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Irã proíbe mineração de criptomoedas por quatro meses para diminuir apagões de energia

Até setembro, a prática de mineração estará banida do país. Autoridades fazem operações para fechar locais que roubam energia.

Caixas de máquinas usadas na mineração e que foram confiscadas pela agência polícia iraniana. Imagem: AP

Após enfrentar quatro meses de apagões contínuos, o Irã anunciou na semana passada a proibição da mineração de criptomoedas por um período de pelo menos quatro meses. Autoridades disseram que a medida foi necessária porque galpões que praticam mineração ilegal estariam roubando parte da energia produzida no país.

Em uma reunião de gabinete na última quarta-feira (26), o presidente Hassan Rouhani disse que uma seca na região foi responsável por paralisar o fornecimento de energia hidrelétrica do país. No entanto, o líder iraniano também declarou que a enorme mineração ilegal de criptomoedas tirava impressionantes 2 gigawatts de energia a cada dia. Para efeito de comparação, operações legais no país usaram algo entre 200 e 300 megawatts.

Rouhani disse que cerca de 85% desse consumo de energia de 2 gigawatts foi proveniente de operações não licenciadas. O Irã se tornou um dos principais locais para mineração ilegal depois que muitos mineiros começaram a se mudar para lá para aproveitar a energia altamente subsidiada do país — em parte porque o Irã não pode vender seu petróleo devido a sanções internacionais.

Cerca de 4,5% da mineração total de criptomoedas do mundo agora ocorre no Irã, tornando-o um dos 10 principais países produtores de moedas digitais do mundo. A repressão do governo pode tirar o país do gráfico, mas os mineiros certamente devem farejar outra fonte barata de eletricidade em algum outro lugar do mundo, mudando suas operações.

O site Digiconomist, que monitora os impactos da criptomoeda em alguns países, estima que a energia elétrica usada na mineração de criptomoedas a cada ano já é equivalente ao uso de energia atual da Holanda, Paquistão e Argentina. E no que depender dessa indústria, as coisas não devem parar por aí. Em Nova York, já tem até projeto de lei que visa proibir a mineração de moedas digitais por três anos para avaliar os impactos desse tipo de ação.

Criptomoedas e falta de energia no Irã

A falta de eletricidade se soma a um sistema de energia já estressado no Irã. O país tem lutado com apagões nos últimos meses, em parte devido às baixas chuvas que limitam a energia hidrelétrica e às temperaturas altíssimas que aumentaram a necessidade de aparelhos de ar-condicionado. Pessoas que ficaram em casa devido ao coronavírus também usaram mais energia. E conforme o clima fica mais quente, alguns centros médicos dizem que agora estão ficando sem energia para armazenar adequadamente vacinas contra Covid-19 em temperaturas mais baixas.

Em 2019, o governo iraniano estabeleceu um processo de licenciamento na tentativa de controlar a indústria de criptomoeda, com a exigência de que os mineiros se registrassem no governo e pagassem preços mais altos pela eletricidade. Contudo, isso surtiu pouco efeito. Em janeiro, após apagões contínuos durante várias semanas, autoridades reprimiram os mineiros e fecharam cerca de 1,6 mil operações ilegais de mineração, confiscando 45 mil máquinas que, segundo o governo iraniano, consumiam 95 megawatts de eletricidade a cada hora.

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