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Médicos alertam que lâmpadas ultravioleta para eliminar vírus podem queimar seus olhos

Luzes ultravioleta têm sido usadas para eliminar o vírus da COVID-19 nos ambientes, mas isso também tem prejudicado a visão de muita gente.

Luz ultravioleta (UV) no combate ao COVID-19. Imagem: ELSON ALMEIDA/AFP (Getty Images)

Um funcionário da LATAM usando um robô que utiliza luz UV-C para desinfectar o interior do avião. Imagem: Nelson Almeida/AFP (Getty Images)

Lâmpadas ultravioleta que podem eliminar vírus e bactérias parecem estar causando lesões oculares em algumas pessoas. Em um novo relatório divulgado este mês, médicos relataram vários casos de pacientes que tiveram inflamação nas córneas por exposição à radiação UV de “lâmpadas germicidas”. Muita gente nem sabia que as luzes estavam no ambiente, uma vez que foram colocadas em locais estratégicos desde o início da pandemia.

A iluminação ultravioleta tem recebido muita atenção, principalmente porque a radiação pode degradar a estabilidade de muitos germes indesejados. No passado, lâmpadas especializadas foram usadas para controlar surtos de outras doenças potencialmente transmitidas pelo ar, incluindo a tuberculose. Agora, muitas empresas e hospitais estão usando esse tipo de recurso para desinfetar salas e equipamentos que ficam em contato com COVID-19.

O problema é que a radiação ultravioleta também prejudica os humanos. A exposição aos raios UV pode danificar tanto a pele quanto nossas córneas, a camada externa transparente e protetora de nossos olhos. Quando isso acontece, causa uma inflamação dolorosa chamada fotoqueratite ou fotoceratite.

Em um artigo publicado na revista Ocular Immunology and Inflammation, os especialistas descrevem sete casos em que as pessoas desenvolveram fotoqueratite várias horas após a exposição a lâmpadas UV. Todas elas foram examinadas por médicos do Bascom Palmer Eye Institute da Escola de Medicina Leonard Miller da Universidade de Miami, nos Estados Unidos.

Os olhos de um paciente que desenvolveu córneas inflamadas após se expôr a lâmpadas UV. Imagem: Sengillo, et al/Ocular Immunology and Inflammation

Além de irritação e vermelhidão, alguns pacientes apresentaram sintomas leves, como sensação de que havia algo preso em seus olhos. Outros tiveram queimação intensa e dolorosa e sensibilidade à luz. Em três casos, as lâmpadas foram instaladas em casa, enquanto três dos pacientes ficaram expostos no trabalho. Em todos esses casos, as pessoas relataram ter feito contato direto com a iluminação sem proteção para os olhos. Houve ainda um sétimo caso em que a exposição aconteceu em um consultório dentário.

Felizmente, os sintomas das pessoas foram de curta duração após o tratamento — geralmente uma combinação de colírios lubrificantes, antibióticos e esteroides dá conta do recado para curar as feridas. A maioria dos pacientes se recuperou completamente em dois ou três dias.

Contudo, estes não são os primeiros ferimentos desse tipo vistos durante a pandemia. No início de abril, médicos em Hong Kong informaram três casos semelhantes em uma única casa.

Não está claro se a iluminação ultravioleta tem sido realmente útil durante esta pandemia. Uma quantidade suficiente de radiação ultravioleta deve ser capaz de matar o coronavírus remanescente no ar ou em superfícies e objetos, como máscaras protetoras usadas pelos profissionais de saúde. Mas o tipo exato de radiação ultravioleta que é mais eficaz em matar vírus (UV-C) também é muito perigoso para as pessoas, limitando a utilidade desta estratégia de desinfecção no mundo real.

A Organização Mundial da Saúde agora adverte as pessoas para que não façam uso doméstico de luminárias que emitam raios ultravioleta, e que caso o façam, sigam estritamente as recomendações das fabricantes. Os médicos também lembram que “a desinfecção de ar por UV-C em instalações médicas requer técnicos bem treinados para evitar a exposição direta dos ocupantes”.

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