[Hands-on] Firefox OS na Vivo: um longo caminho a percorrer

Este ano, a Vivo/Telefonica anunciou parceria com a Mozilla para trazer ao mercado celulares baratos com Firefox OS. O lançamento está previsto para o início de 2013, mas pudemos testar um protótipo aqui na Futurecom 2012. Ele tem chance contra os Androids baratos? Conversamos com Felipe Cunha, da Vivo, que nos demonstrou um protótipo da […]

Este ano, a Vivo/Telefonica anunciou parceria com a Mozilla para trazer ao mercado celulares baratos com Firefox OS. O lançamento está previsto para o início de 2013, mas pudemos testar um protótipo aqui na Futurecom 2012. Ele tem chance contra os Androids baratos?

Conversamos com Felipe Cunha, da Vivo, que nos demonstrou um protótipo da ZTE rodando um build recente do Firefox OS. Ele tem processador da Qualcomm e suporte a aceleração OpenGL, demonstrado no vídeo acima (o crânio 3D).

Cunha diz que os aparelhos com Firefox OS devem chegar ao Brasil custando entre US$100 e US$150 (R$200 a R$300). Mas esse preço baixo, diz ele, só seria possível com produção local. Cunha revela que duas fabricantes já consideram trazer dispositivos com Firefox OS ao mercado: a ZTE e a Alcatel.

Quanto ao sistema, ele explica que a equipe da Mozilla atualiza o sistema todo dia (algo como os nightly builds do Firefox), então dependendo do build, há certas funções – ou mesmo bugs – que não aparecem em outras.

Como se trata de um protótipo de software, a experiência ainda é um pouco frustrante, como você nota no vídeo acima. Alguns apps não funcionam, outros demoram a abrir, enquanto outros travam. Por exemplo, na demonstração que fizemos, diversos apps funcionaram bem, mas a homescreen travou e exigiu reset do aparelho.

Isto é compreensível para um software em beta, mas o lançamento está cada vez mais próximo. A Mozilla consegue resolver todos esses bugs nos próximos meses? Se não conseguir, os consumidores vão tolerar isto devido ao preço baixo dos aparelhos?

Interface e apps

A versão que testamos tem várias semelhanças com o Android e iOS. Ele não está tentando ser diferente: o Firefox OS quer ser funcional em hardware bem simples – e barato.

Ao ligar o aparelho, você chega a uma tela de trava que permite escolher entre destravar o aparelho ou abrir a câmera. A tela inicial possui apenas ícones (não havia widgets). A exceção fica para a primeira tela à esquerda: ela permite pesquisar conteúdo no seu celular ou na internet (como o Spotlight no iOS).

Também há uma barra de notificação, que você pode deslizar para baixo: isto revela controles para Wi-Fi/Bluetooth/etc. na parte inferior. Você pode descartar notificações individualmente deslizando-as para o lado. E você alterna entre apps segurando o botão Home, como no Android.

O Firefox OS vem com apps feitos em HTML5. Isso não significa que eles exijam internet para funcionar: por exemplo, você pode acessar a calculadora, jogos ou o discador sem ter acesso à web – eles estão armazenados e rodam localmente.

E para usar a internet, o sistema inclui apps básicos, como e-mail, redes sociais, calendário (que sincroniza com Google e CalDav) – e claro, o navegador Firefox, com aparência semelhante ao Firefox para Android. (Durante o teste, a rede 3G não estava funcionando, nem o Wi-Fi do estande). Ele também inclui opções avançadas como hotspot via Wi-Fi ou USB.

Para incluir mais apps, o Firefox OS terá o Marketplace, que ainda não funciona. A Vivo talvez inclua uma loja também, que pode estar dentro do Marketplace, ou em app separado.

Um aparelho para as massas

O foco do Firefox OS é em aparelhos pré-pago, então é importante monitorar o saldo e o consumo de dados. E há um app para isso, detalhando quantas ligações você fez, e quantos SMS você enviou. Ele obtém seu saldo através de SMS: Cunha explica que o sistema envia um SMS gratuito de forma periódica para checar o saldo.

Ele também lembra que o OS não é responsabilidade apenas da Mozilla: Vivo e Telefónica España trabalham com a experiência do usuário. Por exemplo, ele diz que os espanhóis não pensavam em colocar um app de rádio FM no sistema, mesmo que o hardware já possua o receptor. Como no Brasil isso é essencial em aparelhos de baixo custo, o app foi criado e já está no build que testamos.

Tem chance?

Por enquanto, a experiência é frustrante: ele obviamente não está pronto para uso diário. Mas ele pode ser bom. A maioria dos dumbphones tem um navegador incompetente e mal-pensado. No Firefox OS, o browser é o coração do sistema. E a experiência básica – ligações, mensagens, multimídia – está lá. E tudo em uma touchscreen, que permite mais espaço para a web. (Ainda não vimos protótipos do Firefox OS com teclado físico.)

Mesmo assim, estou um pouco preocupado. Faltam poucos meses para o Firefox OS chegar ao mercado, e ele ainda está muito cru. Por mais que a equipe da Mozilla esteja trabalhando sem parar, como sugerem os nightly builds todo dia, talvez seja esperar muito que o Firefox OS chegue pronto no início do ano que vem.

E por mais que os bugs sejam corrigidos, ainda me resta uma grande dúvida. O Firefox OS me lembra bastante o Chrome OS: é um sistema diferente, baseado em Linux, que usa a web como plataforma. Afinal, claro que a Mozilla quer transformar o navegador em plataforma. Mas se o Chrome OS ainda não deu certo, depois de tanto tempo e tanto apoio do Google, por que o Firefox OS daria?

Ah, pode ser o preço. Só que ele mira em um mercado onde o Android e o Nokia S40 ganham espaço há tempos, com aparelhos igualmente baratos, e hoje mais capazes.

O Firefox OS quer ser o smartphone para as massas. E com apps básicos e o apoio da Vivo, ele tem alguma chance. O Firefox OS será bem-sucedido? Depende da Mozilla: eles precisam entregar um OS mais sólido do que eu testei. E depende das fabricantes: o preço realmente precisa ficar abaixo dos R$300. Saberemos se o Firefox OS dará certo no ano que vem.

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