Greve em Hollywood: entenda como isso pode afetar a produção de filmes e séries

Em votação quase unânime, sindicato que reúne designers, animadores, figurinistas e técnicos de produção autorizou a paralisação. Entenda as demandas da categoria.
Hollywood: Thomas Wolf
Foto: Thomas Wolf

Hollywood, distrito de Los Angeles e polo do audiovisual estadunidense, vive um clima de tensão. Isso porque na segunda-feira (4) os membros do International Alliance of Theatrical Stage Employees (IATSE), sindicato que representa os trabalhadores dos estúdios nos Estados Unidos, votaram a favor de uma greve de proporções nacionais.

A votação foi quase unânime: os resultados mostram que 90% dos eleitores votaram — e mais de 98% deles apoiaram a autorização da greve. Esta é a primeira vez, nos 128 anos de história do IATSE, que membros do sindicato autorizam uma paralisação em todo o país.

As reivindicações do sindicato envolvem salários maiores, o oferecimento de planos de saúde e previdência e mais períodos de descanso — bem como cortes mais relevantes nos lucros das produtoras com as produções em streaming. Os funcionários alegam que, com a chegada dos serviços video on demand, os orçamentos ficaram exorbitantes. O problema é que toda essa grana não chega às categorias de base da produção.

Os membros do IASTE trabalham nos bastidores da TV e Cinema como designers, animadores, figurinistas e técnicos de produção. Muitos reclamam de condições precárias de trabalho. Entre os principais problemas estão:

  • Cargas de trabalho consideradas insalubres.
  • Remuneração que não é compatível com a (grande) demanda.
  • Falta de descanso durante os intervalos para refeições, nos dias de trabalho e nos fins de semana.
  • Trabalhadores em certos projetos de streaming de “novas mídias” recebem menos, mesmo em produções com orçamentos que rivalizam ou excedem o de blockbusters.

“Nossa classe tem necessidades humanas básicas, como tempo para as refeições, sono adequado e fins de semana livres. Aqueles que estão na base da escala de pagamentos merecem nada menos do que um salário mínimo”, disse Matthew Loeb, presidente internacional da IATSE.

Há meses que a aliança está em um impasse com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), que representa grandes produtoras de cinema e televisão. Apesar das negociações, as duas entidades não chegaram a um acordo até o momento. “Espero que o AMPTP veja a resolução e volte à mesa com uma proposta significativa. Fizemos uma proposta e eles nunca responderam”, afirma Loeb em entrevista ao Los Angeles Times.

Em um comunicado na segunda-feira sobre os resultados da votação de autorização da greve, o AMPTP disse que “continua comprometido em chegar a um acordo que manterá a indústria trabalhando” e que, até o momento, estão negociando para evitar uma greve.

O IATSE vem recebendo apoio de celebridades, políticos e de outros sindicatos dos EUA ligados ao entretenimento — como o dos diretores, atores e roteiristas.

Uma greve da categoria pode significar mais que a paralisação de séries e filmes que estão em andamento — mas um golpe duro para o setor. A indústria do entretenimento, afinal, está em um momento delicado, se recuperando da pandemia Covid-19 após suspender gravações por quase um ano e meio. Sem contar que produções em streaming vem sendo lançadas num ritmo mais frenético, para satisfazer a demanda do público por novidades mensais nos catálogos.

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O caso de greve mais marcante da indústria do audiovisual foi o da Greve dos Roteiristas de 2007. A paralisação durou cerca de 100 dias e rendeu um prejuízo estimado em US$ 2,1 bilhões.

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