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[Hands-on] Google Inbox: muito potencial, mas ainda precisa de ajustes

É fácil ver todo o potencial do novo app Inbox, do Google, que quer reinventar o email. Mas para ele atingir esse potencial ainda precisa de alguns ajustes.

Quando o novo app Inbox do Google foi anunciado ontem, minha reação inicial foi de ceticismo. Quantas vezes apps tentaram “consertar” os emails? O Inbox é a forma do Google ajudar a organizar todas as saudações, promoções, faturas e discussões que imploram pela sua atenção na caixa de entrada. E após usar o app por algum tempo, posso dizer que vejo potencial, mas ainda estou desconfiado de entregar meu email para ele.

>>> Inbox, o novo app do Google que quer reinventar o email

Abrir o Inbox e conectar sua conta do Gmail é simples e familiar, mas o que você encontrará o lugar da lista infinita de linhas de assunto e remetentes pode ser um choque para o sistema. As indicações convencionais (e essenciais?) de organização como data específica e hora foram embora. No lugar delas, os emails no Inbox são apresentados mais casualmente com Hoje, Ontem e Este Mês, seguidos pelos meses anteriores.

Os emails aparecem em lista assim como no Gmail, mas são espalhados através de Pacotes – pastas que juntam tipos comuns de mensagens. Eles são semelhantes às abas que apareceram no Gmail no ano passado.

Eis uma comparação do Inbox e da caixa de entrada do app do Gmail:

Os pacotes – parte fundamental do Inbox – deixaram um gosto meio amargo na minha boca, ao menos por enquanto. Você precisa confiar demais na automação do Google para ter certeza de que seus emails serão organizados corretamente sem deixar nada para trás. Seria ótimo ter um pacote para todas as notificações estúpidas de redes sociais que eu nem me dou ao trabalho de ler, mas eu preciso entrar nessa lista para ver se não mandaram para lá acidentalmente um email da minha mãe, e isso faz com que o recurso perca um pouco da utilidade. Mesmo se o Inbox nunca fizer algo estúpido assim, só o meu medo de que ele faça já me faz ser reticente em relação a ele. Mas se você não confia em robôs, como eu, pode simplesmente desempacotar os pacotes quando encontrá-los. Problema resolvido.

Outra forma que o Inbox tenta fazer o email ficar mais simples é ao incorporar gestos, um dos melhores recursos do Mailbox. Deslize um email para a direita e marque-o como “pronto”, ou para a esquerda para silenciá-lo. E tendo usado o Mailbox por quase seis meses até desistir dele, posso dizer que os gestos do Inbox são superiores. Existem algumas pequenas variações para lembrar, e deslizadas acidentais são menos  comuns. Eu também amo como o Inbox faz para deletar emails completamente. Não há nem uma opção para enviar algo para a lixeira. Tudo é um projeto para reduzir tomada de decisões supérfluas.

Mas o Inbox também adiciona novas decisões a serem tomadas sobre suas mensagens. Você pode “silenciar” um email e fazer ele voltar a aparecer em uma data, hora ou lugar específico. Você pode marcar um email, e a marcação faz o deixa como algo inconveniente, mas que você precisa lidar em algum momento. Eu gostei da terminologia usada pelo Google aqui. Sua tarefa não é “a fazer” ou “responder a”, é simplesmente um pino – algo que você quer rever em outro momento. Talvez algo legal que você quer lembrar depois! Mas vamos ser sinceros: provavelmente não.

Existem muitas outras ferramentas de produtividade incorporadas ao Inbox. Você pode criar um lembrete completamente independente de um email. Se você digitar “fazer uma reserva no restaurante”, ele vai automaticamente procurar o número de telefone do restaurante em questão e dará a opção de ligar para lá. Ele também vai mostrar os horários de funcionamento do estabelecimento. É bem estilo Google Now mesmo, e dá para perceber como aos poucos ele deve se integrar a outros serviços do Google. Isso é muito bom, se você gosta de deixar o Google ver todos os seus dados o tempo inteiro!

Um dos maiores destaques do Inbox é seu design. O Google está bastante ansioso para mostrar seu novo e delicioso paradigma de Material Design. Mas por mais elegante e afiado que seja o visual do Inbox, seu modo de exibição de informações é um pouco confuso. Olhando para sua lista de emails, é difícil encontrar exatamente o que você procura, já que há pouca mudança de fontes.

Para dar um exemplo, a linha de assunto e o remetente de uma mensagem são praticamente iguais. E a primeira coisa que me chama a atenção são os ícones coloridos de usuário à esquerda. A maioria das pessoas que me mandam emails não personalizaram os ícones, então fico olhando para círculos coloridos que não me dão informação alguma a não ser a primeira letra do primeiro nome.

O Inbox também tenta mostrar muita coisa de uma só vez. Meu Inbox está cheio de pacotes, fotos, lembretes, documentos e recibos. É bacana ter acesso instantâneo a tudo isso, mas faz o layout ficar um pouco confuso. Gostaria que o Inbox priorizasse mais as informações. As informações mais relevantes, de quem é esse email e quando ele foi enviado, isso deveria estar em destaque.

Tudo isso me faz questionar se os emails de fato precisam de conserto. Apps inteligentes de email tentam simplificar algo que nos atrapalha, mas nenhum deles conseguiu até agora. E com o Inbox as coisas não são diferentes, considerando o pouco que usei até agora.

Claro, como emails são atividades diárias, descobrir como o Inbox realmente funciona leva mais do que 24 horas de uso. Até agora me mantenho cético, mas é fácil ver o potencial dele, se escondendo atrás de alguns problemas de design e meu medo geral de deixar um algoritmo controlar a forma como recebo meus emails. Vou continuar usando o Inbox, e espero que não acabe mandando ele para o mesmo lugar que mandei o Mailbox – a lixeira.

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