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Made in Brazil Inclusão digital acontece é na LAN house

Comentamos por aqui uma ótima ideia do Gilberto Dimenstein, que propõe que o governo, em vez de gastar bilhões levando internet para a casa dos menos abastados, use LAN houses como promotoras da inclusão digital. Com os dados divulgados hoje pelo IBGE, esta ideia faz ainda mais sentido: há mais gente acessando a internet desses lugares do que do trabalho.

Comentamos por aqui uma ótima ideia do Gilberto Dimenstein, que propõe que o governo, em vez de gastar bilhões levando internet para a casa dos menos abastados, use LAN houses como promotoras da inclusão digital. Com os dados divulgados hoje pelo IBGE, esta ideia faz ainda mais sentido: há mais gente acessando a internet desses lugares do que do trabalho.

Os dados fazem parte da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE. Segundo a pesquisa, o número de internautas cresceu 75% entre 2005 e 2008 no Brasil. Desses novos usuários, 17 milhões (30%) têm renda de até dois salários mínimos. Além disso, aumentou a proporção de internautas que acessam a internet em LAN houses (de 22% para 35%). E mais: quem usa LAN house tem renda média baixa, menor até mesmo de quem usa a internet em centros públicos de acesso gratuito.

Cimar Pereira Azeredo, coordenador da pesquisa, disse à Folha:

"Vários fatores explicam o maior acesso entre os mais pobres. O acesso está mais barato e as LAN houses estão mais espalhadas pelo país. Além disso, a renda do brasileiro e a escolaridade aumentaram em reação a 2005"

A inclusão digital aumenta rápido, mas há 105 milhões de brasileiros ainda que não acessam a rede. Segundo a pesquisa, eles se dividem em três grupos de tamanho quase igual: um terço acha desnecessário usar a internet; mais um terço não sabe usar; e o restante não tem acesso a computador. Exato. Pela pesquisa apenas um sexto da população brasileira não acessa a internet por não ter computador ou acesso a ele. E mais barato que doar desktops ou financiar com juros baixos seria fomentar as LAN houses. Se vermos o uso de internet para além de Orkut, MSN e afins, ela pode se tornar uma ferramenta do cidadão, como propõe Dimenstein — e então não seria mais vista como desnecessária.

Quanto ao que as pessoas fazem na net, as reclamações de "maldita inclusão digital" parecem ter fundamento: enquanto os ricos usam a internet para fazer compras e pagar contas, os pobres usam a rede para se comunicar (leia-se Orkut e MSN) e para lazer. Mas no geral, considerando-se todos os internautas, o uso da internet mudou mesmo: em 2005, usava-se a rede principalmente para fins educacionais; em 2008, o foco mudou para comunicação com outras pessoas. Temos uma lista de nomes para culpar por essa mudança.

Se você gosta de dados e números tanto quanto eu, vai querer dar uma olhada nas estatísticas que a Folha reuniu: [Folha; imagem de almig]

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