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Jack Dorsey, criador do Twitter, vem ao Brasil e fala de tudo: Square, Vine, Facebook e sobre a própria mãe

Jack Dorsey postou a primeira mensagem da história do Twitter em março de 2006, quase cinco anos após sua primeira tentativa de criar uma plataforma para simplificar a troca de mensagens. Hoje, sete anos depois, o Twitter tem mais de 400 milhões de usuários e Dorsey tem bem mais dinheiro do que na época. E […]

Jack Dorsey postou a primeira mensagem da história do Twitter em março de 2006, quase cinco anos após sua primeira tentativa de criar uma plataforma para simplificar a troca de mensagens. Hoje, sete anos depois, o Twitter tem mais de 400 milhões de usuários e Dorsey tem bem mais dinheiro do que na época. E pela primeira vez ele visita o Brasil. Dorsey participou de um bate-papo com alunos da Fundação Getúlio Vargas em São Paulo e nós estivemos lá – e ele falou só sobre o Twitter: também deu pitacos sobre o Square, o Vine, o Facebook,  contou sobre a primeira tentativa de criar um serviço de comunicação simples, sobre a presença da mãe dele no Twitter e o sonho de ser prefeito de Nova York. Muita coisa que a gente já sabe, mas com alguns detalhes interessantes. Eis o que Dorsey tem a dizer sobre isso tudo:

Por que os limites?

Duas razões. Uma delas é que eu acredito que o limite inspira a criatividade. Com mais limitações você fica mais criativo. Se eu te desse um pincel e pedisse para você pintar alguma coisa em um quadro, você seria hesitante, pensaria um pouco mais e esperaria. Mas se eu te desse o mesmo pincel e um cartão de visita, você faria uma marca de qualquer forma. Com 140 caracteres as pessoas escrevem o que acreditam ser belo naquele momento. A preocupação prática é que queríamos desenvolver uma tecnologia que qualquer pessoa no mundo poderia acessar. E encontramos a limitação de um SMS, de 160 caracteres. Então se você se encaixar nos menos de 160 caracteres de um SMS, você pode se encaixar em qualquer dispositivo no mundo. Todos os celulares, mesmo no meio do Quênia, podem participar da mesma conversa que Justin Bieber participa nos Estados Unidos. Você pode até conversar com Justin Bieber usando seu celular barato enquanto ele acessa do iPad de US$ 800.

Vine

Eu acho que é uma forma completamente nova de arte, acho que é uma nova mídia. É uma nova forma de se expressar. E em relação aos 6 segundos, a equipe chegou a isso depois de muito pensar em vídeo, vídeos em dispositivos móveis. Cinco segundos é muito curto, eles descobriram, e dez segundos é muito longo. Seis segundos é o suficiente para você rolar a tela e conseguir ver o vídeo inteiro enquanto isso. A coisa mais impressionante sobre o Vine é que agora, para mim, todas as imagens parecem chatas. Elas não estão se mexendo, não têm som. Eu estava no Rio e estava gravando Vines da praia, não apenas para as pessoas verem as imagens das ondas e da praia, mas para elas ouvirem o barulho das ondas, conseguirem ver elas se mexendo. E isso é fantástico.

A ideia do Twitter

Tentei fazer o Twitter em 2001 com um serviço simples de e-mail. Tentei espalhá-lo entre meus amigos, mas rapidamente percebi que eles não se importavam com aquilo. Eles não tinham a tecnologia que eu tinha. Então a ideia ficou guardada por mais cinco anos.

Facebook

Não tenho medo que com o crescimento do Facebook as pessoas esqueçam o Twitter. Acho que existem muitas necessidades diferentes no mundo, e muitas formas de ser bem sucedido. Facebook é bom para manter uma rede social, mas não é para isso que vejo o Twitter. Vejo o Twitter como algo como checar a previsão do tempo toda manhã, se vai chover, fazer sol, como o mundo será. Todo dia quando acordo a primeira coisa que checo é o Twitter para saber o que está acontecendo no mundo. Eu não preciso tweetar nada, só saber o que está acontecendo no meu país ou no mundo, o que acontece com as pessoas com quem me importo. Não apenas meus amigos, mas artistas, músicos, atletas, políticos. Posso ver isso literalmente em menos de um minuto. Não vejo o Facebook da mesma forma.

A mãe dele no Twitter!

Isso está mudando a forma como me relaciono com meus pais. Eu ligo para a minha mãe uma vez por mês, mas ela entra no Twitter todo dia. Eu também. No começo do Twitter todo mundo falava “isso é só para você falar o que comeu no café da manhã”. É sem sentido e superficial. Eu tuito sobre o que comi no café da manhã de vez em quando. Para a maior parte do mundo, isso é inútil. 99.9999% do mundo não se importa com isso. Mas tem uma pessoa que se importa, e é a minha mãe. Minha mãe adora saber o que eu comi no café da manhã. Ela gosta de saber que estou vivo e que estou comendo.

Sobre a ideia de ser prefeito de Nova York

É mais uma aspiração. Primeiro eu precisaria morar em Nova York para ser prefeito de lá, eu não moro lá. Eu cresci com um amor por cidades e obsessão por elas, e na Universidade tive que escolher entre Ciência Política e Ciência da Computação. Em Ciência Política, eu seria um prefeito. Eu pensei em poder fazer uma lei, e o resultado dela seria percebido em dois, quatro anos, e isso é muito tempo. Mas eu poderia criar a mesma lei, mesma regra, mesma política em um software, e poderia ver em dois segundos. A questão para mim sempre foi estar dentro das coisas para dizer às pessoas o que fazer, ou estar fora daquilo e mostrar o que elas podem fazer. Então ser um prefeiro é mais uma aspiração, uma coisa conceitual, motivacional para mim do que qualquer coisa. Mas tem a ver com como podemos governar melhor, legislar melhor, e acho que a tecnologia pode ajudar.

Square

Square é fundamental na minha mente como o Twitter. Se você olhar para conversas, para comportamento social, e para o comércio, são coisas bastante parecidas. São pessoas trocando bens. O comércio se tornou muito complicado. Dinheiro é um conceito que afeta todas as pessoas do mundo praticamente todos os dias, e em algum momento na vida as pessoas se sentem mal por isso. Então a ideia do Square é não apenas sobre pagamentos, e sobre todo o comércio, é levar o comércio de volta ao nível da conversa, ao nível social. Nós fizemos coisas nos Estados Unidos para começar, onde as pessoas usam as máquinas do Square, e temos um produto chamado Square Wallet onde as pessoas colocam o número do cartão de crédito, e então elas entram em uma loja. E só de entrar o nome e a foto aparece no caixa. Assim que você entra o vendedor sabe quem você é e o que pode querer comprar. Eles podem me dizer “Jack, eis seu capuccino” e eu simplesmente pego e vou embora. Meu telefone não sai do meu bolso, nem minha carteira, mas eu paguei por alguma coisa. É algo que muda a experiência dos pagamentos.

Twitter na cultura popular: nomes de usuário com @, hashtags, entre outras coisas

Acho que o mais legal disso tudo é que o Twitter não criou nada. Quem usa o serviço criou. O símbolo @, as hashtags, os retweets, tudo veio de quem usava o serviço e nós tornamos mais simples. Agora acho que são uma forma fantástica de se expressar fora da rede. Tenho orgulho de ter ajudado a levar isso para a audiência global, e de ter tornado isso tudo mais simples.

E, para finalizar: Jack Dorsey se tornou super-herói em uma história em quadrinhos não autorizada. O que ele acha disso?

Eu era um grande fã de histórias em quadrinhos quando era criança, e fiquei muito surpreso quando fiquei sabendo de uma história em quadrinhos sobre mim. Não sei sobre o que é, quais são meus super-poderes, mas acredito que seja a história em quadrinhos mais entediante do mundo. Mas ela está aí, e um dia vou tentar ler.

 

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