Cientistas da Universidade do Estado do Oregon, nos EUA, estão estudando um novo jeito de fabricar cerveja. A equipe pretende utilizar biologia sintética para criar bebidas variadas e também evitar que a produção seja interrompida pelas mudanças climáticas. O estudo completo foi publicado na revista científica Fermentation.
Antes de entender o estudo, é preciso saber alguns detalhes sobre as cervejas artesanais. O sabor delas é obtido, sobretudo, pelo lúpulo e seus óleos essenciais, que contribuem para o aroma da bebida.
Diversos compostos formam os óleos essenciais, incluindo os chamados tióis, que fornecem aromas tropicais à cerveja. Mas o teor do tiol pode variar dependendo da variedade do lúpulo. Pensando nisso, os pesquisadores desenvolveram uma cepa de levedura geneticamente modificada capaz de aumentar as quantidades de tióis livres.
Basicamente, a levedura expressa uma enzima que aumenta a quantidade de dois tióis com sabor tropical produzidos durante a fermentação da cerveja, o 3-mercaptohexan-1-ol (3MH) e o 3-mercaptohexyl acetato (3MHA). Essas moléculas também são encontradas em frutas tropicais, como goiaba e maracujá.
Dessa forma, a mudança na fermentação permite aos cervejeiros alcançar o aroma ideal da bebida sem necessidade de lúpulo adicional. Além disso, a prática é positiva frente às mudanças ambientais.
Pense que para fabricar a bebida, é preciso obter lúpulo, açúcar, trigo e cevada. Consequentemente, são necessárias grandes áreas de terra para realizar as colheitas, além do uso de água e energia.
Estima-se que sejam necessários entre 300 e 450 galões de água para o cultivo de apenas 450 gramas de lúpulo. Se a fermentação pudesse ser feita em laboratório, a pegada ambiental causada pela fabricação de bebidas seria diminuída. Além disso, os cervejeiros poderiam obter vantagens, já que as mudanças climáticas levam a secas e incêndios que muitas vezes prejudicam a cadeia de produção.
De acordo com a equipe, as novas técnicas de fabricação geraram cervejas tropicais e frutadas, com aromas associados a goiaba, maracujá, manga e abacaxi. A equipe reforça que os ingredientes obtidos em laboratório não devem substituir o lúpulo, mas servem como opção para aqueles que procuram produzir cervejas diferenciadas e sustentáveis.