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Homem faz 1º transplante de 5 órgãos do mundo para tirar câncer raro

Numa mesma operação, paciente americano recebeu fígado, estômago, pâncreas, duodeno, intestino delgado, baço e cólon direito - estes dois últimos, removidos após o procedimento. Entenda como isso foi possível

Transplante

Imagem: National Cancer Institute/Unsplash/Reprodução

O americano Andy Voge, de 33 anos, descobriu que sofria de um tipo de câncer raro em 2019. Ele estava com pseudomixoma peritoneal (PMP), uma doença que primeiro se manifesta no apêndice e acaba evoluindo por toda a cavidade abdominal. 

Cerca de 80% dos pacientes que identificam o tumor conseguem tratar o problema com terapias convencionais. Voge, porém, não estava nesse grupo. Os tratamentos tradicionais não foram suficientes para ele, que passou 14 meses sendo nutrido por via intravenosa após o tumor obstruir seu intestino. 

No início de 2021, os médicos declararam que não havia solução, e recomendaram ao paciente cuidados paliativos. Mas o médico cirurgião Anil Vaidya, da Cleveland Clinic, trouxe uma nova esperança ao caso. 

Vaidya havia realizado a primeira cirurgia de múltiplos órgãos na época em que trabalhava nos Hospitais Universitários de Oxford, no Reino Unido. O paciente pioneiro também sofria de PMP e, ao ouvir a história de Voge, o médico considerou que poderia ajudar. 

Em 10 de setembro de 2021, Andy Voge foi operado. Durante o processo, foram colocados cinco novos órgãos dentro do seu corpo – um a mais do que Vaidya havia modificado anteriormente. Compunham a lista o fígado, estômago, pâncreas e duodeno (complexo pancreaticoduodenal, que você vê na animação abaixo), baço, intestino delgado e cólon direito.

Imagem: Cleveland Clinic/Reprodução

O objetivo do novo baço era aumentar a proteção imunológica dos órgãos recém-transplantados e melhorar o fluxo sanguíneo para o pâncreas até o transplante ser finalizado, enquanto o cólon deveria ajudar a proteger o novo intestino de infecção e melhorar sua capacidade de absorver nutrientes. Ambos os órgãos foram retirados ao final da cirurgia.

O paciente teve que permanecer 51 dias no hospital devido a problemas pós-operatórios. Porém, nove meses após o transplante, Voge já apresenta melhoras, consegue digerir alimentos sólidos e voltou a realizar atividades como andar de bicicleta e caminhar ao ar livre. Até então, não foram detectados sinais de retorno do câncer.

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