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Golpista pagou propina para funcionário do Facebook manter suas propagandas no ar

Um golpista conseguia fazer com que suas campanhas fraudulentas fossem veiculadas no Facebook graças à ajuda de um funcionario da rede.

Símbolo de curtida do Facebook em muro na sede da empresa na Califórnia

Getty Images

Mais um vazamento dá evidências de que o Facebook está totalmente fora de controle. O Buzzfeed relata que um golpista extremamente predatório que explorou usuários idosos (um episódio anteriormente exposto pelo Buzzfeed em outubro) tinha um ajudante interno no Facebook.

Um ex-membro da equipe de políticas do Facebook, conhecido como “Ryan”, aceitou subornos para restabelecer contas da empresa de marketing fraudulenta Ads Inc., que violava as políticas da rede social.

Presumivelmente, eles incluíam anúncios de “avaliações gratuitas” de produtos que alegavam ter o apoio de celebridades, deixando as vítimas involuntariamente presas a assinaturas mensais inflexíveis. A Ads Inc. supostamente também convenceu os usuários a “alugar” suas páginas para espaço de anúncio, o que é contra a política do Facebook. Em seguida, a Ads Inc. ainda sublocou esses espaços para outras empresas de marketing.

O Facebook disse ao Buzzfeed que eles estão explorando opções de ações legais contra a Ads Inc.

Nas mensagens obtidas pelo Buzzfeed, Ryan fez um acordo com o CEO da Ads Inc., Asher Burke, que concordou em pagar a ele uma taxa fixa de US$ 5 mil e uma taxa mensal subsequente de US$ 3 mil.

Em troca, Ryan ativou as contas da Ads Inc. e concordou, nos meses seguintes, em reativar clandestinamente os anúncios por algumas semanas por “acidente”. Acho que Ryan subestimou a quantia cobrada como propina, dado que o Buzzfeed relatou anteriormente que a empresa havia gastado mais do que US$ 50 milhões em espaço publicitário desde 2016. Importante salientar que Ryan foi burro o suficiente para deixar isso por escrito.

Ryan afirmou ter se mudado para a equipe de “risco”, mas o CEO da Ads Inc, Asher Burke, disse a um colega em mensagens separadas que Ryan ainda tinha um colega na equipe de política. Um porta-voz do Facebook disse ao Buzzfeed que um funcionário não identificado (possivelmente Ryan) foi demitido e que “continua investigando as alegações e tomará as medidas necessárias”.

Ryan pode ser um ponto fora da curva. Mas talvez não seja. Outro ex-funcionário da Ads Inc. disse ao Buzzfeed que sabia de alguns Ryans dispostos a cometer erros úteis.

O incidente mostra de maneira mais ampla que a empresa é grande demais para se policiar e sugere que qualquer outro tipo de fraude poderia estar em execução no momento. De acordo com as reportagens do Buzzfeed sobre o assunto, a Ads Inc. implementou um esquema sofisticado para ficar escondida do Facebook, criando links que direcionavam os monitores do Facebook para blogs falsos e redirecionavam os usuários comuns para a armadilha do cartão de crédito. A Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) pegou várias outras empresas de marketing enganando internautas com notícias falsas, como “Will Ferrell ganha músculos em apenas três semanas usando esses dois suplementos musculares que as celebridades adoram”.

A FTC (Comissão Federal do Comércio dos EUA) pode ir atrás dos próprios golpistas, mas é improvável que isso acabe por reformular as políticas de publicidade do Facebook em geral. Em declarações à Bloomberg no início deste ano, o comissário Rohit Chopra, da Federal Trade Commission, salientou que o órgão poderia ter adicionado mais mecanismos de supervisão às políticas de publicidade do Facebook quando chegou a um acordo com a empresa no início deste ano, mas não o fez, e até mesmo a multa de US$ 5 bilhões não pode ser cobrada.

O único remédio lógico é tentar fazer o Facebook sentir na pele, e vários procuradores gerais dos EUA estão trabalhando nisso com uma investigação antitruste abrangente. A Comissão Federal de Comércio e o Departamento de Justiça também lançaram inquéritos antitruste — no caso do Departamento de Justiça, para examinar como as plataformas on-line “reduziram a concorrência, sufocaram a inovação ou prejudicaram os consumidores”. Este é o problema. Erros como este acontecem quando você é grande demais para qualquer pessoa conseguir gerenciar de maneira eficaz.

O Gizmodo entrou em contato com o Facebook e atualizará o post se recebermos uma resposta.

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