A guerra das forças armadas americanas contra o PowerPoint

Há uma força insidiosa afligindo as Forças Armadas nos EUA. É mais vasta que qualquer rede de insurgentes, e no entanto é mais infiltrada. Ela confunde os soldados e deixa generais acordados à noite. E vem inclusa em toda cópia do Microsoft Office.

Há uma força insidiosa afligindo as Forças Armadas nos EUA. É mais vasta que qualquer rede de insurgentes, e no entanto é mais infiltrada. Ela confunde os soldados e deixa generais acordados à noite. E vem inclusa em toda cópia do Microsoft Office.

O New York Times colocou esta história em destaque, na qual o PowerPoint é descrito como um inimigo que as forças armadas simplesmente não conseguem aniquilar. O programa é usado para comunicar praticamente tudo que eles precisam comunicar diariamente, e isso significa um volume de slides que entorpece a mente — eles chamam isso de "morte por PowerPoint". Estas são algumas das formas pelas quais as forças armadas estão se atolando no lamaçal dos PowerPoints:

  • Ele simplifica demais as coisas

A complexidade da guerra simplesmente não pode ser representada por um slide de PowerPoint, dizem os opositores. Um comandante do exército, Brigadeiro General H.R. McMaster, sugere que os bullet points não "levam em consideração as forças políticas, econômicas e étnicas interconectadas". "Se você separar a guerra de tudo isso", diz ele, "tudo se torna [só] um treinamento de mira".

  • Ele não simplifica as coisas o bastante

Como se pode ver pela imagem acima, exibida para o General Stanley A. McChrystal ano passado, gráficos e imagens não fazem sentido para a visão global da guerra. Vendo esta "tigela de espaguete", o general disse: "Quando nós entendermos esse slide, nós teremos vencido a guerra".

  • Ele é uma perda de tempo

Apresentações do PowerPoint são um pé no saco de fazer, e muitos membros em serviço são obrigados a fazê-las o tempo todo. Quando perguntaram para o líder de pelotão Ten. Sam Nuxoll o que ocupava a maior parte do dia dele, ele respondeu: "fazer apresentações no PowerPoint". Sério. Mas, como todo mundo que faz ou fez faculdade pode comprovar, pior que fazer apresentações no PowerPoint, é ficar sentado assistindo uma:  o general David Petraeus descreve isso como "pura agonia". As forças armadas americanas estão apanhando nas duas frentes de batalha aqui.

  • Ele gera problemas de comunicação

A ideia de que uma das forças armadas mais poderosas do mundo está lutando uma guerra contra o PowerPoint é interessante, mas confiar neste programa para a comunicação importante entre militares pode ter consequências sérias. O NYT descreve uma situação na preparação para a Guerra do Iraque, na qual slides de PowerPoint foram passados para lá e para cá feito batata quente à medida que a cadeia de comandantes tentava entender os detalhes da invasão. Quando o PowerPoint passa da periferia ilustrativa para o centro de uma campanha militar, isso não é nada bom.

Um general avisa que o PowerPoint cria "a ilusão de controle", e isso mostra o cerne da questão. É muito fácil deixar passar os espaços que existem entre os bullet points do PowerPoint. E apesar de conhecermos o problema, é difícil eliminá-lo. O PowerPoint não é apenas um recurso para burocracias mas é, de certa forma, um reflexo dessa burocracia, é é por esse motivo que muitos comandantes acham que os EUA estão comprometidos demais ao PowerPoint para abandoná-lo tão cedo. [New York Times]

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