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Quando o Gizmodo chegou ao Brasil, o iPhone ainda não era nem 3G

Este post faz parte da série comemorativa dos 10 anos do Gizmodo Brasil. Nas próximas semanas, publicaremos outras histórias sobre o passado, o presente e o futuro. Há dez anos, você conversava por MSN – ou seus pais. Alguém conversava por MSN, acredite. Talvez os primeiros contatos para trazer o Gizmodo para o Brasil tenham […]

Este post faz parte da série comemorativa dos 10 anos do Gizmodo Brasil. Nas próximas semanas, publicaremos outras histórias sobre o passado, o presente e o futuro.

Há dez anos, você conversava por MSN – ou seus pais. Alguém conversava por MSN, acredite. Talvez os primeiros contatos para trazer o Gizmodo para o Brasil tenham sido por MSN ou SMS. Há dez anos, ainda existia a Gawker Media. E o Gizmodo ainda não tinha dado o furo que o transformou em assunto – o novo iPhone 4, descoberto em um bar antes de seu lançamento. Bem, há dez anos existia, e bombava, o Orkut.

Em 2008, as eleições americanas que fariam de Barack Obama o primeiro presidente negro dos EUA ganhavam cara nova com uma campanha que pela primeira vez acontecia também nas redes sociais. A falência do banco de investimento americano Lehman Brothers desencadeou uma das piores crises econômicas da atualidade. Por aqui, Cesar Cielo, Maurren Maggi e a seleção feminina de vôlei traziam medalhas de ouro das Olimpíadas de Pequim, enquanto nosso comportamento no trânsito começava a mudar graças ao endurecimento da Lei Seca.

Foi nesse cenário que em 1º de setembro de 2008 estreava o Gizmodo Brasil. De lá pra cá, acompanhamos de perto uma baita transformação no mundo tecnológico, que mudou a forma como lidamos com nossos dispositivos, com nós mesmos e como interagimos com as pessoas.

Um dos marcos dessa mudança chegou ao Brasil, em sua segunda edição, poucos dias após a nossa estreia: o iPhone 3G. O mercado de smartphone ainda ganhava tração. Usávamos BlackBerry com seus modelos clássicos com teclado, e o conceito de uma tela grande sensível ao toque ainda era bem esquisito. A concorrente Nokia tinha modelos como o N95, com slide, recurso de mapas e uma câmera monstruosa de impressionantes 5 megapixels. Outros tempos.

Saudades smartphone Nokia N95 ?. Crédito: stephendotcarter/Flickr/CC

Em 2008, segundo a consultoria IDC, foram vendidos 15 milhões de smartphones no Brasil. Para se ter uma ideia, no ano passado, o número saltou para 47,7 milhões. Apesar dessa conversa sobre smartphones, o grosso da base móvel era formado por feature phones (ou simplesmente celulares). Ainda era possível ver muita gente com aparelhos Nokia com o jogo da cobrinha (meu caso, inclusive) e usuários desfilando por aí com seus Motorola V3. Oficialmente, a venda de smartphones só superou a de celulares em 2013.

Naquela época, nossos computadores eram de mesa, e o browser predominante, o Internet Explorer. O mercado de música digital ainda estava longe de ter o nível de legalidade de hoje. Na época, tinha muita gente usando programas P2P. Lembra do eMule, K-Lite, LimeWire ou Shareaza? Lógico que isso não acabou totalmente, mas os serviços de streaming, tanto de vídeo como de música, além de sistemas mais organizados de licenciamento de software — via aquisição ou assinatura em lojas de aplicativo —, facilitaram muito a nossa vida.

Emule velho de guerra. Crédito: Wikicommons

Aliás, essa história de ter uma loja centralizada também fez 10 anos em 2018. A pioneira App Store ganhou vida em 10 de julho de 2008, com 500 aplicativos. O que talvez pouca gente tenha imaginado é como esse marketplace foi importante para muitos apps que usamos hoje, como o Instagram e o WhatsApp, por exemplo.

Acompanhamos de novas conquistas no espaço à paquera por geolocalização

Nesse período, vimos a influência da tecnologia nas mais distintas áreas, como a da saúde. Há um crescente número de dispositivos vestíveis que facilitam a medição da glicose ou que permitem avaliar atividades físicas, como o Apple Watch, que estreou em 2014. O número de fumantes no mundo tem reduzido consideravelmente, mas um fenômeno recente é o de cigarros eletrônicos, com a promessa de ser menos pior que o cigarro convencional.

Na área de transporte, vimos da explosão dos aplicativos de GPS (pense em como era a sua vida antes do Waze) até o surgimento de aplicativos de transporte. Importante lembrar que eles começaram por aqui apenas para táxis e foram posteriormente expandidos para carros de passeio, com a estreia da Uber e de outros concorrentes. A paquera também já não é mais a mesma. Ainda que sites de namoro existam há um tempo, o Tinder ajudou a levar o xaveco para a mobilidade. Qualquer pessoa pode buscar seu próximo date sentado no sofá ou durante uma viagem de ônibus.

Quer goste ou não, o Tinder mudou a paquera. Crédito: Divulgação

A vida no espaço foi bastante movimentada nos últimos 10 anos. Mandamos a sonda Curiosity para Marte, achamos fortes indícios de que existe (ou pelo menos já existiu) água por lá, comprovamos a existência de ondas gravitacionais e passamos a ter muitas iniciativas privadas relacionadas ao espaço. A SpaceX, do bilionário Elon Musk, começou a mandar foguetes para o espaço com muita frequência, e temos uma corrida entre diferentes companhias para poder explorar o turismo espacial.

De olho no futuro

Para o futuro, estamos de olho em como a inteligência artificial vai mudar nossas vidas. Estamos próximo de usar carros autônomos que prometem evitar acidentes e nos guiar para onde quisermos apenas com comando de voz. Em breve, a medicina contará com sistemas que vão analisar dados e exames de forma precisa, prevendo doenças. Provavelmente, aprenderemos a nos relacionar afetivamente com humanoides, já que a tendência é que nos tornemos cada vez mais tecnológicos enquanto a tecnologia se tornará cada vez mais humana.

Seja como for, assim como a gente vem fazendo nesses últimos dez anos, vamos continuar acompanhando de perto as grandes notícias que nos ajudam a contar nossa história, sempre pelo viés da tecnologia. Afinal, como escreve Yuval Noah Harari no livro Homo Deus – Uma breve história do amanhã , o melhor motivo para estudar a história não é predizer o futuro, mas se livrar do passado e imaginar destinos alternativos.

Imagem do topo por Sean Gannan/Flickr/CC

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