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“Instagram Kids” é pausado após críticas — mas cofundador da rede social ainda jura ser uma boa ideia

Outras plataformas, como YouTube e TikTok, têm versões de seus aplicativos para menores de 13 anos. Mas, no caso da rede social de fotos, o projeto ainda não vingou. Entenda.

Após inúmeras críticas, o Facebook desistiu (ao menos por enquanto) do Instagram Kids — sua versão da rede social para pré-adolescentes. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (27).

Adam Mosseri, head e co-fundador da rede social, escreveu no blog do aplicativo que construir uma opção para crianças “é a coisa certa a se fazer” para dar mais controle aos responsáveis. Mas ressaltou que, antes de continuar com a ideia, é necessário haver um dialogo com pais, especialistas e reguladores.

A nova versão do Instagram teria como público-alvo crianças de 10 a 12 anos.

A decisão de pausar o projeto veio após uma enxurrada de críticas, que destacavam os vários problemas de se criar um “braço” infantil do Instagram — uma rede social questionada pelo seu  impacto na saúde mental de adolescentes. Atualmente, a rede pode ser usada por pessoas a partir dos 13 anos.

Desde abril deste ano, houve uma grande mobilização de grupos de proteção infantil, que pediram ao Facebook que cancelasse os planos do Instagram para crianças.

Citando questões de saúde mental e privacidade, legisladores e mais de 40 procuradores-gerais do Estado americano ligaram ou mandaram cartas ao Facebook, pedindo o adiamento do projeto.

Os documentos pontuam que a faixa etária visada é “simplesmente muito jovem para navegar por entre as complexidades daquilo que eles encontram online”. Pesquisas demonstraram que “o uso da mídia social pode ser prejudicial à saúde e ao bem-estar das crianças”, dizia um trecho dos documentos.

As críticas e pedidos para cancelamento do projeto se intensificaram nas últimas semanas, após o Wall Strett Journal publicar uma reportagem com documentos internos do Facebook, que apontavam que a empresa estava ciente dos efeitos prejudiciais que o Instagram tinha sobre os adolescentes — principalmente meninas.

Um dos pontos sensíveis envolvia a própria visão das jovens sobre seus corpos e a obsessão por um padrão ideal — que é reproduzido em posts rede social de fotos. 32% das entrevistadas diziam se sentir “pior” em relação a sua própria imagem.

No entanto, em pronunciamentos públicos, o Facebook minimizava os efeitos negativos da rede social e continuava avançando com a versão infantil do Instagram.

Sem contestar as informações reveladas, a empresa criada por Zuckerberg chegou a criticar a matéria do WSJ. O Facebook afirmou que o jornal havia feito uma escolha seletiva de uma pesquisa interna da companhia, mostrando apenas os pontos negativos. Entretanto, eles não disponibilizaram a pesquisa para provar se existiam, ali, também pontos positivos.

Apesar de todo a comoção para que a rede social não seja concretizada, Mosseri deixou claro que a ideia só está pausada, além de usar outros exemplos já existentes e defender que a nova plataforma será algo positivo para as pessoas.

“Os críticos do ‘Instagram Kids’ verão isso como um reconhecimento de que o projeto é uma má ideia. E não é esse o caso”, disse. “A realidade é que as crianças já estão online, e acreditamos que desenvolver experiências adequadas à idade, projetadas especificamente para elas, é muito melhor para os pais do que o cenário que temos hoje”.

“Não somos a única empresa a pensar assim. Nossos colegas reconheceram esses problemas e criaram experiências para as crianças. O YouTube e o TikTok têm versões de seus aplicativos para menores de 13 anos”, completa, em um comunicado.

Vale lembar que não é a primeira vez que o Facebook tentar implantar uma rede social para crianças.

Em 2017, o Facebook lançou uma versão de seu aplicativo Messenger, chamada “Messenger Kids”, destinada a crianças de 6 a 12 anos. O aplicativo foi desenvolvido para evitar que as crianças conversem com usuários que não tenham sido aprovados pelos pais.

Assim como para o “Instagram Kids”, houve uma grande movimentação de defensores da segurança infantil, argumentando que o produto deveria ser cancelado — mas não foi.

Porém, dois anos depois, em 2019 a empresa descobriu um erro técnico no aplicativo, que permitia que crianças entrassem em bate-papo de grupos com estranhos.

Apesar de todos os pontos sensíveis, o Facebook parece que não irá desistir de implantar a nova plataforma. O jeito é aguardar as cenas dos próximos capítulos.

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