Huawei cancela lançamento do laptop MateBook, citando o banimento comercial dos EUA

Lançamento do laptop MateBook estava previsto para acontecer durante a CES Asia 2019, em Shangai, mas foi suspenso devido ao conflito com os EUA.
Crédito: Ng Han Guan/AP

A gigante de tecnologia chinesa Huawei cancelou o lançamento do novo laptop MateBook planejado para acontecer durante a CES Asia 2019, em Xangai, essa semana devido às sanções impostas pelos EUA à empresa, segundo publicado pela Ars Technica na quarta-feira (12).

As notícias do cancelamento foram divulgadas primeiramente pelo Information no início desta semana. De acordo com a CNBC, o CEO da divisão de consumo da Huawei, Richard Yu, confirmou que devido ao fato de a empresa ter sido incluída na Lista de Entidades dos EUA, “não será possível fornecer o PC”. Yu acrescentou que a situação era “infeliz” e qualquer data futura de lançamento “depende de quanto tempo a empresa vai permanecer na Lista de Entidades”.

Conforme observado pelo Information, laptops são apenas uma pequena parte da quase metade da receita de US$ 107 bilhões da Huawei gerada pela divisão de eletrônicos, mas a empresa tinha a expectativa de tornar o seu negócio de PCs lucrativo em 2019.

A administração de Donald Trump aprovou uma ordem executiva no mês passado alegando emergência de segurança nacional que barrou companhias americanas de utilizar tecnologias fabricadas por empresas que representam um risco à segurança. A Huawei era claramente o alvo dessa medida. Pouco tempo depois, o Departamento de Comércio acrescentou a Huawei e 70 afiliadas à chamada Lista de Entidades. A lista limita estritamente as operações da Huawei com os estados; a empresa não pode mais adquirir tecnologias americanas sem a aprovação dos EUA, o que não se restringe apenas a partes e componentes, mas também qualquer produto que tenha uma influência significativa dos EUA em sua fabricação, como softwares e outras tecnologias.

No entanto, o Departamento de Comércio também estabeleceu um prazo de 90 dias para que a Huawei tenha uma “licença geral temporária” para fazer negócios com empresas americanas, o que é “necessário para manter e apoiar redes e equipamentos ainda em operação, incluindo atualizações e ajustes de softwares, sujeitos a contratos e acordos”. O período expira em 19 de agosto.

O drama envolvendo a Huawei se tornou uma questão central na atual guerra comercial entre China e Estados Unidos, que escalou ao ponto de o New York Times recentemente relatar que há “evidências crescentes” de uma desaceleração do crescimento econômico mundial. Os Estados Unidos atacaram a Huawei com acusações de roubo e fraude comerciais e busca extraditar uma das executivas com maior posição na empresa com alegações de fraude bancária e violação de sanções ao Irã. Agências de inteligência dos EUA têm emitido advertências (embora com poucas evidências divulgadas) de que a Huawei foi secretamente financiada, e seus equipamentos de telecomunicação podem ser grampeados por serviços de inteligência e segurança chineses.

A Huawei negou fortemente qualquer envolvimento com ações de espionagem e argumentou que o governo norte-americano está simplesmente tentando derrubar a empresa para eliminar a concorrência na corrida por 5G. A companhia chinesa também está processando o governo norte-americano, alegando que tem recebido um tratamento injusto dos agentes federais. Também existe a possibilidade de que a administração do Trump está atacando a Huawei, uma das joias da indústria tecnológica da China, com o objetivo de ganhar vantagem na guerra comercial – embora, se esse for o caso, o plano pode ter o efeito contrário, já que a China está ameaçando também adotar medidas de retaliação a empresas norte-americanas.

A Huawei compra cerca de US$ 20 bilhões em semicondutores por ano, de acordo com estimativas da Evercore citada pela CNBC, sendo a maioria de empresas norte-americanas. Segundo a Ars Technica, a Intel e a ARM recentemente adotaram medidas para se distanciarem da Huawei. A Qualcomm e a Broadcom, grandes fabricantes de chip, também fizeram o mesmo.

A divisão de smartphones da Huawei desenvolve seus próprios processadores e não parece ter sido afetada por enquanto, segundo a CNBC, mas a empresa poderia perder acesso ao sistema operacional Android do Google depois que a licença de 90 dias expirar, e a empresa utiliza tecnologias americanas em outros componentes de seus celulares. (O Google advertiu que forçar a Huawei a rapidamente desenvolver e implementar versões malfeitas do Android com base na versão open source do sistema representa por si só um risco à segurança.)

O Ars Technica também mencionou um texto do jornal chinês Global Times, controlado pelo governo, que noticiou o adiamento do MateBook.

“A Huawei vai lançar um novo laptop em julho, com diferentes modelos e configurações em relação a séries anteriores como o MateBook e o HonorBook, confirmou uma fonte familiar ao assunto ao Global Times”, publicou o jornal. “O novo laptop será equipado com sistema operacional Windows, de acordo com a fonte, contrariando os rumores sobre a Microsoft suspender negócios com a Huawei”.

A fonte do Global Times “negou as afirmações de que a Huawei havia suspendido a fabricação de laptops devido ao controle de exportação imposto pela administração de Trump em meio a crescente guerra comercial”, escreveu o jornal, acrescentando que “líderes da indústria” se referiram à essa persistência como uma “atitude inspiradora”.

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