LightSail 2 abre velas solares em teste de tecnologia que possibilitará viagens interestelares

Velas solares, como as da Light Sail 2, são esperança para resolver problemas de combustível e possibilitar viagens interestelares.
Foto das velas solares LightSail 2
Planetary Society

Um pequeno veículo espacial na órbita da Terra implementou com sucesso suas velas solares. Chamada LightSail 2, a nave agora usará o poder do Sol para elevar ainda mais sua altura orbital, o que é considerado um teste importante desse meio promissor de propulsão.

O LightSail 2 é um projeto de financiamento coletivo administrado pela Planetary Society, uma organização espacial sem fins lucrativos. O objetivo desta missão de prova de conceito é testar a viabilidade de usar a navegação solar como um meio de impulsionar CubeSats e outros objetos no espaço. Eventualmente, uma versão ampliada desta tecnologia poderia nos levar além do sistema solar a velocidades relativísticas.

Concepção artística das velas solares Light Sail 2Concepção artística das velas Light Sail 2. Crédito: Planetary Society

Em 2015, a Planetary Society conduziu um teste preliminar com a LightSail 1, mas a versão que está no espaço agora tentará usar suas velas solares para elevar sua órbita em uma quantidade mensurável. Na terça-feira (23), cerca de quatro semanas após ser deixado na órbita da Terra pelo foguete SpaceX Falcon Heavy, o LightSail 2 passou seu primeiro teste crítico: a implementação de suas velas solares. O CubeSat em si tem o tamanho de uma torradeira, mas com suas quatro velas triangulares e finas desdobradas, a estrutura mede 32 metros quadrados.

A Planetary Society confirmou o sucesso do funcionamento das velas em seu website, dizendo que os sistemas principais mostram que as velas solares estão a 30 graus da sua orientação esperada, o que é um sinal de que a nave está monitorando o Sol de forma apropriada. Os controladores da missão para o projeto estão monitorando a espaçonave de suas instalações em San Luis Obispo, na Califórnia.

Às 14h (horário do Pacífico) de 23 de julho, o LightSail 2 havia entrado no modo de navegação solar. Sua roda dinâmica, que funciona para orientar a posição da espaçonave, estava operando como esperado. Então isso mais o posicionamento das velas mostram que até o momento está tudo dando certo.

As primeiras imagens da vela desenrolada, tiradas pela nave espacial, foram divulgadas pela manhã em um tuíte da Planetary Society.

Os controladores da missão ainda estão avaliando a integridade da implantação, incluindo uma revisão dos dados de telemetria da espaçonave. Assumindo que tudo esteja bem, o LightSail 2 começará a elevar sua órbita aproveitando a energia do Sol.

A própria Planetary Society explica o funcionamento:

A luz é feita de pacotes de energia chamados fótons. Embora os fótons não tenham massa, eles têm impulso. As velas solares captam este impulso com folhas de material Mylar, que são altamente refletivos. À medida que os fótons refletem na vela, a maior parte de seu impulso é transferida, empurrando a vela para frente.

A aceleração resultante é pequena, mas contínua. Ao contrário dos foguetes químicos que fornecem curtas explosões de propulsão, as velas solares são impulsionadas continuamente e podem atingir velocidades mais altas ao longo do tempo. A luz solar é livre e ilimitada, enquanto o propelente de foguete deve ser colocado em órbita e armazenado a bordo de uma espaçonave. A navegação solar é considerada um meio possível para uma viagem espacial interestelar.

A Planetary Society espera que o LigthSail 2 aumente sua órbita em uma quantidade mensurável, o que não deve ser um problema. Espera-se que a espaçonave se mova a uma taxa de várias centenas de metros por dia. A nave está atualmente a 720 km da Terra. Além de mover pequenos satélites em órbita, grandes velas solares poderiam ser usadas para propelir espaçonaves pesadas pelo sistema solar.

O projeto Breakthrough Starshot, por exemplo, prevê uma vela solar movida a laser que poderia ser usada para viagens interestelares. Incrivelmente, essas pequenas naves movidas à luz poderiam viajar a velocidades próximas a 20% da velocidade da luz. Nesse ritmo, tal nave poderia alcançar nosso vizinho estelar mais próximo, a Alpha Centauri, em apenas 20 anos.

Concepção artística de vela solar da JAXA, a agência espacial japonesaConcepção artística de vela solar da JAXA, a agência espacial japonesa. Crédito: JAXA

A Planetary Society não é o primeiro grupo a experimentar a tecnologia das velas solares. Em 2010, a JAXA (Agência de Exploração Aeroespacial do Japão) testou com sucesso a IKAROS, uma vela solar de 196 metros quadrados. Diferentemente do LightSail 2, no entanto, a IKAROS é um viajante interplanetário, se aventurando pelo sistema solar.

Olhando para o futuro, a JAXA está planejando uma vela solar de 2.500 metros quadrados para a órbita de Júpiter, onde estudará os asteroides do gigante de gás, e depois retornar à Terra. Este projeto está previsto para ser lançado no início de 2020.

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