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Google planeja interromper uso de cookies de terceiros no Chrome em 2022

O Google anunciou estar buscando alternativas para limitar o uso de cookies de terceiros no Chrome. O plano da empresa é fazer isso em dois anos, mas há ressalvas sobre o controle que a empresa pode ter no mercado.

Foto do logo do Google na página de buscas

Crédito: Alastair Pike/AFP/Getty

A peça fundamental para que anunciantes saibam de suas preferências e exibam anúncios que provavelmente vão te chamar a atenção de forma assustadora são os cookies. E o Google afirmou que planeja parar de usar cookies de terceiros no Chrome – uma iniciativa que pode mudar parte dos negócios que rolam na internet.

A função básica de um cookie é ajudar um site a reconhecer você e se você visitá-lo de novo, mas o que ele significa na prática varia. A ideia do Google é restringir empresas de software de anúncios e outras organizações a usar cookies de navegação em sites que eles não operam. Esse tipo de troca de cookies permite que um dado que você deixou em um site seja utilizado para exibir anúncios em outros espaços, por exemplo.

O movimento não seria inédito. Inclusive, parece ser uma resposta da gigante das buscas para as iniciativas de privacidade da Apple, que restringiu o uso de cookies no Safari em 2017, e da Mozilla, que adicionou mais controles ao Firefox. O impacto de uma decisão do Google é maior porque o Chrome abocanha uma fatia bem maior do bolo dos navegadores (63%) e porque a companhia é um dos principais vendedores de anúncios – grande parte da receita deles vem daí.

O Google afirma que a restrição aos cookies só deve acontecer quando eles encontrarem alternativas que sejam “viáveis para preservação da privacidade” sem prejudicar o modelo de negócios da web – a maioria dos sites só sobrevive com a renda via publicidade.

“Alguns navegadores reagiram a essas preocupações bloqueando cookies de terceiros, mas acreditamos que isso leva a consequências não intencionais que podem impactar negativamente tanto os usuários quanto o ecossistema web”, escreveu o diretor de engenharia do Chrome, Justin Schuh, em uma publicação no blog oficial do navegador.

Ele completou dizendo que minar o modelo de negócios de muitos sites pode encorajar o uso de técnicas questionáveis como o “fingerprinting“, o que poderia levar a menos controle e privacidade. Schuh tem razão, mas é possível que o Google desenvolva uma nova tecnologia para continuar o rastreio – afinal, o grosso da receita da companhia vem desse negócio. Em 2013 rolou um papo sobre a criação de um substituto para os cookies, por exemplo.

O Google incorporou há algum tempo uma espécie de bloqueador nativos no Chrome, que evita a exibição de propagandas enganosas. A empresa também tem tentado restringir o uso de bloqueadores de propaganda.

Desenvolvedores de extensões como uBlock e Ghostery insistem que a mudança será extremamente prejudicial aos bloqueadores e até mesmo para os usuários. Eles ainda acusam o Google de utilizar o discurso de que se preocupam com a privacidade dos usuários para justificar ações que garantem a dominação do mercado pela empresa – o que está diretamente relacionado com a iniciativa dos cookies, uma vez que poderia prejudicar concorrentes menores de oferecerem anúncios tão eficazes.

É uma discussão longa e complexa e, como diria o ditado, de boas intenções o inferno está cheio.

[Reuters via Chromium Blog]

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