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A interessante história por trás do papel de parede e tela de login do Windows 7

Chuck Anderson, criador do papel de parede mais tranquilo e mais azul que vem no Windows 7, além da imagem na tela de login, mostrou pra mim como ele desenvolveu o trabalho dele — falamos de easter eggs, como ele evitou imagens que lembrassem o Mac, e por que crânios em chamas não chegaram ao design final.

Chuck Anderson, criador do papel de parede mais tranquilo e mais azul que vem no Windows 7, além da imagem na tela de login, mostrou pra mim como ele desenvolveu o trabalho dele — falamos de easter eggs, como ele evitou imagens que lembrassem o Mac, e por que crânios em chamas não chegaram ao design final.

Chuck é a personificação do sonho de milhares de usuários do DeviantArt: ele começou fazendo estampas para camisetas depois de sair do colégio, trabalhando para a fabricante de camisetas Threadless de dia e criando fama na comunidade artística online de noite. Usando o pseudônimo NoPattern (hoje o nome de seu estúdio de design), Chuck obteve bastante sucesso, e ele ainda era bem novo: você pode ter visto trabalhos dele para a Pepsi, Reebok e muitas outras. O meu favorito é a capa para o primeiro CD do Lupe Fiasco (muito bom, aliás), Food & Liquor:

Hoje, com apenas 24 anos, ele chegou a um novo nível de estrelato: os designs de para o Windows 7 serão vistos por literalmente milhões de pessoas durante a vida útil do sistema operacional. A Microsoft caçou Chuck, e foi uma decisão esperta: o Windows 7 é o sistema operacional mais bonito que a Microsoft já fez, e o estilo do sistema é refletido nas excelentes telas criadas por Chuck. Dá uma olhada nos trabalhos anteriores dele na galeria abaixo (incluindo uma tela muito boa para o Zune, inspirada em graffiti) para ter uma ideia do estilo do cara.

Como ele é um cara muito independente, eu fiquei curioso em saber como ele conseguiu colaborar com a Microsoft, a empresa de tecnologia com a maior chance de ter a palavra "monolítico" como epíteto. Chuck disse que a equipe de design com a qual ele de fato trabalhou era bem pequena, e surpreendentemente aberta às ideias dele. A primeira coisa que eles mostraram para ele, nos idos de dezembro de 2008, foram aqueles papeis de parede bizarros/insanos que acompanham o Windows 7, então ficou claro desde o início que censura não seria um problema.

Os dois trabalhos levaram cerca de 4 meses para ficarem prontos, do começo ao fim. Chuck começou com papel e lápis, e depois foi para o Photoshop para adicionar o brilho do Windows 7, mas os dois trabalhos retêm aquela aparência de desenho a lápis — na verdade, todas as linhas longas na tela de login foram desenhadas à mão com um tablet da Wacom.

A primeira galeria mostra os estágios da tela de login padrão, a primeira imagem a ficar completa. Depois veio o papel de parede padrão e a embalagem física do Windows 7, e ambos tomam a tela de login como ponto de partida estético. Os comentários do Chuck para cada imagem estão à direita; clique nas imagens para ver maior.

A tela de login

Chuck diz: "A ideia da tela de login é criar um ambiente legal, simples e elegante no qual possam ficar os botões de login e as informações. A estética do Windows 7 tem tudo a ver com luz, energia, transparência e rapidez. Tudo o que, para mim, implicava combinar elementos naturais com um estilo futurístico/digital. [Esta é] a primeira iteração que eu fiz. Cores inesperadas, simplicidade e fluidez… mas pouco associado com a marca, e, como em qualquer primeira tentativa, era necessário explorar mais."

"Uma espécie de horizonte, a visão de um astronauta… mas considerando a estética astral do Mac OS X, percebemos rápido que não dava para levar uma ideia ‘espacial’. Mesmo assim, experimentamos com linhas, formas e cores surpreendentes."

 

"Na minha opinião, esta versão foi o grande avanço na estética que moldou tudo dali para a frente. Linhas simples e finas, bastante atmosfera e luz, e o esquema de cores azul/verde/branco. Acho que o problema aqui foi que parecia ser algo embaixo d’água, o que não fazia muito sentido com o pássaro, mas a ideia estava aí."

 

"Eu virei a composição do avesso e experimentei quantidades diferentes de linhas, espessuras de linhas, brinquei com mais algumas cores, diferentes densidades na névoa da atmosfera, mais detalhes, menos detalhes etc. O consenso entre todos era que quanto mais simples, melhor, o que finalmente levou ao último design."

 

"Por algum motivo qualquer, eu virei a composição horizontalmente para apresentar uma versão idêntica, mas espelhada, da última [imagem], e todo mundo gostou da forma como o design surgia da parte inferior direita, em vez da esquerda. Não consigo bem dizer o porquê, [mas] ela simplesmente parecia certa, por mais clichê que isso possa soar. Ajeitaram-se os detalhes aqui e ali e, depois de muito vai-e-vem, esta imagem foi finalmente aprovada."


Houve algumas repetições do número sete na tela de login, mas por mais estranho que seja, este pequeno easter egg começou como um acidente. Depois que Chuck e a Microsoft perceberam que havia sete fios brancos na parte esquerda inferior, eles começaram a repetir o número: também tem sete folhas, sete galhos e sete pétalas de flores no quadrante amarelo do logotipo do Windows.

O papel de parede padrão é um dos meus favoritos: geralmente a primeira coisa que eu faço com um computador novo é substituir o papel de parede que vem nele — a Apple é uma que faz papeis de parede ruins: eu odeio o tema espacial bobo deles. Mas dessa vez eu deixei o papel de parede original no meu computador mais recente.

O papel de parede padrão

Chuck diz: "A área de trabalho foi, obviamente, bastante influenciada pelo visual da tela de login. A Microsoft tomou a decisão de tornar o logotipo do Windows o centro da área de trabalho padrão. Mas sempre surge a preocupação clássica que se escuta de designers sobre clientes: ‘Deixe o logotipo maior!’. A resposta a este primeiro experimento de papel de parede, a Microsoft me falou direto, ‘Tá grande demais. Diminua.’ Ótimo. Eu concordei. As cores estavam um pouco lavadas aqui e ali, e tinha lugares demais para os olhos se perderem."

"Este foi um experimento completo em tornar o logotipo incrivelmente sutil, deixando-o mais transparente, mais parecido com vidro. Mas isso tinha seus problemas: se você é a Microsoft e você decide colocar o logo no meio da área de trabalho padrão no seu novo sistema operacional, você tem que fazer isso sem vergonha e com confiança. Não é esta a sensação aqui. Parecia que o logo estava sendo inserido ‘de fininho’, e não era esse o objetivo."

"Houve bastante entusiasmo em relação a esta ideia no começo, mas quando você a via menor ou numa tela de longe, o logo começava a desaparecer."

 

 

 

"Um logotipo ainda menor neste aqui! Sobre estes elementos no logotipo do Windows: não havia nenhuma instrução específica, gravada em pedra, sobre o que eles queriam nesses quadrantes. Eu brinquei com várias ideias diferentes. Nós fizemos um brainstorming na primeira reunião sobre todos os tipos de objetos e coisas que poderiam estar dentro e emanando do logotipo. No fim, os objetos tinham que ser absolutamente simples e tinham que ser reconhecíveis unversalmente. Elementos da natureza, formas básicas, e sugestões de iconografia digital eram o que melhor combinava. Eu tentei pra caramba levar adiante a ideia de usar alguns crânios em chamas e alguns dos demônios que eu vi na capa do CD South of Heaven da banda Slayer, mas por algum motivo ninguém quis. Fazer o quê."

"O logotipo finalmente chegou no seu tamanho adequado (e menor). E parecia certo, nós só tínhamos que passar por várias opções para perceber isso. Mas ainda havia muitas linhas soltas, pouco equilíbrio na parte superior direita, e as cores no logotipo estavam um pouco fortes demais."

 

E o resultado final: "Um pouco de equilíbrio na parte superior direita da composição — e coincidentemente havia agora só sete feixes de luz (e também sete folhas verdes no galho pequeno), e tudo estava no seu lugar devido. [Esta imagem] foi passando de mão em mão e teve que levar o OK de aproximadamente 8 zilhões de pessoas, mas foi finalmnente aprovada. Eu entrei em êxtase — a Microsoft curtiu muito [o trabalho], e eu também."


A Microsoft pediu ajuda a este artista digital jovem, independente e que age em várias mídias, em vez de usar os canais tradicionais, e isso resultou num visual original e renovado que não poderia ter vindo de outra fonte. É ponto para eles, ainda mais pelas explicações. Você não vai ver a Apple mostrando, digamos, os trabalhos que concorreram com o leopardo de clipart usado na caixa do Snow Leopard.

Um obrigado ao Chuck e à Microsoft por ter nos mostrado tudo isso. [NoPatternTwitter do Chuck]

Nota: você vai perceber que todas as imagens estão limitadas em 700 pixels de largura. É porque a Microsoft não é besta: eles não querem imagens que eles descartaram aparecendo como papeis de parede em um monte de netbooks e PCs. Foi mal pessoal, nós tentamos.

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