Google: É claro que não estamos querendo acabar com os bloqueadores de anúncios

Google afirma que objetivo das atualizações do Chrome não é prejudicar adblockers, mas oferecer segurança e melhor desempenho aos usuários.
Mark Lennihan/AP Images

Há alguns meses, o Google anunciou que faria mudanças para melhorar questões de privacidade, segurança e desempenho nas extensões do Chrome. Mas, uma mudança em particular não agradou muito os desenvolvedores de bloqueadores de anúncios, que afirmaram que o Google estava tentando diminuir sua eficácia. Na época, pelo menos uma empresa ameaçou apresentar uma queixa antitruste.

Na quarta-feira (12), o Google respondeu com uma publicação que basicamente diz: “Nada disso. Não estamos tentando eliminar os bloqueadores de anúncios, apenas queremos torná-los mais seguros”. No centro da questão está a API de Web Request. O Google anunciou que estava substituindo algumas partes dessa API específica pelo que chama de Declarative Net Request API. Nas palavras do Google, a mudança significa que uma extensão “não precisa de acesso a todos os dados confidenciais de um usuário para bloquear conteúdo”. A empresa explica que a API de Web Request atual exige que os usuários concedam permissão para o Chrome transmitir todas as informações em uma solicitação de rede, e isso pode incluir dados privados, como e-mails e fotos. No entanto, a empresa afirma que a nova API permitirá que as extensões bloqueiem conteúdo sem exigir que os usuários forneçam acesso a dados privados.

“Tem havido muita confusão e equívoco em torno das motivações e implicações dessa mudança, incluindo a especulação de que essas mudanças foram projetadas para impedir ou enfraquecer os bloqueadores de anúncios”, escreveu o Google em um blog separado detalhando as diferenças entre as duas APIs. “Isso definitivamente não é o objetivo. Na verdade, essa mudança visa oferecer aos desenvolvedores uma maneira de criar bloqueadores de anúncios mais seguros e com melhor desempenho”.

Existem alguns números para sustentar o argumento do Google. A empresa diz que, embora muitas ferramentas boas, como bloqueadores de anúncios, usem a API de Web Request, ela também é usada de forma abusiva – 42% das extensões maliciosas aparentemente usaram essa API desde janeiro de 2018, segundo o Google.

Pelo menos superficialmente, isso parece uma coisa boa. Mas há alguns detalhes incômodos que nos fazem questionar esse argumento. Em janeiro, o Register informou que o Adblock Plus e os plugins similares que dependem da filtragem básica ainda poderiam funcionar, enquanto os mais sofisticados, como o uBlock Origin e o uMatrix, estariam completamente ferrados. Além disso, como muito bem observado pelo site, o Google convenientemente pagou o Adblock Plus para permitir que seus próprios anúncios não fossem bloqueados pelo software. Em um comunicado, Ghostery, outro bloqueador de anúncios popular, apontou que a Declarative Net Request API era limitada e que não seria possível “modificar ou eliminar solicitações potencialmente perigosas ou invasoras de privacidade”.

Dando um crédito ao Google, a empresa tem trabalhado com desenvolvedores externos para solucionar alguns problemas. O Google encerrou seu texto defendendo que o Declarative Net Request “ainda precisa ser trabalhado em termos de design e desenvolvimento” e que feedbacks da comunidade são bem-vindos. Desde sua proposta em janeiro, a empresa agora planeja elevar o número de extensões de regras que são usadas para identificar o conteúdo de 30.000 para 150.000.

Ainda assim, os desenvolvedores não estão convencidos. Em uma declaração à Wired, o presidente da Ghostery, Jeremy Tillman, disse: “Acho que eles estão tentando passar a impressão de que estão trabalhando com a comunidade de desenvolvedores, quando, na verdade, estão bastante irredutíveis em relação ao que querem fazer. A nova API não é em si algo ruim, mas se torna ruim quando é a única opção disponível porque não tem a flexibilidade que a API de Web Request oferece”.

Em última análise, tudo se resume a acreditar se o Google está ou não tentando diminuir lentamente a vida útil dos bloqueadores de anúncios e criar sua própria versão. O Google fatura muito com publicidade, então, cinicamente falando, a empresa não tem um grande motivo para facilitar as coisas para os bloqueadores de anúncios de terceiros. O Google não disse quando o Manifest V3 – o nome de todas as próximas mudanças, incluindo o Declarative Net Request, será lançado. É mais do que provável que o Google e os bloqueadores de anúncios de terceiros cheguem a algum tipo de acordo até lá – mas a eficiência para os usuários finais dependerá de qual versão da história você confia mais.

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