Huawei fecha acordo com TomTom para contornar proibição do Google Maps

A Huawei fechou um acordo com a empresa de mapas TomTom para utilizar dados dos mapas, informações de trânsito e software de navegação da parceira no desenvolvimento de apps próprios.
Logo da Huawei
Imagem: Patricia de Melo Moreira/Getty Images

A Huawei vem se movimentando para garantir que seus smartphones não se tornem limitados caso a sanção dos EUA continue. A fabricante chinesa firmou um acordo com a TomTom, empresa neerlandesa que oferece tecnologia de localização, para que possa desenvolver apps próprios utilizando os dados dos mapas, informações de trânsito e software de navegação da parceira.

O acordo, que foi noticiado pela Reuters, é significativo para a Huawei porque significa que a empresa está se movimentando para minimizar os efeitos do embargo comercial imposto pelos EUA.

No ano passado, o presidente Donald Trump colocou a Huawei na chamada “Lista de Entidades“, que impede que empresas americanas façam negócios com a Huawei sem uma licença especial. A justificativa é a de que a companhia chinesa oferece riscos à segurança nacional.

Por isso, o Google suspendeu o acesso da Huawei ao sistema operacional Android, bem como seus aplicativos e serviços proprietários, incluindo o Google Maps. A Huawei utiliza software e componentes americanos para seus smartphones.

Embora a proibição dos EUA não tenha um impacto tão grande para a Huawei na China, já que os serviços do Google são bloqueados por lá de qualquer maneira, ela é importante a nível internacional – muitos dos consumidores dependem dos apps da gigante das buscas.

Se a Huawei permanecerá na Lista de Entidades dos EUA no futuro é incerto. A companhia não fez parte da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China que foi assinado há alguns dias.

Na verdade, pouco antes de os dois países assinarem o acordo, o Secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que ele “não via a Huawei como uma peça do jogo” e que a companhia fazia parte do diálogo de segurança nacional, e não do diálogo econômico, o que significa que o problema seria negociado de forma separada.

Autoridades dos EUA recentemente desencorajaram ministros britânicos de usarem as tecnologias da Huawei em suas redes 5G, argumentando que a iniciativa poderia colocar o compartilhamento de inteligência transatlântica em risco. Entretanto, o Guardian relata que o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, deve ignorar os conselhos dos EUA e aprovar o uso da tecnologia da Huawei nas redes 5G do país.

O novo acordo com a TomTom não é a única indicação de que a Huawei está trabalhando ativamente para se livrar das dores de cabeça causadas pela proibição dos EUA.

Depois de os EUA anunciar que a companhia havia sido restrita, a Huawei anunciou o seu próprio sistema operacional que serviria de alternativa ao Android no futuro, chamado HarmonyOS.

O sistema operacional da Huawei, que a companhia pretende liberar aos poucos durante os próximos anos, foi projetado para funcionar em uma variedade de dispositivos, incluindo TVs, smartphones, tablets e produtos de Internet das Coisas (IoT).

A Huawei também tem a sua própria versão da Google Play Store, chamada App Gallery, que pode ser utilizada para baixar aplicativos nos celulares da companhia.

No primeiro evento para desenvolvedores, chamado Huawei Developer Conference, que aconteceu no Reino Unido e na Irlanda, a empresa anunciou um plano de investimento de £20 milhões (cerca de R$ 108 milhões) com o objetivo de encorajar desenvolvedores nesses países a criarem aplicativos para o App Gallery. No Brasil, também citaram investimentos, mas não abriram valores.

No final das contas, a Huawei não está parada esperando que os Estados Unidos mudem de ideia. Aos poucos, a empresa está criando os elementos que precisa para um futuro independente dos serviços do Google e do Android.

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