Imagens de satélite mostram que as geleiras estão derretendo mais rápido do que nunca

Para o estudo, os cientistas analisaram meio milhão de imagens de satélite 3D que recentemente deixaram de ser sigilosas.
Vista de uma geleira ao pôr do sol na Baía de Chiriguano nas South Shetland Islands, Antártica, em 7 de novembro de 2019. Crédito: Johan Ordonez (Getty Images)

As geleiras do mundo estão derretendo mais rápido e a culpa é da crise climática, de acordo com uma pesquisa recente.

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Para um novo estudo abrangente, publicado na Nature na quarta-feira (28), os cientistas analisaram meio milhão de imagens de satélite 3D que recentemente deixaram de ser sigilosas. Elas abrangem quase duas décadas e 217.175 geleiras de montanha, ou quase todas as geleiras da Terra. As imagens vieram do satélite Terra, lançado pela Nasa em 1999.

Os autores calcularam que essas geleiras perderam cerca de 298 bilhões de toneladas de massa em média por ano desde o início do século 21. E as coisas só estão piorando: desde 2015, elas perderam uma média de mais de 328 bilhões de toneladas anuais, um aumento de 31% em comparação com 15 anos atrás. Esta é a primeira análise a usar imagens de satélite 3D para estudar todas as geleiras do mundo, não apenas aquelas conectadas aos mantos de gelo na Groenlândia e na Antártica. As imagens usadas também tinham uma resolução extremamente alta, o que permitiu à equipe examiná-las com clareza e apresentar suas descobertas com um nível de confiança de 95%.

O rápido desaparecimento das geleiras do mundo não é apenas triste pela sua beleza ou porque ecossistemas complexos dependem delas. Isso também é sinônimo de desastre para as comunidades que dependem delas para viver. A Groenlândia, por exemplo, é o lar de cerca de 56.000 pessoas — a maioria das quais são indígenas — que dependem do gelo para viagens e caça. À medida que as geleiras derretem, isso pode afetar seu modo de vida. Às vezes, a ameaça pode ser ainda mais aguda; o colapso de uma geleira no início deste ano no Himalaia desencadeou uma enchente mortal. É claro que o degelo glacial em todos os lugares também é ruim para aqueles que moram longe delas, porque contribui para o aumento do nível do mar que ameaça as comunidades costeiras.

O novo estudo observa que “a aceleração do aumento do nível do mar desde 2000 [é] frequentemente atribuída à perda acelerada tanto da camada de gelo da Groenlândia quanto da camada de gelo da Antártica”. Mas eles descobriram que o derretimento glacial também é um fator importante: desde 2000, a água das geleiras foi responsável por 21% do aumento global do nível do mar.

O estudo diz que as geleiras no hemisfério norte estão derretendo mais rapidamente. Na verdade, aquelas nos EUA e Canadá “são responsáveis ​​por quase 50%” do derretimento glacial que o mundo viu desde 2015. Mas quase todas as geleiras do mundo estão derretendo, mesmo aquelas no Tibete que pensava-se, até este estudo, serem bastante estáveis. Há exceções — notadamente algumas na Islândia e na Escandinávia estão recuperando suas perdas devido ao aumento da neve. Mas, no geral, este é um problema global porque as temperaturas estão subindo em quase todos os lugares, especialmente porque as partes mais frias do planeta estão entre os locais que aquecem mais rápido.

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O estudo surge apenas algumas semanas depois que pesquisas descobriram que a geleira Thwaites, na Antártica, que muitas vezes também é chamada de “geleira do dia do juízo final”, é ainda mais instável do que se pensava. Enquanto isso, um artigo publicado na semana passada mostra como o desaparecimento de gelo tem contribuído para alterar o eixo da Terra. Parece que não faltam notícias ruins sobre a perda de gelo ou seu impacto no planeta. Embora suas descobertas sejam desanimadoras, os autores esperam que elas contribuam para a compreensão científica de como as geleiras derretem ao longo do tempo, permitindo que os cientistas aprimorem seus modelos e auxiliando políticas públicas de como gerenciar as mudanças que virão.

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