Tecnologia

IA é muito cara para roubar seu emprego (por enquanto), diz estudo

Pesquisadores acreditam que empresas não devem se beneficiar economicamente por automatizar a maioria das funções com IA, pelo menos por hora
Imagem: Freepik/Reprodução

A IA (Inteligência Artificial) não deve ser uma ameaça para os empregos… pelo menos por enquanto. É o que diz um estudo do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), nos EUA. De acordo com a pesquisa, a tecnologia IA ainda é muito cara para substituir a mão de obra humana.

Os pesquisadores do MIT analisaram a relação custo-benefício da automação de tarefas, com foco em funções que pudessem utilizar visão computacional, como professores, padeiros e, até mesmo, corretores de imóveis.

Mas o que é visão computacional? Esse segmento da ciência da computação programa e configura máquinas para identificar e entender objetivos e pessoas em imagens e vídeos, segundo a Microsoft.

De acordo com o estudo, somente um quarto dos trabalhos baseados em visão computacional valeria a pena ser automatizado. Na maioria dos casos, trabalhadores humanos ainda são mais baratos de manter. Por outro lado, a tecnologia de reconhecimento visual assistida por IA é cara demais para instalar e operar.

“Descobrimos que seria rentável para as empresas automatizarem apenas 23% da remuneração dos trabalhadores ‘expostos’ à visão computacional por meio de IA, devido aos altos custos iniciais dos sistemas de inteligência artificial”, explicou o artigo.

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Padeiro fazendo doces

Automatização pela IA em padarias ainda não vale a pena, segundo estudo do MIT (Imagem: Elevate/Unsplash)

No caso de padeiros, em específico, o estudo mostrou que a visão computacional poderia ser utilizada para verificar a qualidade dos ingredientes. Contudo, os pesquisadores concluíram que essa etapa do processo de fabricação de pães é “somente seis por cento das responsabilidades” da profissão.

Segundo o artigo publicado pelo MIT, “uma padaria pequena, com cinco padeiros que ganham salários medianos (US$ 48 mil por ano), teria potencial de economizar US$ 14 mil por ano com a economia de mão de obra por meio da automação dessa tarefa. Este montante é muito inferior ao custo de desenvolvimento, implantação e manutenção de um sistema de visão computacional e, portanto, concluímos que não é econômico substituir o trabalho humano por um sistema de IA nesta padaria”.

O estudo do MIT é uma das primeiras tentativas de entender quais tarefas podem ser automatizadas por empresas para gerar algum benefício econômico. Embora existam outras pesquisas que identificam e estudam tarefas mais expostas à automação da IA, esses estudos costumam ignorar os custos envolvidos na implementação da IA, segundo os pesquisadores do MIT.

Estudos sobre IA e trabalho não consideram custo da automação

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Imagem: Pixabay/lutie8211

Para os cientistas, a ansiedade causada pelas rápidas mudanças tecnológicas está diretamente ligada ao surgimento de grandes modelos de linguagem de inteligência artificial. Porém, eles observam que as previsões são vagas quando o assunto é o cronograma da automação.

Ainda segundo os pesquisadores, os estudos “não consideram diretamente a viabilidade técnica ou econômica dos sistemas de IA, mas, em vez disso, usam medidas de similaridade entre tarefas e capacidades de IA para indicar a exposição”.

Não só trabalhadores ficam preocupados em serem substituídos por máquinas. O próprio FMI (Fundo Monetário Internacional) acredita que a IA pode “piorar desigualdade” no mundo, como notificamos aqui no Giz Brasil.

Segundo uma análise do órgão, a tecnologia vai impactar, em média, 40% dos empregos do mundo. Entretanto, o estudo do FMI não estabelece um período para isso acontecer, comprovando as conclusões da pesquisa do MIT.

Por fim, os cientistas do MIT acreditam que “no geral, as nossas descobertas sugerem que a deslocação de empregos pela IA será substancial, mas também gradual — e, portanto, há espaço para políticas e treinamentos, com foco em mitigar os impactos do desemprego”.

Murilo Tunholi

Murilo Tunholi

Jornalista especializado em tecnologia, jogos, entretenimento e ciência. Já passou por grandes redações do Brasil (TechTudo, Tecnoblog, Terra e Olhar Digital) e trabalhou com relações públicas e assessoria de imprensa na Theogames, atendendo à Blizzard Entertainment e mais clientes do mercado de videogames. É apaixonado pela cultura geek, música e produção de conteúdo. Nas horas vagas, é aspirante a artista marcial e cozinheiro.

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