Insetos e aracnídeos comestíveis superam suco de laranja e azeite em teste de antioxidantes

Não há consenso sobre o benefício das propriedades antioxidantes à saúde, mas insetos são mais sustentáveis que pecuária e são uma rica fonte de proteínas.
Tarântula frita. Foto: Jaiprakashsingh/Wikimedia Commons

Novas pesquisas demonstraram que os insetos e aracnídeos comestíveis são ricos em antioxidantes — e, acredite você ou não, nos benefícios de antioxidantes para a saúde, essa é uma descoberta importante do ponto de vista nutricional.

Cerca de um terço do mundo come insetos e aracnídeos. Eles são uma alternativa rica em proteínas e potencialmente ecológica ao frango, carne de porco e carne bovina. Mas uma equipe de pesquisadores da Universidade de Teramo, na Itália, espera abrir uma nova perspectiva: que vale a pena estudar e consumir esses animais como fontes de outras moléculas potencialmente importantes.

“Os insetos e aracnídeos podem ser uma fonte de antioxidantes com baixos insumos ecológicos”, disse Mauro Serafini, professor da Universidade de Teramo e autor correspondente do estudo, ao Gizmodo.

Antes de falarmos mais sobre eles, precisamos falar sobre antioxidantes. Os cientistas há muito sabem que o corpo usa certas moléculas, chamadas antioxidantes, para combater os efeitos dos radicais livres que podem causar reações químicas prejudiciais às células. É um jargão da área de alimentação, e “ainda não há um consenso” se o consumo de antioxidante via alimentos realmente surte efeito em humanos, de acordo com Jessica Cooperstone, professora assistente da Universidade do Estado de Ohio que não esteve envolvida nesta pesquisa sobre compostos de plantas bioativas. Há muito trabalho a fazer para entender isso melhor.

Sabemos que os alimentos que consideramos “saudáveis”, como frutas e verduras, costumam ser ricos em antioxidantes, mas é difícil dizer quais substâncias químicas específicas em nossos alimentos induzem a que efeitos no corpo devido à complexidade de como a dieta e o estilo de vida impacta nossa saúde.

Agora, voltando aos insetos e aracnídeos. Os autores esmagaram esses animais comercialmente disponíveis, incluindo bichos-da-seda, gafanhotos e tarântulas, e testaram como os produtos químicos solúveis em gordura e solúveis em água deles agiam em uma amostra de radicais livres. Certos insetos, como grilos e bichos-da-seda, tinham mais atividade antioxidante do que o suco de laranja. As cigarras gigantes pareciam ter mais atividade antioxidante do que o azeite.

Observe que isso não diz nada sobre os benefícios que esses insetos oferecem à saúde — apenas que eles se comportaram de determinada maneira no laboratório. Eu contatei diversos pesquisadores e praticamente todos concordaram que a pesquisa em si era boa, mas reiteraram que não se sabe se a alta atividade antioxidante significa que uma substância beneficiará nossa saúde.

Mas o estudo demonstra que esses artrópodes podem valer mais do que apenas seu conteúdo mais básico de proteínas, gorduras e vitaminas — eles podem conter substâncias químicas benéficas que merecem ser estudadas, e mais pesquisas devem ser feitas para ver se elas podem ter um papel importante em nossa dieta.

Se você leu até aqui e pensou “credo, eu não vou comer”, então me deixe argumentar. Primeiramente, muitos insetos e aracnídeos são ótimos: as formigas pretas têm um sabor levemente azedo e a textura do caviar, as chapulinas são gafanhotos mexicanos com um crocante agradável e um sabor parecido com as goji berries salgadas, e as tarântulas (se preparadas adequadamente) têm gosto de siri mole. Porém, mais importante, a atividade pecuária requer toneladas de terra e produz uma quantidade significativa de gases do efeito estufa, e os mares já estão esgotados pela pesca.

Embora eu pessoalmente ache que a luta contra as mudanças climáticas exige um desmantelamento revolucionário do capitalismo e uma mudança em larga escala para fontes de energia renováveis, como a eólica, solar e nuclear, mudar nossas dietas para proteínas de baixa emissão poderia ajudar, de acordo com um relatório da ONU de 2013.

Se as pessoas realmente estão dispostas a experimentar uma fonte alternativa de proteínas como insetos, os pesquisadores de Teramo veem isso como uma oportunidade. Os criadores de insetos podem ser capazes de ajustar a dieta de um inseto para maximizar seu conteúdo nutricional, por exemplo, de acordo com o artigo publicado na revista Frontiers in Nutrition.

Obviamente, são necessárias mais pesquisas para descobrir se a característica antioxidante é importante. Mas os insetos podem representar uma nova e intrigante fonte de nutrientes e sabor, à medida que os chefs continuam experimentando maneiras inovadoras de prepará-los.

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