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Já é possível ter robôs melhores do que médicos?

Alguns algoritmos, por exemplo, podem ter mais precisão no diagnóstico do que humanos

Foto: Creative Commons/Flickr/Saad Faruque

A Inteligência Artificial levanta o questionamento de se um dia a tecnologia poderá substituir algumas tarefas feitas por humanos. E, segundo estudos recentes, ela pode tomar melhores decisões do que médicos. 

Em um estudo publicado no Journal of Applied Behavior Analysis, dois pesquisadores da St. Lawrence College (SLC), no Canadá, acreditam que a IA pode ajudar no tratamento de problemas comportamentais.

Eles disseram que o algoritmo desenvolvido, na realidade, consegue ser mais preciso no momento do diagnóstico, e que o sistema não tem o objetivo de substituir o trabalho dos humanos, mas sim facilitar. 

Para que pudessem testar a teoria, Marc Lanovaz e Kieva Hranchuk, professores de ciências comportamentais e psicologia comportamental na SLC, juntaram dados de mais de mil pessoas que receberam tratamento para problemas comportamentais como depressão, ansiedade, Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e cruzaram as conclusões do tratamento dessas pessoas, dadas por cinco especialistas, com o sistema que construíram utilizando IA. 

Lanovaz disse à publicação que os cinco profissionais chegaram às mesmas conclusões aproximadamente 75% das vezes e que o algoritmo conseguiu produzir menos erros do que todos os especialistas. “O estudo atual amplia essa descoberta, mostrando que o aprendizado de máquina também pode ter um desempenho melhor do que os avaliadores visuais” escreveram os pesquisadores.

Às vezes, ouvir uma segunda opinião é totalmente necessário. Médicos frequentemente discordam sobre as intervenções durante os processos terapêuticos das pessoas, e isso pode ter consequência negativa na eficácia dos tratamentos.

Afinal, algum dia, máquinas poderão substituir médicos?

Sim e não. Ambos caminham lado a lado. Hoje vemos, por exemplo, robôs que guiam médicos nas cirurgias em crianças que sofrem de epilepsia. Ou na pandemia da Covid-19, em que eles foram muito úteis ao fazerem triagem em pacientes com sintomas da doença para agilizar o atendimento. As habilidades altamente sensíveis dessas máquinas e a capacidade de aumentar a precisão para melhorar a qualidade do atendimento é extremamente necessária. 

Imagine conseguir identificar câncer de pele com precisão de 86%? Um software desenvolvido por pesquisadores da Unicamp faz exatamente isso. Ou diagnosticar demências? Quantas pessoas poderiam ser beneficiadas com descobertas precoces e precisas? 

Como Lanovaz apontou, o software dos canadenses também é uma dessas tecnologias que podem fornecer melhores opções de tratamento para os indivíduos que recebem diagnósticos de doenças relacionadas ao comportamento em todo o mundo.

Além de tudo isso, esses algoritmos podem ser uma ‘mão na roda’ aos sistemas de armazenagem de dados. Mais do que isso, eles também podem cruzar as informações de pacientes em segundos – o que facilita muito no momento da consulta do prontuário de cada pessoa. 

A inteligência artificial também erra 

Todavia, isso deve ser utilizado com muita cautela. Uma pesquisa da Universidade de Chicago mostrou que algoritmo racista pode prejudicar pacientes negros e pobres em clínicas de saúde nos Estados Unidos. No sistema apenas 18% dos pacientes que precisaram de atendimento intensivo eram negros, em comparação com 82% que eram brancos, e quando os pesquisadores foram revisar, o software passou da metade.

Em outra situação, que não envolve saúde, o algoritmo do Twitter também excluiu pessoas negras das fotos nas publicações. A plataforma chegou a oferecer recompensa para quem consertasse o bug. 

Ainda que esses robôs façam com maestria algumas funções humanas, o toque, olho no olho, interação e conversa com as pessoas não poderão ser substituídos. A relação médico-paciente gera confiança e responsabilidade. Mas, os novos profissionais deverão estar dispostos para acompanhar a evolução da tecnologia.

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