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Itália enfrenta escassez de vacinas e é o primeiro país a bloquear a exportação de doses

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, garantiu à Austrália que a remessa bloqueada não era uma questão pessoal.

Um voluntário da Cruz Vermelha manuseia uma dose da vacina da AstraZeneca em um local de vacinação instalado na área de estacionamento de longa permanência do aeroporto Fiumicino de Roma. Crédito: Tiziana Fabi (Getty Images)

O governo italiano bloqueou o envio de vacinas contra Covid-19 da AstraZeneca para a Austrália, sendo esta a primeira vez que um país interrompe as exportações de doses para garantir que haja o suficiente para sua população doméstica.

A Itália consultou a Comissão Europeia antes de suspender o embarque de 250 mil doses de vacinas, de acordo com a ABC News da Austrália e um porta-voz da Comissão Europeia que não quis falar oficialmente nesta sexta-feira (5).

A União Europeia (UE) aprovou uma nova lei em janeiro que permite que os países membros bloqueiem as exportações de vacinas em áreas onde elas estão sendo fabricadas se seus próprios cidadãos não estiverem recebendo o número desejado de remessas de um determinado fabricante. Anteriormente, a UE havia ameaçado bloquear as exportações da vacina da AstraZeneca produzida na Europa com destino ao Reino Unido, mas a Europa como um todo não cumpriu essa ameaça – pelo menos não contra a Grã-Bretanha.

A Itália administrou apenas 4,7 milhões de doses da vacina contra Covid-19 para um país de 60 milhões de pessoas, o que significa que apenas 7,9 a cada 100 pessoas foram vacinadas, de acordo com o New York Times. Em contraste, os EUA vacinaram 24,3 a cada 100 e o Reino Unido, 32,5 a cada 100 habitantes.

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, garantiu à Austrália que a remessa bloqueada não era uma questão pessoal, escrevendo no Facebook: “Não é um ato hostil contra a Austrália”, acrescentando que a Austrália era um “país não vulnerável”.

O incidente provavelmente será um inconveniente relativamente pequeno para a Austrália, que se saiu excepcionalmente bem durante a pandemia, com apenas 909 mortes desde o início da crise de saúde no ano passado. O país contabilizou 29 mil casos em uma nação de cerca de 25 milhões de pessoas e atualmente não há transmissão comunitária do vírus. Os únicos casos que a Austrália registra todos os dias vêm do exterior, e os viajantes que retornam precisam ficar duas semanas de quarentena obrigatória em hotéis.

A Austrália vacinou apenas 0,2 por 100 pessoas e esta remessa cancelada certamente não ajudará em nada. Mas, novamente, o país tem muito menos com que se preocupar do que nações como a Itália, os Estados Unidos e o Brasil, onde as pessoas continuam morrendo pelo coronavírus.

O Ministro da Saúde da Austrália, Greg Hunt, não respondeu a um pedido de comentário na sexta-feira.

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