Existem muitas placas de vídeo boas por aí hoje em dia, para todo tipo de necessidade. Mas as chances de você encontrar a placa de vídeo certa são pequenas. Não precisa ser tão difícil assim.
Se você está comprando um computador novo, montando o seu ou atualizando um antigo, o processo de escolher uma nova placa de vídeo pode ser desafiador. Placas de vídeo integradas — que vêm na maioria dos PCs — não conseguem rodar bem jogos de três anos atrás, muito menos os de hoje, e vão deixar você em desvantagem quando tecnologias futuras como GPGPU, que basicamente usa sua placa de vídeo como um processador adicional, estiverem finalmente disponíveis. Além disso tudo, estamos num momento de queda de preços: é uma hora ótima para comprar. Logo, o que importa é fazer a escolha certa. Mas como?
Escolha objetivos específicos
O primeiro passo para encontrar a placa de vídeo certa é simplesmente relaxar. As especificações das placas já são quase impossíveis de entender, e os nomes das placas só vão dar dor de cabeça para você. Os nomes com números cada vez maiores, as linhas de produtos diferentes mas com placas semelhantes, as tecnologias dos chips com nomes enganadores — esqueça tudo isso. Por enquanto, finja que nada disso existe.
Agora, escolha seus objetivos. Quais jogos você quer jogar? Quais opções de saída de vídeo e quais entradas você quer? A qual resolução você quer rodar seus jogos? Você pode precisar das novas tecnologias GPGPU que logo estarão disponíveis? E mesmo que você tenha que ajustar isto depois, decida um preço-alvo. Quem quer comprar um PC já pronto tem que considerar o custo de levar uma placa mais cara, e decidir de acordo com isso. Para quem vai atualizar o PC, R$200 a R$250 R$400 a R$500 é o custo médio adicional de levar uma boa placa de vídeo: você leva uma placa relativamente nova, e com memória suficiente para rodar jogos por uns dois anos. Se você quer gastar menos, é possível; se quiser gastar mais, pode gastar.
É isto o mais importante. Sério, esqueça qualquer preferência à Nvidia ou ATI, qualquer experiência anterior com placas de anos atrás, ou alguma franquia de jogos futura ainda não lançada. Seja firme no que você quer, mas quanto a especificações de placas e material de marketing, ignore-os no início.
Não se perca nas especificações
Agora que você conhece suas ambições, sejam elas modestas ou desmedidas, agora é hora de mergulhar no mar tempestuoso e desorientador de modelos que você pode escolher. A primeira camada de complexidade vem das duas grandes empresas, Nvidia e ATI, cujas linhas de produtos parecem mais nomes de robôs de "Exterminador do Futuro" que algo criado por humanos. Esta é a linha de GPUs (processadores gráficos) da Nvidia para desktops:
Parece que as GPUs vão evoluindo de forma linear, a performance (ou pelo menos o preço) deve aumentar de acordo com o modelo e o número, certo? Errado! Como é que a gente vai saber que uma 9800GTX é mais poderosa que a GTX250, ou que a 8800GTS detona uma 9600GT? O sufixo de duas letras pode significar mais que o número do modelo, e, da mesma forma, o número do modelo pode representar mais que a linha de produto da placa. Essas convenções mudam com o tempo, e mais de uma empresa pode usar a mesma convenção. Por exemplo, a ATI também fabrica placas com nomenclatura 9×00, que nem a Nvidia. Fica a lição: você não precisa se importar com essa besteiras.
A segunda camada de complexidade vem de diversas fabricantes que renomeiam, mudam e inventam jeitos elaborados de deixar mais legais as placas com chips da Nvidia e ATI. É isso que fazem a Sapphire, EVGA, HIS, Sparkle, Zotac e um sem-número de outras empresas de nomes estranhos. Às vezes, elas fazem mudanças significativas na performance das GPUs com as quais fabricam placas, mas sem dúvida a etiqueta da Nvidia ou ATI na caixa é o melhor indicador do que esperar do produto. Por exemplo, uma Zotax Gtx285 não vai ser muito melhor ou pior que uma EVGA com o mesmo GPU. Vem uma configuração diferente de ventoinha, a placa tem formato diferente, e provavelmente haverá diferenças na quantidade de memória ou frequência da GPU, mas a diferença mais importante — a única diferença com a qual você deve se importar — é o preço.
E a última linha de defesa impenetrável das placas de vídeo, difícil de ser compreendida, é o jargão do hardware. Tabelas bizarras e inúteis com especificações são, e sempre foram, uma característica comum em componentes de PCs, seja memória RAM (DDR3-1600!) ou processadores (12 MB de cache L2! 1333MHz FSB!)
Placas de vídeo são piores. Cada uma tem três velocidades medidas em megahertz: a frequência do núcleo, do CPU (shader) e da memória VRAM — a quantidade de memória dedicada que a placa de vídeo possui. Que, por sua vez, é outra especificação que recebe destaque, indo de 128MB para os tantos de 1GB para gamers extremos. Além da frequência, a memória tem outras especificações para confundir você: tipo de memória (DDR2 ou DDR3); largura de interface de memória (em bits; quanto maior, melhor), e largura de banda de memória, hoje medida em GB/s. E, cada vez mais, você encontra o número de núcleos na GPU: sabia que a melhor placa da Nvidia tem 480 núcleos? Não? Que bom.
A melhor forma de abordar estes números é ignorá-los. Sim, eles dão uma base de comparação e significam alguma coisa, mas a menos que você seja um entusiasta por placas de vídeo, você não vai conseguir olhar para uma só especificação — nem uma tabela de especificações inteira —e tirar conclusões úteis sobre as placas. Pense nas placas de vídeo como se fossem carros: potência em cavalos, torque e cilindradas são coisas importantes. Mas requerem contexto antes de significar alguma coisa para o motorista. Por isso que testes na estrada têm peso na decisão de comprar um carro.
Também existem "testes na estrada" para placas de vídeo: aí estão os números com os quais você deve se importar.
Respeite os benchmarks, ou confie nos especialistas
Na ausência de especificações, nomes ou outras características relevantes, só nos restam os testes de performance. O que é bom! Por anos, sites como Tom’s Hardware, Maximum PC e Anandtech (e Notebook Check, disponível em português, para laptops) passam incessantemente quase todos os modelos de placas de vídeo por uma bateria de testes, fornecendo ao público medidas comparativas de performance no mundo real. Estes são os únicos números que você deve procurar; e agora entram em cena os objetivos que você estabeleceu.
Você deve aplicá-los assim: suponha que você queira jogar somente o jogo Left 4 Dead, e tem uns 400 reais para gastar. Vá no Tom’s Hardware, veja os benchmarks para aquele jogo, e vá olhando a lista. Você está procurando uma placa de vídeo que 1) você pode escolher para instalar no seu PC e 2) aguenta bem rodar o jogo, com resolução e qualidade de textura altas — em termos gerais, que rode o jogo a pelo menos 60 fps (frames por segundo). Encontre a placa, veja o preço e você está quase lá. Quando você se decidir por uma placa baseado nos seus critérios específicos, pesquise mais. Você pode ver benchmarks de outros jogos e buscar reviews (no Clube do Hardware, por exemplo) sobre a placa que você quer, para ver algumas características que um teste de benchmark não mencionam, como ruído da ventoinha, gasto de energia e confiabilidade.
A partir daí, sua preocupação será comprar para o futuro. Não compre o requisito mínimo para rodar a geração atual de jogos: pra que gastar, nem que seja pouco, em uma placa que ficará obsoleta em meses? Mas comprar a placa de vídeo fodona, de dois GPUs também não é boa escolha. Gerações de placas de vídeo vêm e vão, mas uma coisa é certa: nos produtos medianos, que custam de 200 a 250 reais, você pode apostar. E ponto. Às vezes são produtos novos, ou pode ser que existam já há algum tempo. O que você deve comprar, então, é o top de linha da geração passada. O que é muito tranquilo e deixa satisfeitos a maioria dos usuários por todo um ciclo de vida de um PC. Se você curte (e pode) comprar as placas mais envenenadas, não estaria lende este guia.
Outra alternativa é confiar nos especialistas. Sites como Ars Technica e Maximum PC elaboram regularmente guias com sistemas e suas especificações a diferentes preços, onde eles fizeram o julgamento de valor por você. No Tom’s Hardware você encontra um valioso guia "Melhores Placas pelo seu Dinheiro" todo mês. A cada faixa de preço, existem placas de vídeo disponíveis: a sua escolha será geralmente óbvia e os caras sabem do que estão falando.
Mas lembre-se: eles estão aplicando a mesma fórmula que você, mas com um olhar mais de conhecedor. Só que escolher uma placa é simples: decida o que você precisa, consulte as fontes certas, e fuja das especificações específicas demais para não ter dor de cabeça. Boa sorte.