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Google faz testes na Austrália para não mostrar sites jornalísticos na busca

Medida do governo australiano pretende fazer Google e Facebook pagarem sites jornalísticos que são exibidos nas plataformas.

Logo do Google em metal na fachada de um prédio de tijolos marrom.

Imagem: Spencer Platt/Getty Images

A Austrália vem discutindo cobrar do Google e Facebook pagamentos para jornais locais que aparecem nos dois sites. O Google, aparentemente, começou a se mexer para evitar isso: a empresa está testando uma mudança no buscador para não mostrar sites jornalísticos para usuários do país.

A mudança foi identificada primeiro pela Australian Financial Review e depois confirmada pelo Google ao jornal inglês The Guardian. Leitores da versão australiana do Guardian também relataram que, quando logados no Google, os resultados de pesquisa não mostravam o site do Guardian Australia, apenas as páginas do jornal no Twitter, no Facebook e na Wikipédia.

Oficialmente, um porta-voz da empresa disse que a mudança é um teste que deve afetar 1% dos usuários na Austrália até fevereiro e tem como objetivo medir o impacto dos sites de notícias no buscador e vice-versa.

O contexto e o histórico tornam difícil acreditar nessa justificativa. No ano passado, o governo australiano anunciou planos para forçar Google e Facebook a compartilharem suas receitas de publicidade com sites jornalísticos locais. As empresas, obviamente, não gostaram da ideia e disseram que a mudança comprometeria o acesso dos usuários às notícias.

O histórico do Google também dá a entender que a empresa pode simplesmente optar por mudar seu produto para driblar a lei. A empresa tirou o Google Notícias do ar na Espanha quando o país tentou fazer uma medida parecida e mudou a forma de exibir conteúdo jornalístico para não precisar pagar sites franceses em 2019. Até no Brasil já houve um caso parecido: lá em 2012, todos os membros da Associação Nacional de Jornais (ANJ) tiraram seu conteúdo do Google Notícias.

Uma das grandes críticas feitas ao Google — que tem sido, inclusive, motivo de processos — é que a empresa se tornou, na prática, um monopólio de anúncios e de buscas, com capacidade de ditar preços e forçar a adoção de suas tecnologias. Como resultado, sites jornalísticos ficam apenas com 30% a 40% do dinheiro pago por anunciantes, segundo pesquisas. A empresa tenta remediar isso com fundos para jornalismo e ferramentas para publicações, que estão longe de serem suficientes para as necessidades financeiras dos veículos jornalísticos.

Atualmente, a medida de cobrança, conhecida como Código de Negociação para Imprensa, está sob análise de um comitê do senado australiano antes de retornar ao parlamento do país.

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