_Colunistas

McCartney, 80 anos em 8 livros

No dia em que o ex-beatle chega à oitava década, separamos dicas dos melhores volumes para saber mais sobre como o músico viveu esses anos

Imagem: Reprodução/The Polaroid Diaries

Figura central da música pop do século 20 e ainda na ativa atraindo multidões onde se apresenta, Paul McCartney completa 80 anos neste sábado, 18 de junho. Chega ao dobro do tempo que John Lennon, seu parceiro nos Beatles, passou na Terra.

(A rigor, Paul terá vivido o dobro exato em relação a John daqui a quatro meses. Lennon tinha 40 anos, um mês e 29 dias de idade quando foi assassinado em 8 de dezembro de 1980. Mas fiquemos apenas nos números redondos, para facilitar.)

Desde que os Beatles explodiram como sucesso mundial em 1964, Paul impressiona pelo comichão de produzir música com uma qualidade melódica rara. Mesmo que às vezes erre o alvo, já que não dá para ser infalível com uma quantidade tão grande de composições feitas para o quarteto e, desde 1970, como artista solo.

Em oito décadas de música e de incontáveis acontecimentos, o interessado em saber mais sobre McCartney não irá conseguir tudo num só volume. Por isso, temos aqui oito livros que cercam vários aspectos da trajetória de “Macca” e ajudam muito a formar um retrato mais aproximado sobre quem ele é.

1 – Paul McCartney: As Letras, por Paul McCartney

Imagem: Divulgação

Publicado no fim do ano passado no exterior e aqui pela editora Belas Letras, é um livro valioso que compila as letras de canções que Paul escreveu desde 1956 (no Brasil, com as traduções para o português) e muitos mimos visuais.

Enchem os olhos fotos particulares, capas e selos de discos e muitas folhas de cadernos, bloquinhos ou soltas com rascunhos manuscritos de versos.

[foo_gallery]

Acaba funcionando como a autobiografia devia há muito tempo. Algo que ele tentou em 1997 com Many Years from Now, mas acabou delegando a autoria ao jornalista Barry Miles – esse livro saiu no Brasil, mas hoje está fora de catálogo.

As Letras não é barato. O livro impresso custa R$ 649 e o e-book é um pouco mais camarada, a R$ 90. Porém, vale muito se você é um McCartneyista (não confundir com macartista).

2 – Paul McCartney: A Biografia, por Philip Norman

Imagem: Divulgação

O jornalista e escritor inglês Norman já tinha publicado livros aclamados sobre os Beatles como grupo (Shout!) e Lennon (John Lennon: A Vida, recém-relançado no Brasil) quando se dedicou à história de McCartney em 2016.

O autor conseguiu a mesma excelência das obras anteriores citadas. Para saber mais sobre Paul especificamente, pode ser melhor que as principais biografias do quarteto – ambas intituladas The Beatles – de Hunter Davies (autorizada e disponível em edição brasileira revista e atualizada) e Bob Spitz (atualmente fora de catálogo por aqui).

O livro de Norman, publicado pela Companhia das Letras, custa R$ 109 (impresso) e R$ 65 (e-book).

3 – Man on the Run: Paul McCartney nos Anos 1970, por Tom Doyle

Imagem: Divulgação

Nem mesmo Macca pode negar que os Beatles foram seu grande feito na vida. Justamente pelo efeito hipnótico que a banda teve sobre o mundo nos anos 1960, é compreensível que Paul se sentisse meio perdido quando a banda se separou oficialmente, em 1970.

Este livro pouco badalado conta bem o que veio nos anos seguintes. Ainda inseguro, Paul inventou de criar uma nova banda, Wings, e demorou a década quase toda para se dar conta de que era besteira manter um monte de assalariados quando era ele quem compunha, cantava e atraía o público.

A parte mais deliciosa é a das gravações do álbum Band on the Run na Nigéria, em 1973. Inclui um estúdio mambembe, hostilidades de músicos locais que achavam que ele tinha vindo roubar os ritmos nigerianos e um assalto a mão armada durante um passeio a pé por ruas que não conhecia.

Man on the Run, da editora LeYa, custa R$ 87 (impresso e e-book).

4 – Here, There and Everywhere. Minha Vida Gravando os Beatles, por Geoff Emerick

Imagem: Divulgação

O livro para quem assistiu o documentário em três episódios Get Back na plataforma Disney+ e se impressionou com Paul criando – com a ajuda empolgada dos outros três Beatles – a música-título no estúdio a partir de quase zero.

O autor é Geoff Emerick (1945-2018), que foi o engenheiro de som (auxiliar do produtor George Martin) fixo dos Beatles a partir de 1966 e trabalhou com eles individualmente depois do fim da banda. Ele relembrou os estalos criativos, as tensões, a vontade de inovar e buscar algo que nunca tinha sido feito antes que a banda demonstrava no estúdio de Abbey Road.

Paul, que Emerick confessa que era com quem ele se dava melhor, é exaltado em seu talento e personalidade positiva. Mas não escapa de ter expostos seus escorregões tirânicos ou momentos frios e calculistas.

A obra saiu no Brasil em 2013 pela Novo Século, mas está fora de catálogo. Compensa procurar em sebos físicos ou digitais.

5 – One Two Three Four: The Beatles in Time, por Craig Brown

Imagem: Divulgação

Esta lista tem de recorrer a livros que não foram publicados em português no Brasil mas são importantes a ponto de obrigar o interessado a melhorar seu inglês. Fundamental e recente, One Two Three Four, do jornalista e satirista inglês Craig Brown, foi o vencedor de 2020 do prestigiado Prêmio Baillie Gifford para livros de não-ficção britânicos – que garantiu 50 mil libras esterlinas na conta do autor.

Mereceu. A obra é uma fascinante colcha de retalhos de “causos” do dia a dia dos Beatles que costumam não caber em outros textos, mas não deixam de ser divertidos e/ou interessantes. E que expõem aspectos das personalidades dos músicos e de quem os cercava. Ou seja, há muitas curiosidades sobre Paul.

Importado, One Two Three Four custa cerca de R$ 250 na versão impressa e cerca de R$ 50 em e-book. Em inglês, é claro.

6 – The Love You Make: An Insider’s Story of the Beatles, por Peter Brown e Steven Gaines

Imagem: Divulgação

Para quem se interessa por um tom mais de fofoca, este é o livro. Peter Brown foi o braço direito de Brian Epstein, o empresário dos Beatles, e fez parte da equipe mais próxima ao grupo até o fim em 1970. Também foi padrinho de casamento de John Lennon e Yoko Ono em 1969– o beatle até citou seu nome na letra de “The Ballad of John and Yoko”.

Em 1982, Brown resolveu organizar suas memórias daqueles dias e teve a ajuda do jornalista americano Steven Gaines para revelar muitos bastidores picantes ou os absurdos financeiros e administrativos da gravadora Apple, fundada pelos Beatles em 1968.

Brown conta como acabou o longo namoro-noivado-quase casamento de McCartney com a atriz inglesa Jane Asher, que chegou à casa do amado para se deparar com outra jovem senhorita britânica que participou de uma aventurazinha sexual com o ídolo da música.

The Love You Make não foi publicado no Brasil. Importado na versão em inglês, custa hoje cerca de R$ 170 (impresso) e R$ 70 (e-book).

Porém, em maio de 1983, a finada revista Manchete publicou em português longos trechos do livro em episódios. O arquivo de edições completas da Manchete pode ser acessado no site da Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional (memoria.bn.br).

7 – Revolution in the Head: The Beatles’ Records and the Sixties, por Ian MacDonald

Imagem: Divulgação

Não só um dos melhores livros sobre Beatles; um dos melhores livros sobre música pop. O crítico inglês MacDonald (1948-2003) disseca cada música lançada pelo quarteto entre 1962 e 1970. De detalhes de gravação a significados de letras, das diferenças de estilo entre Paul e John ao impacto dos discos sobre o público, pouco escapa à análise e pesquisa do autor.

Infelizmente inédito em versão brasileira, Revolution in the Head pode ser comprado em edição importada impressa em inglês a preços em torno de R$ 200. E-book em sites estrangeiros custa Us$ 15,99.

8 – The Polaroid Diaries, por Linda McCartney

Imagem: Divulgação

Este é mais para olhar do que para ler e traz um pouco da intimidade familiar e descontração doméstica de Paul. Reúne fotos instantâneas tiradas com uma câmera Polaroid pela primeira das três esposas do músico, Linda McCartney (1941-1998).

Linda foi fotógrafa profissional por alguns anos antes de se casar com o então beatle em 1969. Diferentemente do que foi espalhado por muito tempo, seu sobrenome de solteira Eastman não tem ligação com a família fundadora do império fotográfico Eastman Kodak.

Imagem: Reprodução/The Polaroid Diaries

Diz a lenda que Linda esteve junto de Paul todos os dias de 1969 até sua morte por câncer. Exceto quando ele passou uns dias na cadeia no Japão em 1980, preso por posse de maconha.

Ela parou de trabalhar como fotógrafa após se tornar a sra. McCartney, mas sempre tinha uma câmera fotográfica por perto. Outro livro com imagens feitas por ela, Life in Photographs, traz Paul na capa e outros retratos dele, bem como outros astros do rock dos anos 1960.

Em edição multilingue da editora alemã Taschen lançada em 2019, custa cerca de R$ 365 (capa dura).

Sair da versão mobile