Made in Brazil Folha de S. Paulo e Rede Globo criam cartilhas para uso do Twitter

Cartilhas para os jornalistas que trabalham nos jornais, quer dizer. Basicamente quem é jornalista da Folha ou Rede Globo não pode dizer pra que time torce, preferências políticas ou "evitar assumir campanhas". Aí o povo já começa a chiadeira: "Censura! Absurdo!". Mas na verdade a Folha e Rede Globo estão certas. E isso quer dizer que está tudo errado.

Imagine você vendo uma reportagem que traz uma denúncia grave contra o governo no Jornal Nacional, em uma cobertura aparentemente imparcial. Aí acaba o jornal e você vê o Twitter do Willian Bonner, que escreve algo do tipo: "os PT tão nu sal agora. keru vê. huahuahuahua". Qual a credibilidade que você dará à informação, sabendo que o editor-chefe é enviesado (além de escrever de um jeitinho próprio)?

No mundo ideal ele separaria suas preferências do trabalho, mas nem sempre é possível. Por isso faz todo sentido para os veículos tradicionais fazerem essa patrulha. Eles não têm o direito de "censurar", mas podem orientar e demitir/colocar na geladeira quem fizer algum deslize. Porque as pessoas esperam que os jornalistas sejam aliens e não tenham preferências.

E essa é uma vantagem dos blogs. Alguns leitores criticam algum post onde a gente xinga um produto ou cai de amores por outros. As pessoas perguntam coisas como "cadê a imparcialidade?" Desculpem, amigos, não há. Ela não existe, mas aqui no Giz a gente tenta ser mais honesto. Tentamos sempre separar a preferência pessoal da análise "científica", impessoal. Mas quem acompanha o blog sabe que o Jesus Diaz gosta, em geral, dos produtos da Apple, que eu sou um feliz dono de uma TV de plasma da Panasonic e um Nokia E71, e por aí vai.

E isso é uma informação a mais pro leitor. Eu amo meu celular Nokia, mas tento olhar com objetividade sobre os problemas do Symbian ou as vantagens do iPhone. Mas você pode ler uma notícia com boas impressões sobre o iPod Nano e pensar que o amor é exagerado porque é um negócio da Apple. Ou, pelo contrário, ver tantos elogios ao Zune HD e pensar: "puxa, elogiar um produto da Microsoft em um blog onde todo mundo tem iPod, o negócio deve ser bom". Como disse, a gente tenta fazer com que preferências pessoais não afetem a análise. Mas elas podem afetar, e é legal o leitor levar isso em consideração ao ler a notícia.

E no meu Twitter, não-censurado, você encontra, basicamente, só opinião. E isso é um problema de jornalistas. Adoramos dar opinião sobre tudo. Com uma "censurinha" a coisa é broxante. Então ei, jornalistas da Folha e Globo. Querendo escrever pro Giz, meu e-mail tá aí do lado. [Via Toledol]

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