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Larry Page e Mark Zuckerberg reagem ao PRISM: não sabemos de nada

O PRISM foi divulgado ontem e pegou o mundo de surpresa. De uma hora para outra, ficamos sabendo que o governo dos Estados Unidos espiona praticamente tudo o que fazemos na internet. E se isso já não era ruim o suficiente, grandes empresas de tecnologia forneciam nossos dados pessoais para a Agência Nacional de Segurança […]

O PRISM foi divulgado ontem e pegou o mundo de surpresa. De uma hora para outra, ficamos sabendo que o governo dos Estados Unidos espiona praticamente tudo o que fazemos na internet. E se isso já não era ruim o suficiente, grandes empresas de tecnologia forneciam nossos dados pessoais para a Agência Nacional de Segurança (NSA).

Como assim? Então Google, Facebook, Microsoft, Apple e outras simplesmente entregavam nossos dados para o governo dos Estados Unidos? Um dia depois do escândalo estourar, ao menos duas dessas empresas vieram desmentir o fato. Larry Page, do Google, e Mark Zuckerberg, do Facebook, soltaram nota oficial (Page em um post no blog do Google e Zuck em um post no Facebook) negando conhecerem a existência do PRISM.

O impressionante é que ambas as declarações contam com muitas partes parecidas (a ênfase foi dada por nós para destacar as semelhanças):

Zuckerberg, do Facebook:

Eu quero responder pessoalmente às revoltantes notícias da imprensa sobre o PRISM.

O Facebook não faz e nunca fez parte de nenhum programa para dar ao governo dos Estados Unidos e a nenhum outro acesso direto aos nossos servidores. Nós nunca recebemos nenhum pedido ou ordem judicial de qualquer órgão do governo pedindo informações ou metadados em massa, como o que a Verizon teria recebido. E mesmo que tivéssemos, nós brigaríamos contra agressivamente. Não tínhamos sequer ouvido falar no PRISM antes de ontem.

Quando governos pedem dados ao Facebook, nós revisamos cada pedido cuidadosamente para ter certeza que sempre seguem processos corretos e todas as leis aplicáveis, e só então damos a informação caso seja exigida por lei. Nós continuaremos brigando agressivamente para manter as suas informações seguras.

Nós encorajamos governos a serem muito mais transparentes sobre todos os problemas que visam manter a segurança pública. É a única forma de proteger todas as liberdades civis e criar a sociedade livre e segura que queremos a longo prazo.

Larry Page, do Google, em carta assinada em conjunto com David Drummond, diretor jurídico da empresa:

Você já deve ter ficado sabendo das reportagens na imprensa que afirmam que empresas de internet se juntaram a um programa secreto do governo dos Estados Unidos chamado PRISM para dar à NSA acesso direto aos nossos servidores. Como CEO do Google e Chief Legal Officer, queremos que vocês saibam todos os fatos.

Primeiro, nós não entramos em nenhum programa que daria ao governo dos Estados Unidos – nem a nenhum outro governo – acesso direto aos nossos servidores. O governo dos Estados Unidos não tem acesso direto ou uma “backdoor” para as informações guardadas em nossos data centers. Nós não tínhamos ouvido falar em um programa chamado PRISM até ontem.

Em segundo lugar, nós fornecemos dados a governos apenas quando isso está de acordo com as leis. Nossa equipe jurídica revisa todos os pedidos, e frequentemente nega quando os pedidos são muito amplos ou não seguem o processo correto. Relatos na imprensa que sugerem que o Google está dando acesso aos dados dos nossos usuários são falsos, ponto final. Até as reportagens desta semana, nós nunca tínhamos ouvido falar em um pedido amplo como o que a Verizon recebeu – uma ordem que parece ter exigido que eles fornecessem gravações de ligações de milhões de usuários. Nós estamos muito surpresos ao saber que uma coisa assim exista. Qualquer sugestão de que o Google está fornecendo informações sobre as atividades na internet dos nossos usuários em tamanha escala é completamente falsa.

Finalmente, este episódio confirma o que há muito acreditamos – é preciso ter uma abordagem mais transparente. O Google trabalha duro, dentro das leis atuais, para ser aberto sobre o tipo de pedido de dados que recebemos. Nós postamos estas informações em nosso Relatório de Transparência sempre que possível. Nós fomos a primeira empresa a fazer isso. E, é claro, nós entendemos que o governo dos Estados Unidos e outros precisam fazer medidas para proteger a segurança dos cidadãos – incluindo algumas vezes o uso de vigilância. Mas o nível de segredo sobre os procedimentos legais atuais acabam com a liberdade que desejamos.

Apesar da negativa de Google e Facebook (e de todas as outras empresas), essa história ainda está muito estranha. Vemos duas possibilidades: a primeira é que o governo dos Estados Unidos realmente tinha (e tem) todos esses acessos sem que as empresas soubessem, e isso é terrível – Obama não negou nada até agora. A segunda possibilidade é que as empresas estão mentindo, e isso é péssimo da mesma forma. Ou seja, em ambos os cenários as coisas são horríveis para nós.

Essa história ainda vai ser muito discutida durante um bom tempo, mas é bom lembrar: até agora as coisas estão terríveis para todos os lados – seja o governo dos Estados Unidos, ou as empresas, ou a população que está sendo vigiada. [Foto de destaque: encontro na Casa Branca, em 2011, entre Obama e CEOs de gigantes de tecnologia: Facebook, Google, Apple, Yahoo!, Twitter, Netflix e Oracle.]

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