_Saúde

Imagem de pesquisa italiana revela 43 mutações da variante ômicron do coronavírus

Número de mutações é quase duas vezes maior em comparação à variante delta. Não se sabe ainda se a nova cepa pode tornar o vírus mais transmissível - mas, até agora, ela parece não causar casos graves

A variante ômicron, detectada pela primeira vez na África do Sul, tem movimentado pesquisadores e autoridades de saúde do mundo todo desde a última semana, quando sua descoberta foi anunciada.

Como se tornou praxe durante a pandemia, o sequenciamento genético da variante foi liberado para estudo da comunidade científica. Isso possibilitou que um grupo de cientistas do Hospital Bambino Gèsu de Roma, na Itália, gerasse um modelo computadorizado do vírus. O tal modelo, como você pode ver abaixo, mostra todas as suas mutações.

A variante ômicron, reportada à Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 24 de novembro, foi classificada pelas autoridades como variante de preocupação. Isso significa que ela incorporou alterações que podem afetar o comportamento do vírus — seja tornando-o mais transmissível ou mesmo atrapalhando a efetividade de algumas vacinas.

De acordo com Angelique Coetzee, pesquisadora que liderou a equipe responsável pela identificação da variante na África do Sul, a ômicron gera sintomas mais leves de Covid — como cansaço e dores no corpo. Não há internações causadas pela nova cepa, disse a pesquisadora, em entrevista à BBC News.

Ainda assim, os detalhes revelados pelos pesquisadores italianos preocupam. De acordo com a imagem, a variante possui mais que o dobro de mutações quando comparada à delta, considerada mais transmissível que a cepa original do Sars-CoV-2.

Ser mais contagiosa, no entanto, não é sinônimo de ser mais letal. Pense que o objetivo do vírus é infectar o máximo de pessoas que conseguir. Dessa forma, matar o hospedeiro não é vantajoso, já que isso impede que ele continue vivendo. Vírus, afinal, só vivem dentro de seus hospedeiros.

Ainda não se sabe, portanto, se a variante ômicron é mais perigosa ou não.

A imagem dos pesquisadores italianos foca na proteína spike do vírus, que nada mais é do que aquele “espinho” destacado em representações visuais. Essa proteína funciona como uma chave, que se liga às células humanas, permitindo a entrada do vírus no organismo e sua replicação. É possível que as novas mutações ajudem nesse processo, assim como ocorreu com a delta. Mas são necessários mais estudos para dizer se a variante escapa da mira das vacinas ou causa casos graves.

Na verdade, dos 17 países que já relataram casos de Covid-19 causados pela variante, nenhum relatou mortes ou uma infecção fora do comum. Mesmo assim, autoridades da OMS disseram durante uma assembleia entre ministros da saúde nesta segunda-feira (29) que a variante ômicron “representa um risco muito alto”, e pode trazer consequências graves em alguns lugares. 

Apesar da relação não ter sido confirmada, o número de testes positivos aumentou em regiões da África do Sul em que a nova variante foi detectada. Vale dizer que o surgimento de variantes é um reflexo da desigualdade vacinal e do negacionismo. Até o momento, a África do Sul vacinou menos de 30% de sua população, enquanto alguns países europeus enfrentam novas ondas da doença.

Sair da versão mobile