Em meio a investigações, Google deixa mais fácil desabilitar recursos inteligentes no Gmail

Nas próximas semanas, Google lançará atualização para o Gmail que visa facilitar a identificação de opções inteligentes no serviço de e-mail.
Google Gmail. Imagem: Stephen Phillips (Unsplash)
Imagem: Stephen Phillips (Unsplash)

Em breve, o Gmail ganhará uma opção evidente e nem tão escondida para desativar recursos inteligentes, como lembretes do assistente do Google para pagar suas contas e texto preditivo — aquele que vai completando a mensagem conforme você a digita. A novidade também será expandida para o gerenciamento de dados do Google Chat, Google Meet e Google Maps.

Sempre foi possível desativar essas funções, mas parece que a empresa aproveitou a oportunidade perfeita para anunciá-las, principalmente agora que ela enfrenta investigações que envolvem segurança e privacidade dos serviços do Google. Isso sem contar na forma como essas configurações lidam com a exibição de anúncios. A atualização deve ser lançada nas próximas semanas.

Será possível bloquear outros apps do Google de acessar as mensagens do seu Gmail. GIF: Google

O Google escreve em seu blog que a maioria dos usuários não procura nas configurações para habilitar recursos inteligentes, e os anúncios do Google “não são baseados em seus dados pessoais no Gmail”. O próprio CEO, Sundar Pichai, reafirmou isso várias vezes. O Google diz ter interrompido essa prática em 2017, embora no ano seguinte o Wall Street Journal tenha relatado que desenvolvedores de aplicativos de terceiros examinaram livremente as caixas de entrada com pouca supervisão.

Um porta-voz do Google enfatizou que a empresa só usa conteúdo de e-mail para fins de segurança, como filtragem de spam e tentativas de phishing.

Essas mudanças de personalização não são tanto para aumentar a segurança, mas sim para ressaltar que o Google pede o consentimento dos usuários. Isso pode usar para se defender do cerco atual que está sendo travado contra a empresa por órgãos reguladores. Anteriormente, a companhia expandiu o modo de navegação anônima para o Maps e deu opção de exclusão automática de dados no histórico de localização e na atividade da web e de aplicativos, entre eles o YouTube.

Consultas nos Estados Unidos e na União Europeia descobriram que as configurações de privacidade do Google podem ser tudo, menos focadas em privacidade. Depois que um artigo da AP de 2018 expôs a extensão da coleta de dados de localização, uma investigação descobriu que desligar essa opção no Android não era garantia de que o Google não coletaria essas informações. O Google nega tudo isso.

Uma ação coletiva de US$ 5 bilhões alega que o modo anônimo no Chrome não impediu o Google de capturar e compartilhar seu histórico de navegação. E no ano passado, reguladores franceses multaram o Google em quase US$ 57 milhões por violar o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia. A acusação era que a companhia supostamente teria escondido controles de privacidade sob cinco ou seis camadas de configurações.

É ótimo saber que o Google parece preocupado com nossa privacidade, mas esse anúncio também parece uma carta às autoridades reguladoras. “Esta nova configuração foi projetada para reduzir o trabalho de compreensão e gerenciamento [uma escolha sobre como os dados são processados], tendo em vista o que aprendemos com a pesquisa da experiência do usuário e a ênfase dos reguladores em escolhas do usuário compreensíveis e acionáveis ​​sobre os dados.”

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