
IA é boa na previsão do tempo, mas ainda falha em alertas extremos
Os modelos de IA (inteligência artificial) já são capazes de fazer previsão do tempo precisa a curto prazo. No entanto, ainda têm dificuldades para alertar sobre eventos meteorológicos como inundações, ondas de calor e furações.
Isso porque suas redes neurais se baseiam em padrões do passado para prever o futuro. Portanto, situações climáticas inusitadas podem surpreender as ferramentas tecnológicas.
A descoberta é de um novo estudo de universidades dos Estados Unidos está testando os limites da previsão do tempo com IA. A pesquisa publicada nesta terça-feira (20) revelou que as redes neurais não conseguem prever eventos climáticos além do escopo dos dados de treinamento existentes.
As IAs de previsão do tempo funcionam de forma similar a outras redes neurais, como o ChatGPT. Ou seja, o modelo é “treinado” com um conjunto de texto ou imagens, buscando por padrões. Dessa forma, quando um usuário faz uma pergunta, a ferramenta analisa padrões anteriores para prever a resposta. No caso das IAs do tempo, as redes são alimentadas com décadas de dados meteorológicos.
Tratando-se de prever padrões, as IAs oferecem a mesma precisão de um modelo meteorológico de última geração, como um supercomputador, que consome muito mais energia. Porém, a diferença entre elas e os modelos tradicionais climáticos é que estes foram projetados para incorporar a compreensão da matemática e da física que regem a dinâmica atmosférica, correntes de jato, entre outros fenômenos.
Qual o problema de usar somente a IA para previsão do tempo?
Como parte da pesquisa, a equipe treinou uma rede neural com décadas de dados meteorológicos, removendo furacões acima da categoria 2. Em seguida, alimentaram a rede com uma condição atmosférica que levaria a um furacão de categoria 5 em poucos dias. Como resultado, o modelo não conseguiu prever a força correta do furacão, subestimando-o.
Em casos de falsos negativos na previsão do tempo, pessoas poderiam ser evacuadas sem necessidade, ou pior: não serem evacuadas em uma situação severa. A limitação é importante, visto que os pesquisadores usam redes neurais em previsões meteorológicas, sistemas de alerta e avaliações de risco, por exemplo. Por essa razão, nenhum serviço importante utiliza apenas modelos de IA para previsões climáticas. Ao menos por enquanto.
Contudo, os cientistas afirmam que é possível resolver o problema usando matemática e física nas ferramentas. Uma possibilidade é usando aprendizado ativo, no qual a IA ajuda a orientar modelos climáticos tradicionais baseados em física para criar exemplos de eventos extremos e aprimorar seu treinamento. Recentemente, pesquisadores também descobriram que o modelo poderia prever furacões mais fortes em diferentes partes do mundo se houvesse um anterior em outros locais em seus dados.