O MacBook Pro com Intel Core i9 não consegue suportar direito seu próprio processador

A Apple estava bastante atrasada no que diz respeito aos processadores da sua linha de notebooks. Mas isso foi em parte resolvido na semana passada, com o anúncio dos MacBook Pros com chips Coffee Lake, a oitava geração da Intel. Entre os modelos, o topo de linha vem com um Core i9 de seis núcleos […]

A Apple estava bastante atrasada no que diz respeito aos processadores da sua linha de notebooks. Mas isso foi em parte resolvido na semana passada, com o anúncio dos MacBook Pros com chips Coffee Lake, a oitava geração da Intel. Entre os modelos, o topo de linha vem com um Core i9 de seis núcleos e 2,9 GHz de clock, modelo 8950HK. Teoricamente, essa seria uma ótima adição à linha de MacBook Pros. Era para ser um modelo com desempenho extra para quem trabalha com vídeo ou gráficos sem que isso significasse um laptop muito grande.

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Porém, não é o que estamos vendo na prática. Relatos de várias fontes, incluindo o site AppleInsider e o youtuber Dave Lee, dizem que a performance do MacBook Pro com Core i9 não é tão boa assim. Mais do que isso: em algumas situações, ele roda pior que o modelo do ano passado com Core i7. Mesmo assim, ele tem um preço bem mais alto: US$ 2.800, ou R$ 10.842,87 em conversão direta. O modelo não está à venda na Apple Store brasileira.

O problema, ao que parece, é que a Apple simplesmente colocou o novo processador no chassi do MacBook Pro, sem fazer muita coisa para melhorar o resfriamento ou o controle de temperatura. Isso significa que, ao executar uma tarefa pesada, o calor toma conta rapidamente do notebook. Ele logo é forçado a limitar a CPU para evitar que o sistema superaqueça. Isso tem um impacto negativo na performance geral.

Dave Lee, em seus testes, renderizou um vídeo grande em 4K no Adobe Premier usando um MacBook i7. O processo levou 35 minutos e 22 segundos. Já em um novíssimo MacBook Pro 2018 com Core i9, a mesma tarefa levou 4 minutos e 15 minutos a mais. Para testar sua teoria sobre o resfriamento ruim e o impacto dele no desempenho, ele colocou um MacBook Pro i9 no freezer e colocou o mesmo clipe para ser renderizado. Desta vez, o tempo caiu drasticamente, em mais de 10 minutos.

(Nota: se você quer melhorar a performance do seu computador, por favor, não coloque-o na geladeira. A condensação é péssima para os computadores.)

Os resultados dos testes da AppleInsider não mostraram uma diferença tão drástica. Depois de rodar dez vezes o Cinebench, a média dos resultados de um MacBook Pro básico com Core i7 foi 916. Já o modelo com Core i9 atingiu apenas 906 de média.

Além disso, o AppleInsider deu uma olhada no clock real dos dois sistemas. Eles viram pouca diferença entre as duas CPUs. Isso acontece apesar de os mesmos chips terem o mesmo TDP (projeto de design térmico) de 45 watts e do Core i9 ter uma frequência base mais alta, de 2,9 GHz, e uma frequência máxima turbo de 4,8 GHz. Os dois valores são mais altos que o i7 de oitava geração, que tem 2,2 GHz e 4,1 GHz, respectivamente.

Patrick Moorhead, fundador da Moor Insights and Strategy e ex-vice-presidente da AMD, também suspeita que seja uma questão de chip muito quente para chassi muito pequeno. Ele diz que ainda não teve a chance de testar o sistema, mas mesmo assim fez o seguinte comentário:

“Processadores como o Intel Core i9 são todos manufaturados com limitações de calor e potência máximas para manter uma frequência específica. Fabricantes, como a Apple, criam soluções térmicas para seus sistemas. No caso de um MacBook Pro, isso é feito para remover calor suficiente para o processador rodar na frequência projetada. As configurações da BIOS determinam quando o sistema de resfriamento deve ser ativado, além de sua intensidade e duração.

Todos os notebooks finos, voltados para o consumidor comum, como o MacBook Pro, estrangulam o processador em algum momento, ao rodarem tarefas pesadas como games e edição de vídeo. A questão é o quão rápido eles começam a fazer isso. Notebooks voltados para games e performance, como os da Dell, HP e Lenovo, são projetados especificamente para trabalhos pesados como estes. Geralmente, eles são pensados para limitar muito menos o hardware. Seus projetos são tipicamente maiores, para abrigar soluções de resfriamento mais robustas.”

A última parte faz bastante sentido. Vários notebooks com i7 têm corpos finos e leves. Já notebooks com i9 tendem a se parecer como a besta GT75, da MSI. Ele tem um case muito maior e ventoinhas amplas para evitar gargalos.

Este monstro tem quase 4 cm de espessura, em grande parte para manter o i9 frio. Foto: Sam Rutherford (Gizmodo)

Há poucos aparelhos disponíveis no mercado com i9, que foi anunciado em abril. O Dell XPS 15, que tem dimensões semelhantes ao MacBook Pro, também tem uma opção com i9. Também vem rolando algumas suspeitas de gargalos de aquecimento. Nós procuramos a Dell para comentar, mas ainda não obtivemos resposta.

Nós também procuramos a Apple e a Intel para comentar o assunto. A Intel respondeu com um comunicado dizendo “A resposta dos consumidores é muito importante para nós. Estamos trabalhando de maneira muito próxima aos fabricantes para investigar. Compartilharemos mais informações quando estiverem disponíveis.” Nós atualizaremos o post quando tivermos uma resposta da Apple.

Portanto, se você estiver pensando em comprar um dos novos (e caríssimos) MacBooks de 2018, ao menos que alguma coisa mude, é melhor ignorar o i9. Um i7 de 15 polegadas é tão rápido quanto ele, e custa algumas centenas a menos.

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