IBM quer usar sensor no seu smartphone para criar previsão do tempo de alta resolução

No mundo das previsões meteorológicas, a batalha pela supremacia é geralmente travada entre os modelos europeu e americano, mantidos pelas agências governamentais dos EUA e da União Europeia. Mas há muitas outras opções para escolher, e uma nova surgiu nesta terça-feira (8), na CES 2019, em Las Vegas. A IBM e sua subsidiária The Weather […]
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No mundo das previsões meteorológicas, a batalha pela supremacia é geralmente travada entre os modelos europeu e americano, mantidos pelas agências governamentais dos EUA e da União Europeia. Mas há muitas outras opções para escolher, e uma nova surgiu nesta terça-feira (8), na CES 2019, em Las Vegas.

A IBM e sua subsidiária The Weather Company (TWC) criaram um modelo que visa oferecer uma perspectiva extremamente detalhada do clima ao redor do mundo. Se for comprovadamente preciso, o modelo pode mudar a previsão do tempo, particularmente no mundo em desenvolvimento, onde a escassez de dados dificulta as boas previsões. Mas também pode gerar controvérsia ao depender de dados de celular do aplicativo Weather Channel, que a cidade de Los Angeles processou recentemente por enganar seus usuários sobre a quantidade de dados que coleta.

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O novo modelo, apelidado de Global High-Resolution Atmospheric Forecasting System (“Sistema Global de Previsão Atmosférica de Alta Resolução), ou GRAF, tem algumas coisas a seu favor, mas o mais impressionante é sua resolução. O modelo se baseia na estrutura do modelo MPAS, criado pelo Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos EUA, financiado pelo governo federal do país.

Usando essa estrutura e supercomputadores potentes (falaremos mais sobre isso em um instante), o GRAF emite previsões com uma precisão de três quilômetros em lugares como os EUA, com uma infinidade de dados. No mundo em desenvolvimento, onde os dados não são tão disponíveis, essa resolução é de 15 quilômetros. Além disso, o GRAF é atualizado a cada hora.

Em comparação, o modelo europeu oferece uma resolução plana de nove quilômetros, enquanto o modelo americano funciona com 13 quilômetros. Esses modelos são atualizados apenas algumas vezes por dia.

“Um dos objetivos de funcionar com resolução mais alta é elevar os padrões de previsão do tempo (no mundo em desenvolvimento) de acordo com outros padrões do resto do mundo”, disse Todd Hutchinson, líder em análise meteorológica computacional e previsão da TWC/IBM, ao Earther.

A resolução super alta permite que o modelo resolva detalhes íntimos na atmosfera, mostrando não apenas uma grande tempestade chegando, mas também células de tempestade individuais embutidas nela. Ter esse tipo de informação pode ser útil para uma série de pessoas, desde gerentes de emergência que se preparam para um tornado até controladores de tráfego aéreo preocupados com a turbulência.

Mas uma maior resolução não garante imediatamente uma melhor previsão. O modelo precisa, é claro, acertar a previsão. Hutchinson disse que o GRAF tem funcionado relativamente bem no geral, mas que ainda existem desafios na previsão de tempestades em que o modelo vai de três a 15 quilômetros de resolução. Isso acontece gradualmente, e os algoritmos de mudança de uma área para a seguinte são uma linha complexa que esperamos que corra mais suave à medida que Hutchinson e sua equipe reúnem mais modelos para comparar com o clima de verdade, que está acontecendo no mundo real.

Nada disso seria possível sem uma enorme capacidade computacional. O sistema funciona com uma configuração semelhante à dos supercomputadores Summit e Sierra, do Departamento de Energia dos EUA, que estão entre os mais robustos do mundo (embora não seja necessariamente tão rápido quanto). Para processar todos os dados, o sistema tem 3,5 petabytes de armazenamento elástico, equivalente a aproximadamente 55 mil iPhones de 64 GB.

A razão pela qual todo essa potência computacional é necessária é que, além das formas tradicionais de dados meteorológicos de balões e observações de estações meteorológicas em todo o mundo, o GRAF também se baseia em dados atmosféricos coletados por aviões e dados de pressão terrestre de milhões de telefones celulares que têm o aplicativo Weather Channel.

A maioria dos smartphones tem um barômetro no interior, que é usado para ajudar o rastreador fitness do seu telefone a descobrir quantas escadas você subiu. Há anos, ele tem sido um Santo Graal para os meteorologistas, porque a pressão fornece pistas sobre tempestades. Porém, embora acessar uma rede de minúsculos sensores de pressão abra um mundo de melhorias na previsão, isso também levanta preocupações de privacidade, especialmente nesse caso. Ainda na semana passada, o aplicativo Weather Channel foi fortemente criticado por supostamente enganar os usuários e coletar uma grande quantidade de dados para a TWC lucrar com isso.

Na CES, a IBM disse que os usuários podem optar por aceitar esse novo tipo de coleta de dados assim que o modelo for ampliado no final de 2019. Mas isso é mais um lembrete dos sacrifícios que os usuários cada vez mais enfrentam quando ponderam ter maior privacidade ou saber se devem pegar o guarda-chuva antes de sair correndo pela porta.

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