Greta Thunberg faz apelo para resgatar ativistas no Afeganistão após tomada do Talibã

Milhares de pessoas ainda estão presas no país após a tomada do poder do grupo extremista Talibã.
Imagem: Kenzo Tribouillard/AFP (Getty Images)
Imagem: Kenzo Tribouillard/AFP (Getty Images)

A Fridays For Future, organização global de greve climática fundada há três anos por Greta Thunberg, está com problemas. Nesta quinta-feira (26), a conta do Twitter representando os ativistas do grupo que trabalham nos “Povos e Áreas Mais Afetadas” (MAPA) fez um apelo desesperado implorando por qualquer pessoa com recursos para ajudar a evacuar membros da ONG que estão presos no Afeganistão. Thunberg pediu que qualquer pessoa que pudesse ajudar deveria “entrar em contato com urgência”.

Não está claro quantos ativistas do Fridays for Future estão impossibilitados de deixar país tomado pelo grupo extremista Talibã, logo após tropas de soldados dos Estados Unidos começarem a deixar o local depois de 20 anos de operações. Mas sabe-se que os ativistas vinham atuando de forma bastante ativa na região. Durante as greves climáticas globais em 2019, cerca de 100 jovens afegãos arriscaram suas vidas ao marcharem pelo centro da capital Cabul.

O fato de Thunberg e seu grupo tentarem tirar seus ativistas do Afeganistão diz muito sobre a importância dos afegãos na luta pelo movimento climático. Além de comandar seis protestos climáticos nos últimos três anos, a Fridays For Future no país centrou jovens ativistas afegãos que participaram de reuniões internacionais para fazer seus apelos serem ouvidos. A própria Thunberg apareceu com líderes indígenas da justiça climática e elevou outros ativistas negros com plataformas menores ao palco global.

O Afeganistão é responsável por uma pequena fração das emissões globais, mas a ameaça da mudança climática é severa. O Índice de Risco Global do Clima Germanwatch colocou o país em sexto lugar no mundo entre as regiões mais afetadas pelo clima. Portanto, centralizar as vozes afegãs no clima global é essencial.

O colapso repentino do governo afegão não está apenas colocando os ativistas em perigo. Também ocorre poucos meses antes da próxima cúpula do clima das Nações Unidas, que será realizada em Glasgow, na Escócia, em novembro. A equipe do ex-governo do Afeganistão que planejava participar da conferência se espalhou por todo o país e se escondeu enquanto esperam para ver se os líderes do Talibã será aberto ao diálogo, ao menos no que diz respeito a pautas relacionadas ao clima e meio ambiente.

O Talibã, por sua vez, afirmou que trabalhará à favor dessas pautas climáticas. Em uma entrevista recente à Newsweek, Abdul Qahar Balkhi, um membro do alto escalão, disse que o grupo acreditava que “o mundo tem uma oportunidade única de reaproximação e união para enfrentar os desafios enfrentados não apenas por nós, mas também por toda a humanidade”, entre os quais ele mencionou as alterações climáticas.

Mas o grupo tem um histórico de usar a aridez crescente do país a seu favor, recrutando apoiadores entre os agricultores que lutam para manter estoques de safras e gado, e até mesmo oferecendo a esses agricultores salários melhores do que o que o governo oferece apenas para a agricultura. Também surgiram relatos de combatentes do Talibã reprimindo violentamente os protestos e atacando jornalistas, apesar das promessas de reforma.

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As condições em Cabul pioraram à medida que residentes, intérpretes e cidadãos americanos correm para escapar. Não muito antes de Fridays For Future enviar um tweet por socorro, a CNN relatou que dezenas de cidadãos afegãos e 12 militares dos EUA foram mortos em um ataque de dois homens-bomba e vários outros armados. O Estado Islâmico (ISIS), outro grupo extremista, posteriormente assumiu a autoria do ataque.

Outros jovens adultos também lutaram para deixar o país. Cinco membros da equipe feminina de robótica do Afeganistão foram recebidas no México depois de fugirem meio a temores de repressão nas mãos do Talibã.

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