O Android 2.2 foi lançado, e ele é muito bom! Mas como será o futuro do Android? Um teclado melhor? Ele vai ficar mais sexy? E como exatamente o Google decide o que vai em cada versão do Android? Perguntamos ao chefe do Android, Andy Rubin.
A entrevista segue abaixo e você deve lê-la toda, mas se não der, os destaques seguem abaixo:
Na verdade é "bem aleatório" o que entra em cada versão do Android, e eles não fazem planos para além da versão que eles vão lançar
Não há muito que eles podem fazer quanto a celulares com interfaces customizadas que demoram para se atualizar para as versões mais recentes do Android
Eles sabem que o teclado poderia ser melhorado
A HTC pode estar sozinha no processo judicial que a Apple abriu contra eles
Os próximos seis meses vão "deslumbrar você"
Gizmodo: Então, uma coisa pessoal, uma pergunta que eu quero perguntar pessoalmente, é quando o teclado vai melhorar?
Andy: Bem, ele precisa de um pouco de melhora. Eu acho que fizemos um bom trabalho, dado que ele é genérico para os diferentes tipos de tela – você tem telas pequenas, telas grandes, você tem modo horizontal, você tem modo vertical. Mas o que eu acho que começa a ficar necessário é algo mais específico para o dispositivo. É um framework – bastante genérico – e nós precisamos fazer um trabalho melhor. A equipe de voz, eu acho, fez um bom trabalho ao basicamente tornar o teclado algo opcional em certas áreas. Eu falo com meu celular quando envio SMS. Eu falo com ele, e corrijo um pouco usando o teclado. Meu caso de uso primário é voz, mas eu acho que você está certo, nós precisamos mesmo até renová-lo um pouco.
Muito disso não é necessariamente o software – muitas vezes é o tipo de tela que a fabricante usa. Você já viu todos aqueles testes onde eles têm a touchscreen do Droid [Milestone], do Nexus [One] – elas são diferentes e é difícil fazer um teclado funcionar em tantas variantes de touchscreens.
Gizmodo: Já estamos no Froyo 2.2 agora, mas temos aparelhos com interfaces personalizadas, que geralmente ficam para trás na versão do Android. As pessoas com, por exemplo, um Droid Eris ou um Hero [ambos da HTC] esperaram cerca de seis meses ou mais [nos EUA] só para chegar no 2.1, e agora a versão 2.2 está chegando. Então como você aborda esse tipo de problema e qual a posição do Google em relação a isso?
Andy: Bem, se eu fosse um ditador eu iria forçar isso e todo mundo teria que ter a mesma versão ao mesmo tempo, e haveria uma grande mudança com muita fanfarra, mas isso não está nos planos. Então nós fazemos uma grande versão, e se eles decidirem adotar, eles adotam. A diferença entre os dois modelos: no primeiro modelo, é difícil para diferenciar, todo mundo recebe a mesma coisa. Então, com isso, você acaba transformando várias empresas em mercadorias, e isso é difícil, porque elas podem literalmente falir, potencialmente. O nosso modelo permite diferenciação. No que se trata de plataforma, ele é compatível, então os apps no Marketplace ainda vão rodar na plataforma. Mas é, eles têm que modular com que velocidade eles podem colocar suas funções que diferenciam o produto em cima da plataforma base, e isso é uma corrida.
Gizmodo: Mas se você não está rodando 2.1, por exemplo, você não consegue usar o app oficial do Twitter.
Andy: Bem, há programas escritos para o Vista, como o Photoshop CS5, que não rodam no Windows 3.1. É um fato, não há nada de novo aqui. Sempre foi assim e é por causa disso que eu fiz a distinção de legacy [programa, OS ou tecnologia usados hoje apesar de novas alternativas estarem disponíveis]. Nós temos legacy, e se alguém quiser usar uma função que está no novo sistema operacional, eles de fato não podem rodar esse app em um OS antigo. Então as coisas estão acontecendo tão rápido que fica óbvio que fomos do 2.0 pro 2.2 em um espaço de tempo muito curto. Eu acho que vamos reduzir a velocidade um pouco. Eu na verdade estou defendendo a ideia de lançar novas versões perto de épocas quando as pessoas compram mais, em maio e em setembro/outubro.
Gizmodo: Então como funciona o processo de atualização? Como você decide o que entra em cada versão?
Andy: É bem aleatório. Nós fazemos o roadmap de uma versão, então não planejamos um ano inteiro, nem dois anos nem cinco anos, como várias outras pessoas fazem. É comandado mais como uma empresa de internet comandaria, então existe bastante iteração, e o que estamos descobrindo é que inovação vem de todo lugar. Como os caras da Simplify Media, era uma empresa que adquirimos e agora as coisas deles estão na versão Froyo.
Gizmodo: A HTC está em uma posição interessante em termos de patentes: eles estão licenciando tecnologia da Microsoft. Isso de certa forma torna com que o Android não seja livre para uso deles. Você está preocupado com isso no futuro?
Andy: Se eu fizer uma implementação do codec MP3, mais tarde, o cara vendendo o dispositivo – o cara que está ganhando dinheiro – ele vai ter que pagar royalty pra MPEG Association, que são donos da propriedade intelectual em torno disso. Se eu implementar o protocolo ActiveSync para conversar com servidores Exchange, alguém vai ter que pagar a Microsoft pelo royalty. E isso acontece nos celulares hoje – não há diferença entre o Android e outras plataformas.
Gizmodo: O que você gostaria de consertar ou adicionar no Android? Por exemplo, o que está na sua lista de "Coisas que Eu Gostaria de Ter Feito"?
Andy: Bem, até mesmo para mim, quando lançamos a primeira versão, não pareceu uma 1.0, parecia meio que uma 0.8. Se você vir onde estávamos 18 meses atrás e onde estamos hoje, isso só torna o futuro mais brilhante. Porque a velocidade na qual fomos do 0.8 até o 2.2 foi tão rápida que estamos colhendo os resultados de dominar esse tipo de engenharia – esse tipo de engenharia iterativa – e toda a inovação, tipo, é bola pra frente. Vai ter coisa que vai simplesmente deslumbrar você. Em seis meses. Antes eram 18 meses, agora são 6 meses.
Gizmodo: Então onde você quer ver o Android daqui a um ano ou dois, em termos de grandes objetivos?
Andy: Para o Android, trata-se de números. É um produto final com fabricantes e categorias de produto finais, mas o que nós demonstramos no Google I/O foi bastante único. Nós demosntramos telas grandes e pequenas; nós demosntramos processador ARM e processador da Intel; e demonstramos coisas de fabricantes diferentes: HTC e Sony, do lado das TVs. Então veja, nós estamos em várias categorias de produtos, vários fabricantes, várias arquiteturas de CPU, agnósticos, e temos todos os serviços apontados para a plataforma, e a plataforma se espalhará entre essas categorias de produtos. Isso nunca foi feito antes.
Se você olhar para isso como um gráfico, estamos bem no meio de um gráfico de taco de hóquei agora. Você só percebe que estava bem no meio dele depois do fato, você olha para ele – ah, então era aí que estávamos! – mas estamos bem no meio dele agora. Então acho que será exponencial a quantidade de adoção [do Android].
Obrigado ao Andy Rubin, vice-presidente de Engenharia do Google e chefe do Android, por conversar com a gente!