Imagens raras capturadas do espaço podem nos ajudar a entender melhor as trovoadas

Cientistas registram fenômenos chamados "jatos azuis", antes vistos com ceticismo diante da dificuldade de se vê-los do solo

Relâmpagos são belas mas perigosas feras: embora sejamos muito bons em observá-los do chão — e, ocasionalmente, sermos acertados por eles —, ainda há muito mistério sobre como essas descargas elétricas nas camadas superiores de nossa atmosfera de fato funcionam. Os nomes dados a esses fenômenos (por exemplo, red sprites, pixies e elves) parecem reflexões de um fanático por Dungeons & Dragons em vez de fenômenos científicos legítimos. Mas, até que enfim, cientistas foram capazes de estudar imagens e vídeo de um desses acontecimentos elusivos — chamado de jatos azuis —, e os resultados são tão fascinantes como os próprios relâmpagos.

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Durante viagem de dez dias a bordo da Estação Espacial Internacional (EEI) em setembro de 2015, o primeiro astronauta dinamarquês, Andreas Morgensen, dirigiu um projeto em torno do estudo de relâmpagos, devidamente chamado de Thor. Ele conseguiu capturar imagens de alguns dos mais raros fenômenos de tempestades elétricas, incluindo este vídeo de uma tempestade enorme sobre a Índia, onde jatos azuis elusivos podem ser vistos. Os jatos azuis são colunas de descarga elétrica que ventilam acima do topo de nuvens e desaparecem após alguns décimos de segundo. E, pois é, não temos ideia de por que eles são azuis.

Embora o vídeo esteja circulando há cerca de dois anos, recentemente, uma equipe de cientistas publicou sua pesquisa sobre esses jatos azuis no Geophysical Research Letters. Alguns pesquisadores estavam céticos em aceitar jatos azuis como ocorrências legítimas, já que eles ficam sobre nuvens, tornando-os difíceis de serem observados. Mas, de acordo com esses cientistas, o trabalho de Morgensen nos dá o primeiro vislumbre de um jato azul pulsando e alcançando 40 quilômetros de altitude.

“Descartamos a possibilidade de que descargas sejam luz dispersa de relâmpagos dentro de nuvens, já que já foi observado que todas essas têm um componente azul relativamente fraco”, escreveu a equipe. “A observação de descargas de superfície azul com essas características é, em nosso conhecimento, a primeira de seu tipo.”

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Imagem: ESA

A pesquisa mostra que essas imagens são um bom ponto de partida para entender como os jatos azuis e outras perturbações na estratosfera podem afetar o equilíbrio de radiação da Terra. No fim deste ano, a NASA enviará uma instalação de observação chamada Atmosphere-Space Interactions Monitor (ASIM) à EEI para estudar tempestades atmosféricas superiores e seu impacto no clima da Terra. Embora esse nome não pegue tão fácil — ou não seja tão legal — quanto “Thor”, o ASIM irá oferecer aos cientistas informações muito necessários sobre esses belos e maus fenômenos.

[ESA, Geophysical Research Letters]

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