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Há 20 dias fora do ar, plataforma do CNPq não tem previsão para funcionamento

Os usuários utilizam a plataforma para acompanhar andamento dos processos, emissão de pareceres, assinaturas de termos de concessão, relatórios técnicos e os custos

Foto: MCTI / Flickr

Não foi só o Lattes. A plataforma Carlos Chagas, essencial para a ciência brasileira, está fora do ar. O portal é a principal interface entre pesquisadores e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência ligada ao governo federal, responsável pela promoção de pesquisas. O ‘apagão’ no sistema já dura 20 dias e a demora em resolver o problema está deixando os pesquisadores preocupados. 

A plataforma é a principal interface entre o CNPq e pesquisadores. Ela é utilizada principalmente para operacionalizar chamadas públicas, editais e pagamento dos mais de 84 mil bolsistas vinculados ao órgão.

O CNPq é parte do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, atualmente comandado pelo engenheiro e astronauta, ministro Marcos Pontes.

Uma falha no dia 23 de julho  derrubou os sistemas. De acordo com informações do CNPq, o blackout foi provocado pela queima de um dispositivo que fazia parte do controlador de servidores. O órgão demorou 15 dias para restabelecer o Lattes, sistema que integra as bases de dados de vários currículos, grupos de pesquisa e instituições em um único local. Mas ainda não há previsão para que a plataforma Carlos Chagas volte ao funcionamento normal.

À Folha de S. Paulo, Samuel Goldenberg, pesquisador da Fiocruz, disse que a pesquisa nacional depende da plataforma, e que ele mesmo já está sofrendo com o sistema fora do ar — uma vez que não consegue acesso ao saldo financeiro do projeto que está coordenando, o andamento da pesquisa está comprometido. 

Há tempos os usuários já alertavam para o funcionamento instável da plataforma, mas ninguém imaginaria que haveria um apagão desta magnitude. “Posso afirmar com certeza que nunca houve uma situação como esta. Não temos a menor ideia da perda”, foi o que disse à FolhaJoão Viola, pesquisador do Instituto Nacional do Câncer. 

O próprio relatório do CNPq de 2020 já alertava: 

A defasagem do efetivo de servidores tem sido um ponto fraco atual que põe em risco nossa sustentabilidade do ponto de vista operacional e também estratégico e que compromete sobremaneira o relevante e central papel no Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia no que concerne ao desenvolvimento, operacionalização, implementação de melhorias e a colaboração para a formulação de políticas para o desenvolvimento científico, para além do fazer diário de gestão do fomento.

Os recursos direcionados para CNPq têm diminuído a cada ano. Em 2021, o conselho recebeu o menor orçamento desde 2012. Além de corte no número de funcionários. A reportagem disse que o CNPq nega que a falha tenha relação com a queda de orçamento. 

Ainda assim, a agência continua sendo a maior do país. No ano passado, quase 28 mil artigos artigos científicos publicados tiveram financiamento do CNPq. Dado que representa 40% da produção científica no país. 

Apesar disso, Goldenberg descreve o que todos nós estamos sentindo no momento. Para ele ‘ver o CNPq nessa situação é doído, porque é extremamente importante para alavancar o futuro do país’. 

[Folha de S. Paulo]

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