Ideias e experiências de sucesso (e insucesso) marcam o Short Stories Live

O Short Stories Live, primeiro evento do Gizmodo e do Kotaku no Brasil, tratou de todos os assuntos pontuais para quem quer desenvolver o próximo app ou game de sucesso: talentos, investimento, erros e acertos para entender seu público e vencer nesse mundão. O evento começou com a palestra de Lucas Longo, o criador do […]

O Short Stories Live, primeiro evento do Gizmodo e do Kotaku no Brasil, tratou de todos os assuntos pontuais para quem quer desenvolver o próximo app ou game de sucesso: talentos, investimento, erros e acertos para entender seu público e vencer nesse mundão.

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O evento começou com a palestra de Lucas Longo, o criador do iai? (Instituto de Artes Interativas), uma escola voltada para desenvolvimento de apps. Longo contou sua história, da importância de viver online e offline ao mesmo tempo, e de como o desenvolvimento de apps teve um crescimento gigantesco no Brasil. “Sempre gostei de arquitetura, e encontrei uma forma de usá-la”. Segundo Longo, o interesse do brasileiro em produzir e desenvolver apps é cada vez maior, e apps para solucionar problemas da vida real surgem com frequência.

De um problema real para o aplicativo, foi assim que nasceu o EasyTaxi, app criado por Tallis Gomes, o segundo palestrante do dia. Do momento “eureka” às discussões com taxistas para mostrar que um smartphone eram importante, Gomes contou que o investimento para emplacar sua ideia não passa só pelo dinheiro: noites em claro e jornadas de trabalho de 16 horas fazem parte do desenvolvimento de algo que você acredita. “Perca alguns anos da sua vida como a maioria não quer para passar o resto da sua vida como poucos vivem”, disse.

O ciclo de vida ideal de um usuário de app, segundo Terence Reis

O ciclo de vida ideal de um usuário de app, segundo Terence Reis

Mas, no fim das contas, o que importa mesmo é a utilidade para os usuários. Por isso, Terence Reis, da Pontomobi, subiu ao palco para dizer que “nobody fucking cares”. Calma, não se assuste: é apenas uma forma de deixar claro que, apesar da dor de criar um aplicativo, o usuário não levará isso em conta – ele só quer que o produto faça algo bem. Para Reis, o desafio é manter a relevância de um app: cases de sucesso, como o Song Pop, se transformaram em cases de insucesso pelo sucesso enorme, mas curto. Segundo ele, o jogo só bombou por causa de um post de Mark Zuckerberg, que disse “uau, que jogo legal”. Pessoas influentes podem fazer muito mais pelo seu app do que investimento em mídia.

Mas se sua ideia depende de investimento, Carlos Pessoa, da aceleradora Wayra, subiu ao palco para contar onde a empresa decide investir: é preciso mais do que boas ideias, mas também um timing certo, e a certeza de que a equipe está empenhada – Pessoa conta que não é raro ver equipes que receberam investimento comprarem um carro, pagarem as contas atrasadas e coisas do tipo. Com hackatons e “demo days”, a Wayra consegue filtrar boas ideias – e se você tem alguma na cabeça, não hesite em conversar com eles.

Falta grana, sobram boas ideias

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A ausência de grana não impediu que a Behold Studios se transformasse numa das startups de games mais famosas do Brasil. Na verdade, Saulo Camarotti e Guilherme Mazzaro revelaram que a empresa passou muitos apertos nos primeiros dois anos de vida – bons jogos foram desenvolvidos, mas isso não significou sucesso e, logo, o dinheiro não entrou. E aí?

E aí que todos eles largaram seus trabalhos, começaram a viver de bicos e desenvolver um novo jogo usando o café e os sofás de uma livraria num shopping em Brasília – muito mais barato do que uma sala alugada, certo? E, mais do que isso, decidiram apostar em um jogo quem segue a premissa “vamos fazer o que gostaríamos de usar”. Surgia assim o Knights of Pen & Paper. Vivendo no perrengue, tudo mudou quando um investidor anjo acreditou no jogo e investiu. Knights of Pen & Paper se transformou em um sucesso mundial, atingindo o primeiro lugar na App Store e no Google Play em diversos países e, seguindo a máxima citada, o estúdio continuará criando jogos que eles queiram jogar – vem aí o Chroma Squad.

Reinaldo Pires, que há 18 anos trabalha com desenvolvimento de games, concorda com o pessoal da Behold: no mundo indie do desenvolvimento de jogos, criar uma comunidade e fazer com que as pessoas se importem com sua empresa pode ser mais importante do que lucrar com um jogo. “Você irá perder dinheiro com o primeiro projeto. Por isso, é importante se preparar, ter alguma outra fonte para conseguir resistir”. Para Pires, o mantra é simples: não desista. Autoajuda para desenvolvedores também é importante.

Mas, caso você não tenha um investidor anjo e o dinheiro fique mais do que curto, surge o crowdfunding. Diego Reeberg, fundador do Catarse, a maior plataforma para levantar dinheiros no Brasil, subiu ao palco para mostrar os desafios do crowdfunding no Brasil: enquanto o Kickstarter já conseguiu bancar 48 mil projetos com o dinheiro de todos, o Catarse conseguiu completar 660 deles. Mais sintomático ainda é saber que, no Brasil, apenas 7% dos projetos vitoriosos envolvem games, design ou tecnologia – no Kickstarter, o número sobe para 40%. O Chroma Squad, a Behold, citado acima, foi financiado pelo Kickstarter, por exemplo.

“Há muito espaço para isso, mas há carência de projetos”, diz Reeberg. Por enquanto, música e quadrinhos fazem mais sucesso, mas por terem sido os primeiros a funcionar no Catarse. “Faltam projetos de referência no Brasil”, conclui Reeberg. Segundo ele, investir no visual do projeto é um dos pontos-chave para convencer as pessoas a doar. Um bom vídeo, claro e objetivo, mas bem produzido, também aumenta consideravelmente o interesse das pessoas. O melhor exemplo é o Pimp My Carroça, criado pelo grafiteiro Mundano, que tinha um vídeo bem sensacional.

Fechando o evento, Edson Pavoni, da D3.DO, falou sobre o fazer acontecer. Não basta ter a ideia, não basta ter a eureka: “o melhor jeito de prever o futuro é criar o futuro”, diz Pavoni. Ele e seu amigo de colégio, aos 17 anos, decidiram que iam criar um jeito de fazer negócio e repensar o que era um sucesso. “Como só tínhamos as boas ideias e a vontade de se divertir, e nunca trabalhamos do jeito tradicional, nossa visão de mundo foi bem diferente, e isso foi ótimo para nossos projetos”. E, se você der um pulo no site da D3.DO, dá para ver que não ter amarras aos formatos tradicionais fizeram bem para que projetos malucos sejam criados. “As tecnologias evoluem mais rapidamente do que a evolução do pensamento humano”, diz Pavoni.

E essa foi a máxima do divertido sábado do Short Stories Live: hoje, pensar de forma diferente é muito mais valioso do que pensar de forma corporativa. Boas ideias requerem boas mentes, equipes enxutas e dedicadas, e muito, muito amor pelo seu trabalho. Pronto para colocar a mão na massa? Depois de tantas boas ideias e histórias, tudo fica mais fácil.

 

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