Google demite quatro funcionários e aprofunda crise interna com seus trabalhadores

Um memorando interno enviado na tarde de segunda-feira (25) afirma que quatro funcionários do Google foram demitidos por “violações claras e repetidas de nossas políticas de segurança de dados”. Embora uma porta-voz da empresa tenha se recusado a comentar especificamente sobre assuntos pessoais, ela confirmou a autenticidade do memorando, que foi obtido pela Bloomberg. As […]
Funcionários do Google marcham em protesto realizado em novembro de 2018 contra assédios sexuais na empresa. Foto: Mason Trinca/Getty

Um memorando interno enviado na tarde de segunda-feira (25) afirma que quatro funcionários do Google foram demitidos por “violações claras e repetidas de nossas políticas de segurança de dados”.

Embora uma porta-voz da empresa tenha se recusado a comentar especificamente sobre assuntos pessoais, ela confirmou a autenticidade do memorando, que foi obtido pela Bloomberg.

As demissões parecem fazer parte de um esforço mais amplo para conter a dissidência interna dentro da gigante da tecnologia. No início deste mês, o CEO Sundar Pichai cancelou abruptamente as reuniões semanais “TGIF” (“Thank God It’s Friday”, ou “graças a Deus é sexta”, em tradução livre) da empresa. A decisão foi tomada por causa do que ele caracterizou como “um esforço coordenado para compartilhar nossas conversas fora da empresa”.

Além disso, veio à tona que o Google contratou a famosa firma de desmembramento de sindicatos IRI logo após ter sido demitido um funcionário e colocado outros dois em licença administrativa.

Esses dois funcionários — Rebecca Rivers e Laurence Berland — foram a peça central de um protesto de 200 pessoas no campus do Google na semana passada. Rivers sugeriu que a empresa tinha apagado ou corrompido seu celular pessoal. Nesta segunda, ela tuitou que havia sido demitida. Tentamos contato com ela e Berland para eles comentarem as questões, mas nenhum dos dois foi encontrado.

Ambos estão fortemente envolvidos no ativismo interno da empresa, o que sugere que as ações do Google podem ser retaliatórias. Eles negaram qualquer papel no vazamento de informações para a imprensa.

Mais estranho ainda, o memorando mistura questões de confidencialidade com questões de acesso a dados. “Vimos um aumento recente de informações sendo compartilhadas fora da empresa, incluindo os nomes e detalhes de nossos funcionários”, abre o email. Ele continua descrevendo “um indivíduo [que] se inscreveu nas agendas de um vasto número de funcionários fora de seu grupo de trabalho”. Não está claro se esse acesso aos calendários é contrário a qualquer política específica da empresa.

O memorando está reproduzido abaixo na íntegra:

Vimos um aumento recente nas informações compartilhadas fora da empresa, incluindo os nomes e detalhes de nossos funcionários. Nossas equipes estão empenhadas em investigar esses problemas, e hoje demitimos quatro funcionários por violações claras e repetidas de nossas políticas de segurança de dados.

Houve alguma desinformação circulando sobre esta investigação, interna e externamente. Queremos deixar claro que nenhum desses indivíduos foi demitido por simplesmente olhar documentos ou agendas durante o curso normal de seu trabalho.

Pelo contrário, nossa investigação minuciosa constatou que os indivíduos estavam envolvidos em pesquisas sistemáticas por materiais e trabalho de outros funcionários. Isso inclui procurar, acessar e distribuir informações comerciais fora do escopo de seus trabalhos — repetindo essa conduta mesmo depois de reuniões e lembretes sobre nossas políticas de segurança de dados. Essas informações, juntamente com detalhes de e-mails internos e descrições imprecisas sobre o trabalho dos Googlers, foram posteriormente compartilhadas externamente.

Em um dos casos, entre outras informações que eles acessaram e copiaram, um indivíduo se inscreveu nas agendas de uma ampla gama de funcionários fora do grupo de trabalho. O indivíduo configurou notificações para receber e-mails detalhando o trabalho e a localização desses funcionários, incluindo assuntos pessoais como conversas privadas, consultas médicas e atividades familiares — tudo sem o conhecimento ou consentimento desses funcionários. Quando os Googlers afetados descobriram isso, muitos relataram que se sentiam assustados ou inseguros e pediram para trabalhar em outro local. Capturas de tela de alguns de suas agendas, incluindo nomes e detalhes, foram posteriormente compartilhados com gente de fora da empresa.

Sempre levamos a segurança das informações muito a sério e não toleramos esforços para intimidar os Googlers ou prejudicar seu trabalho, nem ações que levem ao vazamento de informações sensíveis, sejam elas comerciais ou de clientes. Não é assim que a cultura aberta do Google funciona ou deveria funcionar. Esperamos que todos os membros de nossa comunidade cumpram nossas políticas de segurança de dados.

Felizmente, esses tipos de atividades são raras. Obrigado a todos que fazem a coisa certa todos os dias — realizando um trabalho incrível, enquanto inspiram e mantêm a confiança de nossos usuários, parceiros e entre si.

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