É óbvio, mas não custa lembrar: lavar as mãos direito é uma arma eficaz contra superbactérias e fungos

Uma angustiante matéria publicada no New York Times neste fim de semana causou pânico em muita gente. O texto detalha o surgimento de uma doença fúngica em hospitais que — como muitas outras infecções — se tornou resistente aos medicamentos usados ​​para tratá-la. Mas, apesar de todos os nossos medos justificados sobre superbactérias e superfungos, […]
Gentle07/Pixabay

Uma angustiante matéria publicada no New York Times neste fim de semana causou pânico em muita gente. O texto detalha o surgimento de uma doença fúngica em hospitais que — como muitas outras infecções — se tornou resistente aos medicamentos usados ​​para tratá-la. Mas, apesar de todos os nossos medos justificados sobre superbactérias e superfungos, há uma precaução simples contra infecções que muitos de nós não tomamos: lavar as mãos corretamente.

Em 2013, pesquisadores da Michigan State University realizaram um estudo ingrato e levemente assustador. Eles observaram como mais de 3.500 moradores de sua cidade universitária usaram a pia em vários banheiros depois de, você sabe, resolver alguns negócios.

Cerca de 10% das pessoas observadas optaram por não lavar as mãos, o que é simplesmente inaceitável ao encerrar uma visita ao banheiro. Mas mesmo a grande maioria das pessoas que lavaram as mãos não soube fazer isso da maneira adequada.

Quase um quarto das pessoas lavou as mãos sem sabão, por exemplo. E apenas 5% lavaram as mãos por pelo menos 15 segundos ou mais — e isso, na verdade, é menos do que o mínimo de 20 segundos de lavagem das mãos recomendado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês).

O estudo de 2013 certamente não foi o primeiro a mostrar a nossa horrível habilidade para lavar as mãos. Ele também não foi o último. Em 2018, um estudo menor, com cerca de 400 pessoas, financiado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, descobriu que 97% falharam em lavar as mãos da maneira correta e, de maneira assustadora, um terço não lavava de jeito nenhum ao preparar uma refeição.

Isso é completamente lamentável. Germes de origem alimentar, como Escherichia coli ou Salmonella, também estão se tornando resistentes aos medicamentos.

Claro, a lavagem das mãos sozinha não vai parar a praga das superbactérias e superfungos atualmente em curso. A ameaça fúngica central da matéria do New York Times, chamada Candida auris, é um germe resistente que é incrivelmente difícil de extirpar dos quartos de hospital, lares de idosos e pacientes que o coloniza. E há poucas pesquisas sobre se a lavagem adequada das mãos pode realmente diminuir o risco de disseminação de C. auris durante um surto.

Deixando isso de lado, há muitos fatores além da lavagem das mãos que afetam diretamente o crescimento de infecções resistentes a medicamentos. Esses fatores incluem:

  • a prescrição excessiva de antibióticos para pessoas que não precisam deles;
  • a inundação de nosso gado com antibióticos (uma prática que só recentemente diminuiu nos EUA);
  • o uso excessivo de fungicidas em plantações, que provavelmente abriram caminho para que fungos mais resistentes, incluindo C. auris, aparecessem.

Mas hospitais e lugares similares são focos de muitas infecções resistentes a medicamentos que podem ser evitadas ou pelo menos contidas de forma mais eficaz com uma boa lavagem das mãos. Em hospitais e até em casas de repouso onde funcionários, pacientes e visitantes passaram a lavar melhor suas mãos, por exemplo, as taxas de surtos de superbactérias e superfungos parecem ter diminuído.

Atualmente, esses surtos ainda estão amplamente contidos em áreas de reprodução adequadas, como hospitais e prisões, e as vítimas mais comuns tendem a ser pessoas cujo sistema imunológico já está comprometido.

Mas eles não são um perigo abstrato também. Anualmente, germes resistentes a drogas infectam cerca de 2 milhões de americanos e matam mais de 20 mil diretamente. E, de acordo com pelo menos uma estimativa do Reino Unido, eles podem muito bem tirar mais vidas em todo o mundo do que o câncer até 2050, se nenhum grande avanço for feito (e, ao que tudo indica, ele não virá com tanta facilidade).

Como lavar as mãos corretamente

Diante desse destino incerto, o mínimo que podemos fazer é lavar as mãos um pouco melhor. Veja como você pode fazer isso.

De acordo com o CDC, você deve lavar com sabão e água corrente limpa (quente ou fria, isso não importa muito) por 20 segundos, ensaboando vigorosamente entre cada cantinho. A Organização Mundial da Saúde (OMS) explica muito bem como fazer isso.

Guia do Ministério da Saúde de como lavar as mãosImagem: Ministério da Saúde

Em seguida, enxágue suas mãos bem antes de secá-las completamente com uma toalha ou secador (secadores de mãos, deve-se dizer, podem na verdade espalhar alguns dos germes deixados para trás em nossas mãos).

As mãos devem ser lavadas antes, durante e depois da preparação da comida (incluindo as refeições do seu animal de estimação, que geralmente contêm carne, que pode estar contaminada); antes de comer; e após manipular fluidos corporais (seus próprios ou de outros) e lixo.

Os desinfetantes para as mãos à base de álcool podem funcionar bem, mas não protegem você de tantos germes quanto o sabão e a água e não são tão eficazes se suas mãos estiverem visivelmente sujas ou oleosas. E, sem querer te assustar ainda mais, mas há suspeitas de que algumas bactérias estão aprendendo a se defender de produtos à base de álcool também.

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