O deepfake do Mark Zuckerberg é idêntico ao Zuck em carne e osso

Artistas criam, em parceria com agência de publicidade, um vídeo deepfake muito real de Mark Zuckerberg se vangloriando de seu poder de controle de dados.
Captura de tela: Bill Posters/Instagram

Mark Zuckerberg pode ser famoso por parecer e agir como um ser pouco humano (ligeiramente desidratado) tentando se infiltrar na nossa sociedade, mas uma equipe de artistas, em parceria com a agência de publicidade Canny, parece ter construído uma versão de software do CEO do Facebook que um dia poderia ser uma ameaça para a versão hardware do Zuckerberg, tornando-o obsoleto.

Os artistas em questão, Bill Posters e Daniel Howe, afirmam ter modificado a declaração de Zuckerberg de setembro de 2017 sobre a interferência da eleição russa na plataforma Facebook usando a tecnologia de “video dialogue replacement (VDR)” – ou “substituição de diálogo em vídeo”, em tradução livre – da CannyAI, de acordo com a Motherboard. O resultado é algo que ainda não pode andar como o Zuck ou falar como o Zuck, mas certamente parece ser um Zuck, desde que você deixe o som desligado.

No vídeo abaixo, publicado no Instagram, Deepfake Zuck – que parece um pouco com uma marionete de cadáver ao estilo Weekend At Bernie’s (“Um Morto Muito Louco”), embora soe vagamente como um indivíduo maligno falando através das cordas vocais mortas da marionete – se vangloria à audiência de seu poder incomparável, tudo graças a uma organização chamada “Spectre”:

 

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Mark Zuckerberg reveals the truth about Facebook and who really owns the future… see more @sheffdocfest VDR technology by @cannyai #spectreknows #privacy #democracy #surveillancecapitalism #dataism #deepfake

Uma publicação compartilhada por Bill Posters (@bill_posters_uk) em

Tradução: Mark Zuckerberg revela a verdade sobre o Facebook e quem realmente controla o futuro…

Imagine isso por um segundo: um homem, com controle total de bilhões de dados roubados de indivíduos, todos os seus segredos, suas vidas, seus futuros. Eu devo isso tudo ao Spectre. Spectre me mostrou que quem controla os dados controla o futuro.

(O áudio é de um ator imitando o Zuckerberg, não um algoritmo com resfriado, só pra registrar – embora a empresa de inteligência artificial Dessa tenha lançado recentemente um áudio deepfake que soa estranhamente como o podcaster Joe Rogan).

O deepfake de Zuckerberg é parte de uma exposição chamada Spectre que foi apresentada no Sheffield Doc Fest do Reino Unido, de acordo com o Motherboard, e que contou com deepfakes semelhantes de Kim Kardashian e Donald Trump se gabando de seu envolvimento com a organização diabólica. Os fundadores da Canny, Omer Ben-Ami e Jonathan Heimann, disseram ao FXGuide que seu trabalho se baseia em pesquisas anteriores feitas por pesquisadores da Universidade de Washington que ajudaram o diretor Jordan Peele a criar uma advertência de Barack Obama sobre a distopia que os deepfakes devem nos levar. Eles também afirmam que aprenderam com o Projeto Face2Face de Stanford, que você pode ter mais infos clicando aqui.

De acordo com o Motherboard, a agência Canny diz ter gerado o vídeo a partir de um único clipe de 21 segundos de Zuckerberg falando, combinado à gravação de um ator.

É notável que os criadores estão publicando esses vídeos na subsidiária do Facebook, o Instagram, porque a empresa recentemente se recusou a remover clipes alterados da presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, criados para fazê-la parecer bêbada ou sofrendo sintomas de demência. (O vídeo de Pelosi não foi um deepfake, mas sim uma edição simples de material genuíno.) Em vez disso, o Facebook recorreu a meias medidas confusas, incluindo a inserção de links para sites de checagem de fatos e a implementação de procedimentos ambíguos para limitar o alcance.

De acordo com o New York Times, a porta-voz do Facebook, Stephanie Otway, disse que a plataforma aplicaria procedimentos semelhantes neste caso.

“Se os verificadores de terceiros marcarem como falso, vamos filtrá-lo das superfícies de recomendação do Instagram, como as páginas Explorar e as hashtags”, disse Otway ao jornal à época.

[Motherboard]

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