Giz Exclusivo: saiba tudo de “Os Segredos dos Pinguins” com Bertie Gregory

Bertie Gregory revela os detalhes de “Os Segredos dos Pinguins”. Confira!
Imagem: Disney+/Reprodução

O NatGeo e o Disney+ decidiram elevar o nível entre reflexão e entretenimento com o lançamento da série documental “Os Segredos dos Pinguins”, apresentada por Bertie Gregory — que conversou com o Giz Brasil sobre a obra.

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Gregory, jovem explorador do National Geographic, apareceu em produções populares, como, por exemplo, “As Aventuras de Bertie Gregory” e “Animais de Perto”, ambas no Disney+.

Anteriormente, o britânico participou de produções da BBC e da Netflix ao lado de grandes nomes, como Sir David Attenborough. Agora, Bertie Gregory chega a um patamar impressionante, comandando o último lançamento da franquia com produção de James Cameron.

Assim, antes dos Pinguins, descobrimos segredos sobre baleias, elefantes e polvos, todos com produção do diretor de “Avatar” e com uma grande estrela de Hollywood narrando.

Em “Os Segredos dos Pinguins”, que assim como os outros, foi lançado no última Dia da Terra (22/4), descobrimos também os segredos do ambiente inóspito da Antártida e como as mudanças climáticas dificultam o que já não era fácil.

Veja o trailer: 

“Os Segredos dos Pinguins”, cuja narração de Blake Lively e a imersão de Bertie Gregory, entregam um documentário de vida selvagem muito complexo. Tal complexidade se dá, obviamente, pelo impacto das mudanças climáticas, sobretudo na Antártida, que teve seu inverno mais curto durante as filmagens.

No primeiro episódio, Bertie Gregory salienta essa questão quando o gelo se derrete e quase faz com que um pinguim filhote afogue no mar gelado. Momentos como esse estão por toda série e ajudam a aproximar o espectador da realidade dos pinguins, que descobre o primeiro dos vários segredos logo no início: a formação social desses animais.

Portanto, para compreender melhor por que a série evoca esse sentimento, confira a entrevista exclusiva do Giz Brasil com Bertie Gregory sobre “Os Segredos dos Pinguins”.

“Os Segredos dos Pinguins” por Bertie Gregory

Giz Brasil: “Os Segredos dos Pinguins” leva a franquia para um novo patamar. Qual era o tipo de história que vocês queriam contar desde o início?

Bertie Gregory:

“Então, o legal sobre os pinguins é que a vida deles já é naturalmente dramática. Você não precisa enfeitar essa história: basta seguir um único pinguim por um dia e ele já te leva numa montanha-russa emocional maluca. E eu sinto que a série fez jus a isso e reproduz essa montanha-russa de emoções. Quero dizer, a gente embarcou em uma montanha-russa e eu espero que o público também embarque ao observar os pinguins na série.”

Giz Brasil: Durante as filmagens, você passou meses na Antártida enfrentando o clima extremo, a isolação e o risco de perder os equipamentos. Quais foram os momentos mais difíceis durante a produção de “Os Segredos dos Pinguins”?

Bertie Gregory:

“Se manter aquecido o suficiente na Antártida é um desafio enorme. No nosso trabalho com os pinguins-imperadores, a filmagem durou dois meses e meio e parte desse processo foi dentro d’água e também no gelo. Então, quando você está em campo, não há um lugar quente para onde correr. Por isso, é fundamental mergulhar de uma maneira bem cautelosa. Geralmente, eu forço o limite e acabo ficando com muito frio. Mas, ali, isso não era uma opção porque não tinha como eu me aquecer depois [de mergulhos]. Para filmar os pinguins, a gente mergulhava sob o gelo. Nesse cenário, você precisa trabalhar de maneira inversa para pensar em como sair da água, subir numa snowmobile e encarar uns 20 km até o acampamento. Depois, é entrar na barraca e tentar se aquecer. Então, não pude forçar tanto quanto costumo fazer.”

Gregory se aquecendo após filmagem em campo. Imagem: Disney+/Reprodução

Giz Brasil: a cena em que os pinguins trocam o ovo se tornou um dos momentos mais icônicos da série. Ao seu ver, o que aquela cena revela sobre o comportamento dos pinguins e por que foi tão importante para a linguagem emocional da série?

Bertie Gregory: 

“Veja bem, um dos principais aspectos da série é que ela se chama “Os Segredos dos Pinguins” e isso eleva as expectativas sobre revelar novos comportamentos. Para isso, é fundamental passar tempo no campo, nada supera o tempo no campo. E essa cena é uma prova da dedicação da equipe, que ficou 274 dias longe de amigos e família. A cena é icônica e representa todo o esforço deles. Além disso, outra coisa que não dá para perceber só ao assistir à cena é o quanto estava fazendo frio. Por isso, tiro o chapéu para a equipe porque detectar um comportamento desses já é incrível, mas filmá-lo com tanta beleza merece todos os aplausos.”

Veja a cena:

Giz Brasil: Por falar em emoção, um momento do primeiro episódio captura o coração do público: a luta do pequeno pinguim para sobreviver. Em entrevistas anteriores, você disse o quão importante é filmar animais não como espécies, mas como indivíduos.  Por que essa abordagem emocional é importante para sua construção narrativa?

Bertie Gregory:

“É muito mais fácil você se conectar com um indivíduo específico. Por isso, a gente sempre busca personagens únicos. Mas, no caso dos pinguins, isso costuma ser complicado porque eles são quase idênticos. Então, quando eu vi aquele filhote bem menor que o restante do grupo, foi muito mais fácil identificá-lo e acompanhá-lo porque ele era muito pequeno. E, do começo, eu soube que seria uma jornada emocional porque ele era o azarado. Ele nasceu após o restante, ele estava atrás. Era uma desvantagem real. Isso serviu para ampliar todos os desafios que esses filhotes enfrentam e que queríamos registrar. E, para mim, isso fica evidente na cena da nevasca: os filhotes maiores tentando sobreviver é uma coisa, mas ver aquele pequeno pinguinzinho resistindo àquele momento extremo mostra o quão difícil é a vida para eles. Além disso, as pequenas amizades que se formam entre os filhotes é algo que eu adoro porque já houve muita ênfase no vínculo entre mãe e pai, entre pais e filhote. Mas a amizade desses filhotes sem parentesco não é algo muito divulgado, embora seja crucial para a sobrevivência, bem como os elos com os adultos.”

Assista ao trecho:

Sobre “Os Segredos dos Pinguins” como ferramenta para conscientização

Bertie Gregory: 

“Tudo [na série] levanta reflexões sobre os desafios que a natureza enfrenta. E, para mim, o lance mais importante dos pinguins é porque eles são indicadores da saúde dos oceanos. Nós, humanos, precisamos de um oceano saudável para nossa existência. Então, precisamos cuidar dos pinguins, não só por eles deixarem nossos corações quentinhos porque são fofinhos e engraçados, mas também porque o sucesso dos pinguins está intrinsecamente ligado ao nosso.”

“Por isso, espero que ‘Os Segredos dos Pinguins’ desperte mais interesse nesses animais e faça com que as pessoas percebam que, mesmo tão longe, nossas ações estão causando um impacto negativo em suas vidas. Mas a gente também pode causar um impacto positivo, mesmo estando distante dos pinguins. Por isso, vote com sua carteira toda vez que você gastar seu dinheiro, seja comprando comida, roupas ou carros. Tudo isso gera um impacto no meio ambiente, tanto negativo quanto positivo. Portanto, pense sobre isso toda vez que você gastar seu dinheiro com qualquer coisa.”

Nota do Giz Brasil

“Vote com sua carteira” é uma tradução direta da expressão “Vote With Your Wallet”, que Bertie Gregory usa na entrevista em áudio. O termo, também conhecido como “Dolar Voting” é uma analogia sobre as escolhas de consumidores influenciarem empresas em decisões que se alinhem aos seus valores pessoais. 

A ativista Anna Lappé, que possui uma ONG financiada por James Cameron, cunhou a seguinte frase: “Toda vez que você gasta dinheiro, você está votando no tipo de mundo que quer viver”. 

Bertie Gregory comenta cena que viralizou

No ano passado, publicamos aqui no Giz sobre a cena mais icônica de “Os Segredos dos Pinguins”: o momento em que os filhotes saltam de um penhasco enorme.

Agora, perguntamos a Bertie Gregory como foi registrar aquele momento.

“Bem, aquela cena é muito irada, sabe? Mas o que fez aquilo ser muito mais irado é porque a gente seguiu esses filhotes, os vimos crescer. Isto faz com que as coisas fiquem em um patamar muito maior. Ah, e ver as baleias que aparecem na base do penhasco foi uma cena realmente inacreditável. Assim que os pinguins começaram a saltar — e quando eu consegui captar algumas cenas —, eu soube que isso seria algo muito importante. Não há nada que represente mais “Os Segredos dos Pinguins” do que aqueles filhotes saltando daquele enorme penhasco de gelo. E isso é uma metáfora tão incrível para tantas coisas. Por exemplo, nossa espécie e o nosso planeta estão na beira de um precipício assustador porque o mundo está caindo aos pedaços. Então, a gente precisa de líderes que possam dar esse ‘salto de fé’, que se disponham a resolver as coisas e nos leve a descobrir novas oportunidades. Isso era exatamente o que aqueles pinguins estavam fazendo.”

Reveja:

Bertie Gregory: a nova voz dos documentários de vida selvagem?

Jornais britânicos como o Telegraph destacam Bertie Gregory como o novo rosto dos documentários de vida selvagem. Talvez, Gregory seja a cara da geração Millennial, que se mostra mais preocupada com as mudanças climáticas.

Na entrevista ao Telegraph, Gregory cita seu mentor Steve Winter como o “David Beckham da fotografia de vida selvagem”. O Giz Brasil perguntou, então, se Gregory seria o futebolista inglês Jude Bellingham.

Ele ri, mas usa da perspicácia evasiva do humor britânico para afirmar: “não cabe a mim responder a essa pergunta”. Mas, se comprarmos por idade, Bertie Gregory talvez seja Harry Kane, que ganhou seu primeiro título da carreira no último dia 10, pelo Bayern de Munique.

Giz: Além de Steve Winter, você trabalhou com o grande Sir David Attenborough—que talvez seja o ‘Bobby Charlton’ do gênero. E agora, décadas depois, você comanda documentários em plataformas globais, como o Disney+ o Nat Geo. Você se sente assumindo o papel da principal voz da próxima geração de produções sobre vida selvagem?

“Então, para mim, é uma honra se as pessoas optarem por usar esses rótulos, mas meu foco é o trabalho de dar voz a esses animais incríveis. Mas, se as pessoas quiserem criar tais rótulos, eu fico bastante lisonjeado, embora não seja esse o meu foco.”

Giz: Você acredita que a participação de celebridades em documentários de vida selvagem podem aumentar o público e, talvez, ajudar na conscientização das pessoas sobre problemas como as mudanças climáticas?

“Sem dúvida. Ter Jim [James Cameron] e Blake Lively na série só acrescenta pontos positivos. Quando fazemos documentários de vida selvagem, a gente meio que fica em uma bolha, produzindo para o mesmo público, sempre. E tá tudo bem, isso é ótimo. Mas, para furar essa bolha e alcançar novos públicos, combinar o que fazemos com a cultura pop, certamente, nos ajuda e é super empolgante.”

“Aliás, sobre o envolvimento do Jim, basta assistir aos filmes dele para encontrar metáforas ambientais, mesmo que não sejam sobre natureza. O último “Avatar”, por exemplo, é basicamente sobre caça às baleias e também sobre a história da humanidade, mas por outra perspectiva.”

“No caso da Blake, ela tem uma voz tão acolhedora e com um alcance emocional tão incrível. A história dos pinguins-imperadores é extremamente emotiva, uma montanha-russa. A Blake entrega algo muito especial para ajudar o público a mergulhar no universo desses pinguins.”

Por fim, veja James Cameron falar sobre “Os Segredos dos Pinguins”:

Pablo Nogueira

Pablo Nogueira

Jornalista e mineiro. Já escreveu sobre tecnologia, games e ciência no site Hardware.com.br e outros sites especializados, mas gosta mesmo de falar sobre os Beatles.

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