no apoio à sobrevivência desta espécie.”

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Com as girafas realocadas, os conservacionistas agora esperam povoar o parque com mais girafas Rothschild provenientes de outras regiões do Quênia, a fim de revigorar o pool genético. Eventualmente, e presumindo que tudo corra bem, as girafas serão soltas no ecossistema do Grande Vale do Rift. Enquanto isso, a receita gerada pelo turismo resultante será alocada para a conservação e para a comunidade local para investimentos em saúde e educação.

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