Inteligência artificial pode ser usada para diagnosticar demência

A ferramenta de IA pode levar a diagnósticos precoces e melhorar os tratamento dos pacientes, em especial aqueles com Alzheimer.
Imagem: Matt York/AP

Na busca pela detecção precoce de doenças, a tecnologia tem sido aliada dos pesquisadores. Agora, mais especificamente, cientistas desenvolveram um sistema de Inteligência Artificial (IA) que pode ser capaz de identificar doenças que causam declínio progressivo no funcionamento de uma pessoa — ou seja, demências. 

Mais do que isso: esse novo sistema, se sair como o esperado, poderá diagnosticar as doenças em apenas um dia. À BBC, a professora Zoe Kourtzi, da Universidade de Cambridge e membro do Centro Nacional de Inteligência Artificial e Ciência e dados do Instituto Alan Turing, disse que se intervirmos cedo, os tratamentos podem começar cedo e retardar a progressão da doença e, ao mesmo tempo, evitar mais danos.

Estima-se que mais de 45 milhões de pessoas vivam com demência no mundo, e esse número pode dobrar a cada 20 anos. O Alzheimer é a doença mais comum entre essas patologias. Para se ter uma ideia, no Brasil, há mais de 29 milhões de pessoas acima dos 60 anos, de acordo com dados do IBGE, e quase 2 milhões de pessoas têm demências, sendo mais da metade portadores de Alzheimer.  

Se houver avanço no sistema da professora Kourtzi, milhares de pessoas poderão ser beneficiadas. Para isso, o algoritmo altamente sensível pode identificar padrões no cérebro que mesmo os neurologistas de mais alto nível não conseguem combinar com banco de dados existentes. 

Nos primeiros testes, o sistema diagnosticou a demência anos antes de os sintomas se desenvolverem, até mesmo antes de apresentar qualquer sinal no cérebro. Os ensaios foram feitos no Hospital Addenbrooke, Inglaterra, e em outras clínicas de tratamento. É esperado que, no primeiro ano, cerca de 500 pacientes sejam testados com a nova tecnologia. 

Tim Rittman, neurocientista e líder do estudo, disse à publicação que quando o médico entrega essas informações a um paciente, isso trará mais confiança sobre um possível diagnóstico, e com isso, a pessoa poderá se preparar para uma provável progressão e adaptar suas vidas.

O aposentado Denis Clark, 75, foi um dos primeiros a experimentar a nova tecnologia. Sua esposa Penelope identificou que no ano passado ele lutava contra a perda de memória. O casal disse à BBC que gostariam de saber se seria possível tirar algumas férias antes que as coisas piorem tanto e Denis não possa tirar férias. “Poderíamos então planejar financeiramente”, afirmou Penelope. 

imagem: Denis e Penelope Clark / BBC

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Os sintomas da demência podem demorar muito tempo para aparecer, e na maioria das vezes estão associados ao comprometimento funcional devido à idade. “É provável que os sintomas ocorram muito mais tarde na vida ou provavelmente nunca ocorram”, disse Kourtzi. Os especialistas utilizam diversos exames e avaliações para determinar se os sintomas se encaixam em certos critérios e para excluir outras causas possíveis para esses sintomas, o novo algoritmo, no entanto, acelera esse processo e pode dar esperança para o tratamento precoce de muitas pessoas. 

[BBC]

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