Irã cortou acesso à internet há quatro dias e ninguém sabe quando vai voltar

O governo do Irã cortou o acesso à internet em praticamente todo o país no último sábado (16), quando os protestos relacionados aos preços dos combustíveis se tornaram violentos. A internet no Irã está inacessível para a população de 81 milhões há quase quatro dias, e ninguém sabe quando o governo vai restabelecer a conexão. […]
Iranianos se reúnem em torno de uma delegacia de polícia incendiada por manifestantes na cidade de Isfahan, em 17 de novembro de 2019
Iranianos se reúnem em torno de uma delegacia de polícia incendiada por manifestantes na cidade de Isfahan, em 17 de novembro de 2019. Foto: Getty

O governo do Irã cortou o acesso à internet em praticamente todo o país no último sábado (16), quando os protestos relacionados aos preços dos combustíveis se tornaram violentos. A internet no Irã está inacessível para a população de 81 milhões há quase quatro dias, e ninguém sabe quando o governo vai restabelecer a conexão.

“A interrupção contínua é a mais grave registrada no Irã desde que o presidente Rouhani chegou ao poder, e a mais grave desconexão registrada pela NetBlocks em qualquer país em termos de complexidade técnica e amplitude”, escreveu a NetBlocks, uma organização de defesa da liberdade na internet.

A NetBlocks relata que a internet no Irã possui cerca de 5% da interconectividade normal, provavelmente permitindo que as principais autoridades governamentais usem a web e celulares sem interrupção. Porém, a maioria do povo iraniano não tem acesso à internet, o que dificulta a disseminação de informações a partir de fontes independentes.

Os protestos começaram na última sexta-feira depois que o governo anunciou no dia anterior que os preços dos combustíveis no Irã aumentariam entre 50% e 200%. As manifestações tiveram uma violenta repressão pelo regime autoritário do Irã.

Mais de 100 pessoas em 21 cidades foram mortas pelas forças de segurança iranianas desde o início dos protestos, segundo a Anistia Internacional, embora essa estimativa seja considerada extremamente conservadora.

Autoridades iranianas culpam agentes externos como os EUA pelos protestos e dizem que milhares de pessoas estão envolvidas na destruição de propriedade privada. Alguns fotos e vídeos compartilhados na internet mostram ônibus queimados e edifícios destruídos, mas a verdadeira escala da destruição, além da extensão da brutalidade policial, tem sido ofuscada pela falta de acesso à internet.

Embora o combustível possa ter sido o gatilho que desencadeou esses protestos, a maioria dos analistas políticos reconhece que o povo iraniano está descontente com uma série de questões, incluindo a frustração com a liderança corrupta e uma piora da situação econômica desde que o regime de Trump reimpôs sanções ao Irã, deixando de lado um acordo nuclear assinado pelo ex-presidente Barack Obama.

Porém, cerca de 55% dos iranianos culpam os líderes nacionais pela situação econômica atual do país e apenas 38% culpam as sanções americanas, de acordo com uma pesquisa publicada em outubro pela revista Foreign Policy.

O ministro das Comunicações do Irã, Mohammad Javad Azari Jahromi, disse à rede de notícias estatal iraniana Press TV na segunda-feira que a internet voltaria “em breve“. Já é quarta-feira e ainda não há sinal da internet no país.

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