Jogue as demos e, se gostar, ajude esses indies brasileiros a se tornarem games completos

Muitos mais do que pedir seu dinheiro, essas duas campanhas deixam você ter um gostinho com demos dos jogos antes de ajudar (ou não)

por Bruno Izidro

Campanhas de jogos em sites de financiamento coletivo pipocam por todos os lados quase todos os meses. São projetos que pedem o meu, o seu, o nosso dinheiro para se tornarem realidade. Algumas dessas campanhas conseguem sucesso ao apelar para a nostalgia e uma figura importante da indústria, como Bloodstained, e outros pelo desejo da volta de uma série do passado, como Shenmue 3.

Porém, a situação fica um pouco mais complicada em campanhas de projetos completamente originais e novos. Afinal, você pouco sabe sobre aquele jogo e só ver vídeos e artes conceituais pode não ser o suficiente para te convencer a ajudar com o seu rico dinheirinho. “Sabíamos que muitas campanhas de financiamento coletivo falharam por não ter apresentado algo a mais que uma ‘ideia’”, explica Marivaldo Cabral, diretor do estúdio QUByte. Por isso, quando eles recentemente lançaram uma campanha no Catarse para desenvolver 99Vidas – o Jogo, disponibilizaram também uma demo do game.

Outra campanha de financiamento recente que adotou a mesma tática foi a do jogo Satellite Rush, no Kickstarter. “A demo ajuda não só a cativar as pessoas para contribuírem com o projeto, mas também a sermos os mais abertos possíveis sobre onde queremos chegar com o jogo”, fala Daniel Ximenes, game designer da Kimeric Labs, a desenvolvedoras responsável pelo game.

Ao disponibilizarem versões de teste, as campanhas de Satellite Rush e 99 Vidas – O Jogo dão aos jogadores um bom método para julgar melhor antes de decidir se apoiam ou não esses novas empreitadas de indies brasileiros. Mas antes mesmo de clicar no download, é bom conhecermos melhor ambos os projetos.

Satellite Rush

Esse shooter com visão superior tem uma origem bem inusitada, como contamos no começo do ano, ainda na época do Kotaku Brasil. Agora os cariocas da Kimeric Labs finalmente iniciaram a campanha no Kickstarter para transformar Satellite Rush no jogo que querem fazer.

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Nesses últimos meses, os desenvolvedores trabalharam justamente na demo que pode ser baixada na página do Kickstarter e que dá um gostinho do que esperar do jogo. Em Satellite Rush controlamos um humano abduzido por aliens que é jogado em uma espécie de show intergaláctico em que se deve passar por várias arenas cheias de criaturas.

O game tem forte inspiração no clássico de arcade Smash TV e também em The Binding of Isaac, por possui elementos de roguelike, inclusive com cada arena sendo gerada randomicamente. O diferencial em Satellite Rush está em você matar as criaturas para aumentar a barra de empolgação da plateia, que pode jogar armas melhores para você vencer mais fácil. Fora isso, ao terminar a fase vitorioso, é possível receber ajuda de patrocinadores para o ganho de upgrades.

Tudo isso pode ser experimentado já na demo e que, segundo os criadores, representa 10% do jogo. “[A demo mostra] as raízes do Satellite Rush, que estará presente – só que mais, melhor e mais divertido – na versão final do jogo”, conta o game designer Daniel Ximenes.

Mesmo com todo os indícios de ser um bom jogo e até possuir uma parte jogável para demonstrar isso, a Kimeric Labs está com dificuldades no Kickstarter. Estando nos últimos dias da campanha, eles arrecadaram pouco menos de US$ 7 mil dos US$ 18 mil da meta. As dificuldades encontradas pelos desenvolvedores vão desde da óbvia alta do dólar até o enfoque maior no mercado internacional. Pelo menos eles já estão removendo alguns desses obstáculos, principalmente para o público brasileiro, com a possibilidade de contribuir com a campanha também por meio das lojas Nuuvem e Splitplay.

E se, mesmo assim, a campanha não vingar? “O Satellite Rush vai ser terminado, mas vai ser um jogo diferente, de escopo bem menor e bem menos divertido, muito distante do que nós temos planejado e explicamos na nossa campanha do Kickstarter”, responde Ximenes.

99 Vidas – O jogo

Um dos mais antigos e conhecidos podcast de games do Brasil pode virar game. Jurandir Filho, Izzy Nobre, Evandro de Freitas e Bruno Carvalho se juntaram com o estúdio QUByte para iniciar 99Vidas – O Jogo, que é o projeto mais ambicioso do podcast.

Sendo o 99Vidas um programa que fala principalmente de jogos antigos, nada mais justo do que o jogo deles ser um Beat ‘em up inspirados em clássicos como Final Fight, Streetsof Rage, Double Dragon e outros. Os personagens são, claro, os próprios participantes do podcast, mas na demo disponível na página da campanha no Catarse somente “Juras” e Izzy estão jogáveis.

A demo possui um level inteiro, com direito a chefão e modo co-op. Nela já dá para perceber que o jogo, se financiado, terá muitos easter eggs e referências das histórias contadas no podcast, fruto da participação ativa dos membros do site na criação do jogo. “São coisas que os fãs do programa logo de cara irão perceber, desde coisas simples, como características dos protagonistas, até frases soltas ‘escondidas’ pelo cenário”, fala Marivaldo Cabral, da QUByte e que confessa também ser um ouvinte assíduo do podcast 99Vidas.

Um exemplo disso é o personagem do Jurandir Filho, que tem como um golpe especial o rugido de um leão, em referência a adoração que o podcaster tem pelo filme O Rei Leão, da Disney.

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Já a campanha do jogo está indo muito bem, obrigado. Com mais de um mês e meio para terminar, quase metade dos R$ 80 mil pedidos foram arrecadados. Por isso a confiança do estúdio está bem grande. “Estamos bastante confiantes que vamos conseguir atingir pelo menos a nossa meta mínima, que seria o jogo completo para PC e Mac”, fala Cabral. O plano da QUByte e do 99Vidas é desenvolver o jogo também para consoles e portáteis caso a primeira meta seja atingida.

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Não é difícil encontrar por aí campanhas de jogos que parecem bem suspeitas ou, como Cabral mencionou no início, que são somente “ideias”, sem nada muito concreto para mostrar. Ao disponibilizarem uma demo de seus jogos, os desenvolvedores brasileiros, no mínimo, demonstram que estão comprometidos com seus respectivos projetos, além de ser uma boa maneira de comprovarmos se os jogos nos agradarão. Só por essa atitude, as duas campanhas merecem a nossa atenção e, quem sabe, elas se tornem mais dois ótimos jogos brasileiros.

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