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A maconha está se tornando mais popular nos EUA, especialmente entre pessoas com depressão

A maconha tem se popularizado nos Estados Unidos, mas uma nova pesquisa publicada neste mês mostra que um grupo específico se destacou: pessoas com depressão. E não está claro se isso é uma coisa boa ou não. O estudo, publicado na revista Addiction, analisou mais de 10 anos de dados de uma pesquisa representativa anual, […]

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A maconha tem se popularizado nos Estados Unidos, mas uma nova pesquisa publicada neste mês mostra que um grupo específico se destacou: pessoas com depressão. E não está claro se isso é uma coisa boa ou não.

O estudo, publicado na revista Addiction, analisou mais de 10 anos de dados de uma pesquisa representativa anual, conduzida pelo governo, sobre os hábitos do uso de drogas e o estilo de vida nos EUA, envolvendo mais de 700 mil voluntários.

Entre 2005 e 2017, a porcentagem de pessoas que admitiram ter consumido cannabis nos últimos 30 dias aumentou de forma constante. O crescimento, no entanto, foi muito maior entre as pessoas que relataram ter depressão clínica.

Cerca de 9% das pessoas sem depressão relataram o uso de qualquer quantidade de maconha nos últimos 30 dias. Já o índice para pessoas com depressão era de 19%. Além disso, 7% das pessoas deprimidas também disseram que usavam cannabis diariamente, em comparação com 3% dos entrevistados sem a condição clínica.

Estudos como esse não revelam por que as pessoas deprimidas são mais propensas a consumir maconha, embora a droga tenha conquistado uma reputação de acalmar as pessoas.

Uma das principais razões para o aumento geral da popularidade da cannabis, observaram os autores, é que as pessoas se tornaram mais propensas a acreditar que a cannabis é relativamente inofensiva – uma tendência que também foi maior entre as pessoas com depressão em sua amostra de estudo.

Embora seja verdade que a cannabis não é tão perigosa como o álcool, isso não significa que seja inofensiva, especialmente para os jovens.

“Como o desenvolvimento cerebral está em andamento até pelo menos 25 anos de idade, e os jovens com depressão são especialmente vulneráveis, este é um grupo que pode precisar de atenção em termos de prevenção e intervenção”, disse a co-autora do estudo Renee Goodwin, pesquisadora da Mailman School of Public Health da Universidade de Columbia, em uma declaração divulgada pela universidade.

Cientificamente, as evidências de que a cannabis pode ajudar a tratar a depressão ou outros problemas de saúde mental são muito contraditórias. Um estudo de 2018 concluiu que os consumidores de maconha para fins medicinais registaram uma melhora a curto prazo do humor. Por outro lado, o mesmo estudo mostrou que o consumo a longo prazo de cannabis para o tratamento da depressão estava associado ao agravamento dos sintomas ao longo do tempo.

Uma análise realizada no início deste ano também revelou uma ligação entre o consumo de cannabis pelos adolescentes e a depressão posterior na idade adulta, embora esses estudos apenas possam sugerir uma ligação entre dois fatores e não provem que um provoca o outro (talvez as pessoas com maior probabilidade de desenvolver depressão na idade adulta sejam mais suscetíveis ao consumo de cannabis, mas por outras razões).

Obviamente, o uso ocasional não significa o fim do mundo. Mas pode haver motivo para se preocupar com o aumento do uso à medida que o consumo recreativo de cannabis se torna cada vez mais legalizado, dizem os autores.

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